Mauro Ferreira no G1

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domingo, 31 de outubro de 2010

Dirigida por Bia Lessa, Vanessa confirma evolução cênica em show climático

Resenha de Show
Título: Bicicletas, bolos e outras alegrias
Artista: Vanessa da Mata (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Guaíra (Curitiba, PR)
Data: 30 de outubro de 2010
Patrocínio: Natura Musical
Cotação: * * * * 1/2
 Agenda da turnê Bicicletas, bolos e outras alegrias:
19 de novembro - Recife (PE) - Teatro da UFPE
20 de novembro - João Pessoa (PB) - 
26 de novembro - Feira de Santana (BA) - Garagem
27 e 28 de novembro - Salvador (BA) - Teatro Castro Alves
10 e 11 de dezembro - São Paulo (SP) - Citibank Hall

 Em seu show anterior, o vibrante Perfumes de Sim (2009), Vanessa da Mata atingiu ponto de maturação em sua trajetória nos palcos - evolução reiterada e consolidada em Bicicletas, bolos e outras alegrias. Sob a direção climática de Bia Lessa, nome recorrente nas fichas técnicas de shows de cantoras como Maria Bethânia e Ana Carolina, Mata apresenta espetáculo sedutor. Valendo-se sobretudo do preto e do branco no cenário e na iluminação (cores também adotadas nos dois figurinos de Wilson Ranieri), Bia Lessa realça luzes, sombras e objetos do cancioneiro regional-cosmopolita da compositora com belos efeitos cênicos que valorizam a interpretação das músicas de um roteiro essencialmente autoral. Já no primeiro número, a balada Amado (Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci), fica nítida a afinação da parceria da cantora com a diretora de teatro. Mata canta Amado sentada em escada alocada no canto esquerdo do cenário - sob a ótica do espectador - e, quando levanta no verso "Quero dançar com você" para bailar românticamente pelo palco, o efeito é muito sedutor. O uso de vídeos e de ilustrações digitais - projetados nos módulos brancos que compõem o cenário - reforça mensagens, sentimentos e ideias do repertório do disco mais inspirado da artista desde sua arrebatadora estreia (Vanessa da Mata, 2002). Sentimentos que passam pelo filtro romântico pop de temas como As palavras (Vanessa da Mata), provável grande hit do álbum Bicicletas, bolos e outras alegrias. A canção se inspira no romantismo de Roberto Carlos, não por acaso autor (com o amigo de fé Erasmo Carlos) da única música do roteiro que não é da lavra de Mata, A distância, balada triste de 1972 que a cantora entoa com emoção, mostrando que as aulas de canto começam a lhe dar segurança (e alguma afinação) para encarar músicas fora de seu universo autoral. E o fato é que, guiada no palco por suas emoções e por suas alegrias, a artista faz crescer em cena com vivacidade até uma música menor do disco, Moro longe (Vanessa da Mata), de tons nortistas. Nesse retrato em branco e preto, as cores surgem de forma esporádica, pontuando o clima festivo de Meu Aniversário (Vanessa da Mata) e também a poética celebração romântica da delicada canção Quando Amanhecer (Vanessa da Mata e Gilberto Gil), por exemplo. Cultivada nesse mesmo tempo da delicadeza que faz Quando amanhecer crescer lindamente em cena, Minha herança: uma flor (Vanessa da Mata) reitera a beleza interiorana em que, em essência, está imersa a música de Mata. Em mix pop de referências do campo e da cidade, o baião tropicalista Bolsa de grife (Vanessa da Mata) - um dos pontos mais altos do disco - denuncia o prazer fugaz e angustiante do consumismo com arranjo que evoca Os Mutantes. Mas a antenada banda capitaneada por Kassin (no baixo e na direção musical) - embora hábil ao transpor para o palco a sonoridade do disco - não cozinha o baião no ponto exato de fervura, talvez porque Kassin não manipule no show sua guitarra incandescente que valoriza o registro fonográfico da música (ainda assim, Bolsa de grife é um dos melhores momentos do show). Já - parceria de Mata com o africano Lokua Kanza, alocada no momento enlutado do roteiro - se confirma em cena como o tema menos inspirado da safra de inéditas de Bicicletas, bolos e outras alegrias. A opção por se livrar do amor que virou peso é reiterada - ainda com algum luto - na sequência que enfileira Boa sorte / Good luck (com o tecladista Donatinho assumindo a parte vocal de Ben Harper, parceiro de Mata no tema) e Longe demais (lado B do primeiro álbum da artista). Contudo, a opção pela vida e a alegria fica explícita em O masoquista e o fugitivo (Vanessa da Mata), simbolizada - inclusive - pelo abandono do figurino preto. De novo vestida de branco, Mata celebra a paz afetiva em O tal casal e em Te Amo, número em que o vento esvoaça o vestido da cantora em outro belo efeito cênico criado por Bia Lessa. Vem, então, o bloco das outras alegrias, no qual figura Fiu fiu. Uma chuva de papel laminado cai então sobre o palco, durante o hit Ai, ai, ai... (Vanessa da Mata e Liminha),  encerrando (esplendidamente) o show mais conceitual e climático de Vanessa da Mata.

