Título: De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel
Artista: Bibi Ferreira (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 15 de outubro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz até sábado, 16 de outubro de 2010
Quarenta três anos após ter comandado festa que oficializou a abertura do Canecão, em junho de 1967, Bibi Ferreira fecha as portas da mais importante casa de shows do Brasil neste sábado, 16 de outubro de 2010, com a apresentação do show De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel, que estreou na Argentina e transitou esta semana por São Paulo antes de chegar ao palco carioca que foi símbolo de status na era de ouro da MPB formatada nos festivais da década de 60. Aos 88 anos, Bibi cruza com fôlego sons do Brasil, da Argentina e de Portugal em mix que alcança seu ápice no inusitado número final, Ponteio ( Edu Lobo e Capinam), apresentado com a adesão da magnífica orquestra argentina El Arranque, que já tinha entrado em cena na parte final dedicada aos tangos e milongas. É quando o show vira concerto, como disse apropriadamente Bibi em cena. É quando, fazendo aflorar sua forte veia dramática, a intérprete apresenta temas como Por una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo le Pera, 1935) e Esta Noche me Emborracho (Enrique Santos Discépolo, 1928), dois tangos do repertório de Carlos Gardel (1890 - 1935), o célebre cantor argentino alocado no título do show. Mesmo que a voz já não ostente o vigor e o alcance de tempos idos, Bibi passa com brilho não somente por Pixinguinha (1897 - 1973) - através de registro de início recitado de Carinhoso - e Noel Rosa (1910 - 1937), abordado em medley que alinha Último Desejo, Não Tem Tradução, O X do Problema e Conversa de Botequim. A rigor, o show-concerto - no qual Bibi é acompanhada por grupo irretocável de maestros e músicos - monta painel (incompleto) da longa trajetória musical da intérprete em roteiro que agrega números da peça Gota d'Água (Basta um Dia e a música-título, cantadas com dose mais rala de dramaticidade), do musical Piaf - A Vida de uma Estrela da Canção (La Vie en Rose, A Quoi a Ça Sert L’Amour - em desenvolto dueto bilíngue com o empresário Nilson Raman - e Non, Je ne Regrette Rien) e do show Bibi Vive Amália, estreado em 2001 em tributo à cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999). Aliás, a guitarra portuguesa de Victor Lopez - músico convidado do bloco lusitano - evoca a sonoridade e a atmosfera do fado para que Bibi cante, com perfeito sotaque português, Nem às Paredes Confesso, Lisboa Antiga e Ai, Mouraria. Antes, a intérprete aglutina em expressivo pot-pourri sucessos de Sylvia Telles (Foi a Noite), Dolores Duran (Por Causa de Você e Solidão), Maysa (Ouça e Demais, este com andamento progressivamente acelerado) e Francisco Alves (Boa Noite, Amor). Somente artista já acima do bem e do mal, como Bibi, pode encaixar a letra da Canção do Exílio (Gonçalves Dias) na melodia do Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) sem se perder na trilha do exotismo. Bibi pode! Mesmo não estando numa de suas melhores formas (uma distensão na perna atrapalhava sua locomoção e lhe causava dor no joelho, como contou em cena ao público), Bibi Ferreira é show!
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Quarenta três anos após ter comandado festa que oficializou a abertura do Canecão, em junho de 1967, Bibi Ferreira fecha as portas da mais importante casa de shows do Brasil neste sábado, 16 de outubro de 2010, com a apresentação do show De Pixinguinha a Noel, Passando por Gardel, que estreou na Argentina e transitou esta semana por São Paulo antes de chegar ao palco carioca que foi símbolo de status na era de ouro da MPB formatada nos festivais da década de 60. Aos 88 anos, Bibi cruza com fôlego sons do Brasil, da Argentina e de Portugal em mix que alcança seu ápice no inusitado número final, Ponteio ( Edu Lobo e Capinam), apresentado com a adesão da magnífica orquestra argentina El Arranque, que já tinha entrado em cena na parte final dedicada aos tangos e milongas. É quando o show vira concerto, como disse apropriadamente Bibi em cena. É quando, fazendo aflorar sua forte veia dramática, a intérprete apresenta temas como Por una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo le Pera, 1935) e Esta Noche me Emborracho (Enrique Santos Discépolo, 1928), dois tangos do repertório de Carlos Gardel (1890 - 1935), o célebre cantor argentino alocado no título do show. Mesmo que a voz já não ostente o vigor e o alcance de tempos idos, Bibi passa com brilho não somente por Pixinguinha (1897 - 1973) - através de registro de início recitado de Carinhoso - e Noel Rosa (1910 - 1937), abordado em medley que alinha Último Desejo, Não Tem Tradução, O X do Problema e Conversa de Botequim. A rigor, o show-concerto - no qual Bibi é acompanhada por grupo irretocável de maestros e músicos - monta painel (incompleto) da longa trajetória musical da intérprete em roteiro que agrega números da peça Gota d'Água (Basta um Dia e a música-título, cantadas com dose mais rala de dramaticidade), do musical Piaf - A Vida de uma Estrela da Canção (La Vie en Rose, A Quoi a Ça Sert L’Amour - em desenvolto dueto bilíngue com o empresário Nilson Raman - e Non, Je ne Regrette Rien) e do show Bibi Vive Amália, estreado em 2001 em tributo à cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920 - 1999). Aliás, a guitarra portuguesa de Victor Lopez - músico convidado do bloco lusitano - evoca a sonoridade e a atmosfera do fado para que Bibi cante, com perfeito sotaque português, Nem às Paredes Confesso, Lisboa Antiga e Ai, Mouraria. Antes, a intérprete aglutina em expressivo pot-pourri sucessos de Sylvia Telles (Foi a Noite), Dolores Duran (Por Causa de Você e Solidão), Maysa (Ouça e Demais, este com andamento progressivamente acelerado) e Francisco Alves (Boa Noite, Amor). Somente artista já acima do bem e do mal, como Bibi, pode encaixar a letra da Canção do Exílio (Gonçalves Dias) na melodia do Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) sem se perder na trilha do exotismo. Bibi pode! Mesmo não estando numa de suas melhores formas (uma distensão na perna atrapalhava sua locomoção e lhe causava dor no joelho, como contou em cena ao público), Bibi Ferreira é show!
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