Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

'4Loas' mostra que o suingue particular de Ribas extrapola o samba-rock

Resenha de CD
Título: 4Loas
Artista: Marku Ribas
Gravadora: + Brasil Música / Tratore
Cotação: * * * *

Projetado no circuito alternativo dos anos 70, no embalo da onda black que jogou nomes como Tim Maia (1942 - 1998) e Hyldon na linha de frente do mercado fonográfico, Marku Ribas foi logo enquadrado no universo então ascendente do samba-rock. Contudo, o som suingante de Ribas extrapola o samba-rock, como mostra 4Loas, álbum gravado pelo cantor, compositor e violonista mineiro no Ultra Estúdio, em Belo Horizonte (MG), entre janeiro e fevereiro deste ano de 2010. Para quem parou de ter contato com a obra de Ribas após a década de 70, o impacto provocado por 4Loas pode ser grande. E somente não é maior porque, ao gravar seu primeiro DVD em 2007, o artista recusou o habitual tom revisionista dos registros ao vivo de shows e inseriu dez inéditas no roteiro. Seis delas - Altas Horas, A Embaixatriz, Daomé, Ce Pas Pour Ça, Querobem Querubim e Aristoporindé - figuram entre as onze músicas gravadas neste disco produzido pelo próprio Ribas. Partindo do samba, ritmo dominante em temas como Aurora da Revolução e Daomé, o compositor exercita seu suingue com pitadas de rock, bossa, jazz, funk, soul e música africana. A influência jazzística é especialmente perceptível nas passagens instrumentais de Altas Horas. Já O Mar Não Tem Cabelo evidencia a intimidade de Ribas com o funk dos anos 70. Se Doce Vida dialoga com o universo da Bossa Nova, Berverly Help indica a fonte onde beberam nomes como Ed Motta. Hoje com 63 anos, Marku Ribas já ultrapassa 40 anos de carreira com fidelidade absoluta ao seu particular universo musical. 4Loas, a rigor, está em sintonia com o som de álbuns como Underground (1972) e Marku (1975). E, por isso mesmo, o CD não tem cacife para tirar o artista do underground ao qual são confinados todos os artistas que não aceitam embranquecer, aos poucos, sua  black music.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Projetado no circuito alternativo dos anos 70, no embalo da onda black que jogou nomes como Tim Maia (1942 - 1998) e Hyldon na linha de frente do mercado fonográfico, Marku Ribas foi logo enquadrado no universo então ascendente do samba-rock. Contudo, o som suingante de Ribas extrapola o samba-rock, como mostra 4Loas, álbum gravado pelo cantor, compositor e violonista mineiro no Ultra Estúdio, em Belo Horizonte (MG), entre janeiro e fevereiro deste ano de 2010. Para quem parou de ter contato com a obra de Ribas após a década de 70, o impacto provocado por 4Loas pode ser grande. E somente não é maior porque, ao gravar seu primeiro DVD em 2007, o artista recusou o habitual tom revisionista dos registros ao vivo de shows e inseriu dez inéditas no roteiro. Seis delas - Altas Horas, A Embaixatriz, Daomé, Ce Pas Pour Ça, Querobem Querubim e Aristoporindé - figuram entre as onze músicas gravadas neste disco produzido pelo próprio Ribas. Partindo do samba, ritmo dominante em temas como Aurora da Revolução e Daomé, o compositor exercita seu suingue com pitadas de rock, bossa, jazz, funk, soul e música africana. A influência jazzística é especialmente perceptível nas passagens instrumentais de Altas Horas. Já O Mar Não Tem Cabelo evidencia a intimidade de Ribas com o funk dos anos 70. Se Doce Vida dialoga com o universo da Bossa Nova, Berverly Help indica a fonte onde beberam nomes como Ed Motta. Hoje com 63 anos, Marku Ribas já ultrapassa 40 anos de carreira com fidelidade absoluta ao seu particular universo musical. 4Loas, a rigor, está em sintonia com o som de álbuns como Underground (1972) e Marku (1975). E, por isso mesmo, o CD não tem cacife para tirar o artista do underground ao qual são confinados todos os artistas que não aceitam embranquecer, aos poucos, sua black music.