11 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em seu show anterior, o vibrante Perfumes de Sim (2009), Vanessa da Mata atingiu ponto de maturação em sua trajetória nos palcos - evolução reiterada e consolidada em Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias. Sob a direção climática de Bia Lessa, nome recorrente nas fichas técnicas de shows de cantoras como Maria Bethânia e Ana Carolina, Mata apresenta espetáculo sedutor. Valendo-se sobretudo do preto e do branco no cenário e na iluminação (cores também adotadas nos dois figurinos de Wilson Ranieri), Bia Lessa realça luzes, sombras e objetos do cancioneiro regional-cosmopolita da compositora com belos efeitos cênicos que valorizam a interpretação das músicas de um roteiro essencialmente autoral. Já no primeiro número, a balada Amado (Vanessa da Mata e Marcelo Jeneci), fica nítida a afinação da parceria da cantora com a diretora de teatro. Mata canta Amado sentada em escada alocada no canto esquerdo do cenário - sob a ótica do espectador - e, quando levanta no verso "Quero dançar com você" para bailar românticamente pelo palco, o efeito é muito sedutor. O uso de vídeos e ilustrações digitais - projetados nos módulos brancos que compõem o cenário - reforça mensagens, sentimentos e ideias do repertório do disco mais inspirado da artista desde sua arrebatadora estreia (Vanessa da Mata, 2002). Sentimentos que passam pelo filtro romântico pop de temas como As Palavras (Vanessa da Mata), provável grande hit do álbum Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias. A canção se inspira no romantismo de Roberto Carlos, não por acaso autor (com o amigo de fé Erasmo Carlos) da única música do roteiro que não é da lavra de Mata, A Distância, balada triste de 1972 que a cantora entoa com emoção, mostrando que as aulas de canto começam a lhe dar segurança (e alguma afinação) para encarar músicas fora de seu universo autoral.

Mauro Ferreira disse...

E o fato é que, guiada no palco por suas emoções e por suas alegrias, a artista faz crescer em cena com vivacidade até uma música menor do disco, Moro Longe (Vanessa da Mata), de tons nortistas. Nesse retrato em branco e preto, as cores surgem de forma esporádica, pontuando o clima festivo de Meu Aniversário (Vanessa da Mata) e a poética celebração romântica da delicada canção Quando Amanhecer (Vanessa da Mata e Gilberto Gil), por exemplo. Cultivada nesse mesmo tempo da delicadeza que faz Quando Amanhecer crescer lindamente em cena, Minha Herança: Uma Flor (Vanessa da Mata) reitera a beleza interiorana em que, em essência, está imersa a música de Mata. Em mix pop de referências do campo e da cidade, o baião tropicalista Bolsa de Grife (Vanessa da Mata) - um dos pontos mais altos do disco - denuncia o prazer fugaz e angustiante do consumismo com arranjo que evoca Os Mutantes. Mas a antenada banda capitaneada por Kassin (no baixo e na direção musical) - embora hábil ao transpor para o palco a sonoridade do disco - não cozinha o baião no ponto exato de fervura, talvez porque Kassin não manipule no show sua guitarra incandescente que valoriza o registro fonográfico da música (ainda assim, Bolsa de Grife é um dos melhores momentos do show). Já Vá - parceria de Mata com o africano Lokua Kanza, alocada no momento enlutado do roteiro - se confirma em cena como o tema menos inspirado da safra de inéditas de Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias. A opção por se livrar do amor que virou peso é reiterada - ainda com algum luto - na sequência que enfileira Boa Sorte/Good Luck (com o tecladista Donatinho assumindo a parte vocal de Ben Harper, parceiro de Mata no tema) e Longe Demais (lado B do primeiro álbum da artista). Contudo, a opção pela vida e a alegria fica explícita em O Masoquista e o Fugitivo (Vanessa da Mata), simbolizada - inclusive - pelo abandono do figurino preto. De novo vestida de branco, Mata celebra a paz afetiva em O Tal Casal e em Te Amo, número em que o vento esvoaça o vestido da cantora em outro belo efeito cênico criado por Bia Lessa. Vem, então, o bloco das outras alegrias, no qual figura Fiu Fiu. Uma chuva de papel laminado cai então sobre o palco em Ai, Ai, Ai... (Vanessa da Mata e Liminha), encerrando esplendidamente o show mais conceitual e climático de Vanessa da Mata.

