Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pop sentimental de Sanz ganha peso em cena sem perder a aura 'kitsch'

Resenha de Show
Título: Paraíso Tour

Artista: Alejandro Sanz (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 17 de outubro de 2010
Cotação: * * *
Show em cartaz no Credicard Hall - em São Paulo (SP) - em 20 de outubro de 2010

O pop sentimental de Alejandro Sanz está longe de merecer o céu, mas a Paraíso Tour do astro espanhol - um dos ícones do pop latino de língua hispânica - ganha peso roqueiro em cena, em sintonia com o álbum que a inspirou, Paraíso Express (2009), trabalho em que Sanz flerta com o pop rock. Já no primeiro número do show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) em 17 de outubro de 2010, My Peter Punk, fica nítido o tom eventuamente heavy dos arranjos. Mas a plateia carioca de Sanz - que reencontrou o artista seis anos depois da apresentação do cantor no mesmo Citibank Hal (RJ) que abrigou a Paraíso Tour na noite de domingo - pareceu menos interessada no som do que no cantor, cuja estampa de galã ainda mobiliza o público feminino e parte da tribo GLS. Contudo, o coro kitsch que adornou músicas como Viviendo Deprisa - a terceira do roteiro carioca, apresentada após Lo que Fui Es lo que Soy - deixou nitído logo no início do show que toda a força do aparato instrumental não encobre a natureza adocicada do pop convencional de Sanz. O cantor é simpático, o show tem pegada e o simples revival do hit Corazón Partío - alocado já no quinto número do coeso roteiro e temperado com molho de salsa no alongado final - seria suficiente para incendiar a plateia por conta do refrão sedutor. Mas o que se viu e ouviu em cena foi um punhado de baladas, como Cuando Nadie me Ve, turbinadas com sonoridade heavy típica de bandas de rock. Um aparato quase sempre dispensável, pois uma canção levada com violões, caso de Yo Hice Llorar Hasta a Los Angeles, pareceu surtir até mais efeito em público habituado a sons bem mais amenos. Entre dueto harmonioso com Daniela Mercury (em Desde Cuando, canção de refrão ganchudo lançada por Sanz no álbum Paraíso Express) e uma série de baladas tristonhas e comuns no pop romântico latino (casos de Quisiera SerLola Soledad), Sanz flertou com o pop reggae em Mala, reviveu seu hit No Es Lo Mismo, convocou uma das duas vocalistas para defender a parte de Alicia Keys em Looking for Paradise e surpreendeu para valer no bis quando, sozinho ao piano, cantou Sozinho (a canção de Peninha lançada por Sandra de Sá em 1996 e regravada com retumbante sucesso por Caetano Veloso em 1998) com português bem desenvolto, em registro intimista. No fim, um medley uniu temas como Mi Soledad y Yo, Amiga Mía e Y si Fuera Ella, deixando a sensação de que o simpático Alejandro cumpriu bem a missão de entreter suas fãs cariocas.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

O pop sentimental de Alejandro Sanz está longe de merecer o céu, mas a Paraíso Tour do astro espanhol - um dos ícones do pop latino de língua hispânica - ganha peso roqueiro em cena, em sintonia com o álbum que a inspirou, Paraíso Express (2009), trabalho em que Sanz flerta com o pop rock. Já no primeiro número do show que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) em 17 de outubro de 2010, My Peter Punk, fica nítido o tom eventuamente heavy dos arranjos. Mas a plateia carioca de Sanz - que reencontrou o artista seis anos depois da apresentação do cantor no mesmo Citibank Hal (RJ) que abrigou a Paraíso Tour na noite de domingo - pareceu menos interessada no som do que no cantor, cuja estampa de galã ainda mobiliza o público feminino e parte da tribo GLS. Contudo, o coro kitsch que adornou músicas como Viviendo Deprisa - a terceira do roteiro carioca, apresentada após Lo que Fui Es lo que Soy - deixou nitído logo no início do show que toda a força do aparato instrumental não encobre a natureza adocicada do pop convencional de Sanz. O cantor é simpático, o show tem pegada e o simples revival do hit Corazón Partío - alocado já no quinto número do coeso roteiro e temperado com molho de salsa no alongado final - seria suficiente para incendiar a plateia por conta do refrão sedutor. Mas o que se viu e ouviu em cena foi um punhado de baladas, como Cuando Nadie me Ve, turbinadas com sonoridade heavy típica de bandas de rock. Um aparato quase sempre dispensável, pois uma canção levada com violões, caso de Yo Hice Llorar Hasta a Los Angeles, pareceu surtir até mais efeito em público habituado a sons bem mais amenos. Entre dueto harmonioso com Daniela Mercury (em Desde Cuando, canção de refrão ganchudo lançada por Sanz no álbum Paraíso Express) e uma série de baladas tristonhas e comuns no pop romântico latino (casos de Quisiera Ser e Lola Soledad), Sanz flertou com o pop reggae em Mala, reviveu seu hit No Es Lo Mismo, convocou uma das duas vocalistas para defender a parte de Alicia Keys em Looking for Paradise e surpreendeu para valer no bis quando, sozinho ao piano, cantou Sozinho (a canção de Peninha lançada por Sandra de Sá em 1996 e regravada com retumbante sucesso por Caetano Veloso em 1998) com português bem desenvolto, em registro intimista. No fim, um medley uniu temas como Mi Soledad y Yo, Amiga Mía e Y si Fuera Ella, deixando a sensação de que o simpático Alejandro cumpriu bem a missão de entreter suas fãs cariocas.