Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

'Adobró' dá tom globalizado ao baticum miscigenado de Carlinhos Brown

Resenha de CD
Título: Adobró
Artista: Carlinhos Brown
Gravadora: Candyall Music / Sony Music
Cotação: * * * 1/2

A despeito de estar sendo promovido com Tantinho, balada romântica que celebra o amor e que poderia figurar no repertório de Diminuto (o outro álbum lançado simultaneamente por Carlinhos Brown com patrocínio do projeto Natura Musical), Adobró é disco de forte sotaque percussivo e eletrônico que exibe o já globalizado baticum do tribalista. Produzido pelo próprio Brown (com colaborações adicionais do baiano Mikael Mutti, do argentino Nicolas Guerrieri e do norte-americano Carl Golembeski), Adobró não é surpreendente como Diminuto e tampouco exibe safra de inéditas autorais tão coesa, mas extrapola fronteiras rítmicas ao mesmo tempo em que reforça a identidade do artista na ponte África-Bahia que sustenta a irresistível Odô Amin - saudação a mestres baianos do ritmo como Neguinho do Samba (1955 - 2009), criador do samba-reggae - e a vinheta percussiva que abre e batiza Adobró. Se Bahioka Funk (parceria de Brown com o funkeiro Mr. Catra) une o batidão carioca ao baticum baiano, Terra Viva desencava as raízes orientais da música nordestina. Nesse mix globalizado, Carlito Marrón convoca o cineasta espanhol Fernando Trueba para declamar texto do brasileiro Carlos Rennó na balada pop Desde, assinada por Brown com Alain Tavares e o próprio Rennó. O romantismo da balada Amor Tomorrow - expressado no idioma particular de Brown que junta palavras em português e em inglês - aproxima Adobró de Diminuto, assim como a convocação do trio Paralamas do Sucesso para tocar no reggae Yahará, faixa em que Brown assume também as guitarras para saudar Yemanjá. No fim, a festiva Tastatá usa e abusa dos beats eletrônicos - sem dispensar o arsenal percussivo que sustenta Adobró - enquanto Earth Mother Water (tema de Brown e Alain Tavares) tenta despertar, sem muita inspiração, a consciência ambiental do ouvinte deste álbum globalizado e miscigenado como o artista de baianidade nagô que o gerou.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

A despeito de estar sendo promovido com Tantinho, balada romântica que celebra o amor e que poderia figurar no repertório de Diminuto (o outro álbum lançado simultaneamente por Carlinhos Brown com patrocínio do projeto Natura Musical), Adobró é disco de forte sotaque percussivo e eletrônico que exibe o já globalizado baticum do tribalista. Produzido pelo próprio Brown (com colaborações adicionais do baiano Mikael Mutti, do argentino Nicolas Guerrieri e do norte-americano Carl Golembeski), Adobró não é surpreendente como Diminuto e tampouco exibe safra de inéditas autorais tão coesa, mas extrapola fronteiras rítmicas ao mesmo tempo em que reforça a identidade do artista na ponte África-Bahia que sustenta a irresistível Odô Amin - saudação a mestres baianos do ritmo como Neguinho do Samba (1955 - 2009), criador do samba-reggae - e a vinheta percussiva que abre e batiza Adobró. Se Bahioka Funk (parceria de Brown com o funkeiro Mr. Catra) une o batidão carioca ao baticum baiano, Terra Viva desencava as raízes orientais da música nordestina. Nesse mix globalizado, Carlito Marrón convoca o cineasta espanhol Fernando Trueba para declamar texto do brasileiro Carlos Rennó na balada pop Desde, assinada por Brown com Alain Tavares e o próprio Rennó. O romantismo da balada Amor Tomorrow - expressado no idioma particular de Brown que junta palavras em português e em inglês - aproxima Adobró de Diminuto, assim como a convocação do trio Paralamas do Sucesso para tocar no reggae Yahará, faixa em que Brown assume também as guitarras para saudar Yemanjá. No fim, a festiva Tastatá usa e abusa dos beats eletrônicos - sem dispensar o arsenal percussivo que sustenta Adobró - enquanto Earth Mother Water (tema de Brown e Alain Tavares) tenta despertar, sem muita inspiração, a consciência ambiental do ouvinte deste álbum globalizado e miscigenado como o artista de baianidade nagô que o gerou.

Tony Daniel disse...

Olá Mauro Ferreira. Parabéns pelos textos nesse blog.
Sou Tony Daniel e gostaria de lhe apresentar algo novo e criativo. Procurei outros contatos seus, mas não encontrei. Por isso te escrevo por aqui.
www.ripaxote.com.br - entre por favor. Você irá se deparar com a minha sonoridade.
meus contatos: tony_daniel91@hotmail.com
(11) 7639 1355 - @ttonydaniel
Obrigado ! Seu fã
Tony Daniel

Gill Sampaio Ominirò disse...

Gênio! Sei que soa exagero, mas adoro Brown, sua história pela música popular e sua história internacional, salvando do limbo sanguessugas musicais. Gênio que sempre foi explorado, no pior sentido da palavra, pelos artistas com quem trabalhou, ao menos a maioria deles.
Quando ouço Alfagabetizado, minha alma dança, sinto-me o afro-brasileiro mais branco ou o branco mais afro-brasileiro possível. A Timbala me anima, redime a Bahia do expectro de sua política imunda. Não vejo a hora de ouvir seus novos discos. Brown é mais que nenhum outro a cara e avoz da Bahia.