Anônimo disse...

Vanessa avança mil passos em seu novo disco e turnê. Decididamente a melhor compositora de sua geracão. Entregar a sua já forte presença em cena para uma diretora inspirada como Bia Lessa, confirma a vontade incessante de Vanessa de se aprimorar como artista. Disparado o melhor disco e o melhor show desse ultimo semestre de 2010.

Rhenan Soares disse...

Grande ARTISTA! Louco pra ver o show, pra aplaudir a Vanessa... tanta personalidade, tanta sensibilidade... sou completamente apaixonado! *__*

de Santana disse...

Que esse show chegue logo ao Rio. Simplismente adoro os shows de Vanessa, acho-a uma cantora que mistura um pouco de Bethânia com Clara Nunes, Vanessa é de uma elegância encantadora no palco, o show não fica chato como de Machete e fica tão lindo quanto de Maria Rita!

Denilson Santos disse...

Eu tenho uma simpatia enorme pela Vanessa e gosto das músicas que ela compõe.

Mas tenho muita dificuldade de ouvir as desafinações dela. Provavelmente comprarei o disco, mas dispenso uma ida a esse show.

abração,
Denilson

Luciano disse...

Vanessa é a melhor dessa nova geração. O resto fica em baixo se digladiando. Ela é elegante em tudo. Não se mistura com coisas menores. Cuida da carreira com maestria. Tem minha admiração e respeito. Não existe fofoquinha em torno dela. É estrela de primeira grandeza. O disco é lindo. O figurino impecável.

Estalactites hemorrágicas disse...

Concordo com o Denilson. Vanessa traz uma imagem linda. Melhor compositora? Sei não. Existem várias boas, sem parocínio da Natuta. São os milagres da Santa Mixagem CD. No palco a voz não parece ser da mesma cantora que vc ouviu no aparelho. "Se vc disser que eu desafino" é vero. Toda cantora merecia uma Bia Lessa na direção e na concepção visual. Bia é que nem Gringo Cardia, valem 86% de qualquer espetáculo.

Ricardo Sérgio

Unknown disse...

Bom, gosto é algo muito pessoal, mas concordo com o amigo Luciano. Até pensei em outras compositoras da geração de Vanessa, mas só me vem na cabeça: Marisa M, A Calcanhoto e Ana Carolina, mas estas são mais antigas não podemos comparar com Vanessa e mesmo assim se colocarmos na balança: Marisa além de ser fria, ter uma voz muito cansada, ao vivo que chega a ponto de nem conseguir falar no palco o histórico de composições e sucessos dela são de autoria de outros compositores ou parcerias com Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, nunca consegui vê-la caminhando sozinha.
Adriana Calcanhoto: Gosto mais que Marisa, mas o repertório de composições dela é sempre óbvio demais, sem muitas facetas, no palco ela só consegue ter presença quando incorpora a Partimpim e Adriana também é outra que carrega grandes sucessos de outros autores ou parcerias. Ana Carolina: Esta aí é só gritaria, grandes sucessos de Antonio Villeroy, ou tb canções obvias, porém sempre na mesmice de musicas românticas com amor sofrido regado a violões.
Vanessa?? Bem Vanessa está no segundo disco consecutivo com letras 100% só dela, e convidou apenas dois amigos (Gilberto Gil/Lokua Kanza) para colaborarem com melodia que mesmo assim já estavam prontas. Temas de Vanessa? O mundo a vida... Natureza, Amor resolvido, amor mal resolvido, Protesto contra consumismo desnecessário, crítica contra insatisfação de homens e mulheres ao imporem padrões de beleza, crítica contra pessoa que não quer uma vida melhor, covardia de casais ou pessoa que não consegue assumir uma opção sexual ou seu estilo de vida, brincadeira de infância, crítica a beleza ou padrão de cabelo, etc...
Diante desta análise chego a conclusão que SIM, Vanessa da Mata, vc é uma das ou a melhor compositora de sua geração. E Sim, Vanessa, vc pode continuar dando suas desafinadass, pois assim tenho certeza que estas passando a verdade da canção, melhor desafinar e garantir uma emoção nas canções do que ser fria como Marisa Monte, Berrante como Ana Carolina, paralisada como Adriana Calcanhoto e Mecânica como uma Maria Rita.
Não é por acaso que nossa maior interprete Maria Bethânia, não grava mais nenhum cd sem alguma composição de Da Mata.
Ah... O fato de nomes importantes assinarem os cenários não é garantia de 86% do show, alguém já viu o show N9ve da Ana assinado por Bia? A única beleza está na abertura e na cascata na música “Corredores” o resto é super mal feito, irregular com falhas e sem um acabamento perfeito.
Maria Bethânia e Omara P assinado pelo Gringo tb era muito cansativo com cores fortes que faziam nossos olhares se ofuscarem e não perceber a beleza das cantora.
Sr. Mauro Ferreira, mais uma vez vc acertou em tudo. Parabéns!!!
Será que vc vai deixar isso ser postado???

Unknown disse...

Bom, gosto é algo muito pessoal, mas concordo com o amigo Luciano. Até pensei em outras compositoras da geração de Vanessa, mas só me vem na cabeça: Marisa M, A Calcanhoto e Ana Carolina, mas estas são mais antigas não podemos comparar com Vanessa e mesmo assim se colocarmos na balança: Marisa além de ser fria, ter uma voz muito cansada, ao vivo que chega a ponto de nem conseguir falar no palco o histórico de composições e sucessos dela são de autoria de outros compositores ou parcerias com Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, nunca consegui vê-la caminhando sozinha.
Adriana Calcanhoto: Gosto mais que Marisa, mas o repertório de composições dela é sempre óbvio demais, sem muitas facetas, no palco ela só consegue ter presença quando incorpora a Partimpim e Adriana também é outra que carrega grandes sucessos de outros autores ou parcerias. Ana Carolina: Esta aí é só gritaria, grandes sucessos de Antonio Villeroy, ou tb canções obvias, porém sempre na mesmice de musicas românticas com amor sofrido regado a violões.
Vanessa?? Bem Vanessa está no segundo disco consecutivo com letras 100% só dela, e convidou apenas dois amigos (Gilberto Gil/Lokua Kanza) para colaborarem com melodia que mesmo assim já estavam prontas. Temas de Vanessa? O mundo a vida... Natureza, Amor resolvido, amor mal resolvido, Protesto contra consumismo desnecessário, crítica contra insatisfação de homens e mulheres ao imporem padrões de beleza, crítica contra pessoa que não quer uma vida melhor, covardia de casais ou pessoa que não consegue assumir uma opção sexual ou seu estilo de vida, brincadeira de infância, crítica a beleza ou padrão de cabelo, etc...
Diante desta análise chego a conclusão que SIM, Vanessa da Mata, vc é uma das ou a melhor compositora de sua geração. E Sim, Vanessa, vc pode continuar dando suas desafinadass, pois assim tenho certeza que estas passando a verdade da canção, melhor desafinar e garantir uma emoção nas canções do que ser fria como Marisa Monte, Berrante como Ana Carolina, paralisada como Adriana Calcanhoto e Mecânica como uma Maria Rita.
Não é por acaso que nossa maior interprete Maria Bethânia, não grava mais nenhum cd sem alguma composição de Da Mata.
Ah... O fato de nomes importantes assinarem os cenários não é garantia de 86% do show, alguém já viu o show N9ve da Ana assinado por Bia? A única beleza está na abertura e na cascata na música “Corredores” o resto é super mal feito, irregular com falhas e sem um acabamento perfeito.
Maria Bethânia e Omara P assinado pelo Gringo tb era muito cansativo com cores fortes que faziam nossos olhares se ofuscarem e não perceber a beleza das cantora.
Sr. Mauro Ferreira, mais uma vez vc acertou em tudo. Parabéns!!!
Será que vc vai deixar isso ser postado???

Passe vôlei disse...

Marisa fria? Adriana repetitiva? O fato de gostar dessa ou daquela cantora não faz com que seja necessário desmerecer o trabalho das outras..Não estamos falando de uma competição, acredito que elas não estejam almejando o lugar mais alto no pódio. Apenas uma questão de gosto pessoal..Voz cansada? Santa bobagem...Andar sozinha? Com as proprias pernas? Parece bem claro que Marisa dita o proprio caminho, só é bem inteligente e sabe muito bem quem deve lhe fazer companhia...Quando ao cd de Vanessa, mesmo sendo uma muito próximo do som do último gostei de algumas musicas, tipo de disco que necessita de um tempo para agradar ainda mais aos ouvidos...