Título: Tulipa Negra
Artista: Elza Soares (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de novembro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz até 20 de novembro de 2010, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ)
A pretexto de celebrar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, Elza Soares criou (mais) um novo show, Tulipa Negra, para estrear no Teatro Rival, casa carioca que costuma abrigar as apresentações da cantora. A produção não é pequena. Elza entra em cena na companhia de big-band que, entre músicos e vocalistas, totaliza 13 integrantes liderados pelo maestro e violonista João de Aquino, diretor musical de show que prioriza no roteiro músicas de compositores negros. Como outros shows recentes da cantora, Tulipa Negra peca pelo excesso, perceptível já nos vocais que introduzem o primeiro número, Pérola Negra (Luiz Melodia), nos redundantes discursos sobre o preconceito racial do Brasil, nos generosos elogios aos cantores e músicos que duetam com Elza e, sobretudo, na longa e enfadonha apresentação da big-band, feita ao som dos saravás do Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes). Contudo, apesar dos excessos, floresce a bossa negra de Elza, ainda em ótima forma vocal. A mulata mostra que ainda é a tal quanto entorta Preconceito (Wilson Batista e Marino Pinto), quando põe suingue em Antonico (Ismael Silva), quando modula a voz nos andamentos alternados de Escurinho (Geraldo Pereira) - em registro quase a capella adornado pelo violão de Aquino - e quando celebra a bossa premonitória de Johnny Alf (1929 - 2010) em abordagem sedutora de Ilusão à Toa, incrementada com um solo de trompete de Eduardo Santana que remete ao sons do trompetista de jazz Chet Baker (1929 - 1988). Do time de solistas convidados a fazer participação especial no show, somente a cantora Roberta Espinosa chegou de fato a impressionar com arrasadora interpretação de Fadas (Luiz Melodia) que rivalizou com a de Elza e gerou aplausos espontâneos da plateia. Mas Elza se mostra realmente única em cena, disparando Tiro de Misericórdia (João Bosco e Aldir Blanc) com o mesmo impacto com que desfere - cortante e com o microfone afastado - os versos decididos de Opinião (Zé Kéti). Em tom menos denso, o poeta Dênis Rubra diz texto que celebra o maestro Moacir Santos (1926 - 2006), pretexto para Elza dar o costumeiro show de suingue em Nanã, entoada como se a cantora incorporasse preta velha. É por conta da bossa do canto valente da artista que o show Tulipa Negra desabrocha, apesar dos excessos...
4 comentários:
A pretexto de celebrar o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, Elza Soares criou (mais) um novo show, Tulipa Negra, para estrear no Teatro Rival, casa carioca que costuma abrigar as apresentações da cantora. A produção não é pequena. Elza entra em cena na companhia de big-band que, entre músicos e vocalistas, totaliza 13 integrantes liderados pelo maestro e violonista João de Aquino, diretor musical de show que prioriza no roteiro músicas de compositores negros. Como outros shows recentes da cantora, Tulipa Negra peca pelo excesso, perceptível já nos vocais que introduzem o primeiro número, Pérola Negra (Luiz Melodia), nos redundantes discursos sobre o preconceito racial do Brasil, nos generosos elogios aos cantores e músicos que duetam com Elza e, sobretudo, na longa e enfadonha apresentação da big-band, feita ao som dos saravás do Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes). Contudo, apesar dos excessos, floresce a bossa negra de Elza, ainda em ótima forma vocal. A mulata mostra que ainda é a tal quanto entorta Preconceito (Wilson Batista e Marino Pinto), quando põe suingue em Antonico (Ismael Silva), quando modula a voz nos andamentos alternados de Escurinho (Geraldo Pereira) - em registro quase a capella adornado pelo violão de Aquino - e quando celebra a bossa premonitória de Johnny Alf (1929 - 2010) em abordagem sedutora de Ilusão à Toa, incrementada com um solo de trompete de Eduardo Santana que remete ao sons do trompetista de jazz Chet Baker (1929 - 1988). Do time de solistas convidados a fazer participação especial no show, somente a cantora Roberta Espinosa chegou de fato a impressionar com arrasadora interpretação de Fadas (Luiz Melodia) que rivalizou com a de Elza e gerou aplausos espontâneos da plateia. Mas Elza se mostra realmente única em cena, disparando Tiro de Misericórdia (João Bosco e Aldir Blanc) com o mesmo impacto com que desfere - cortante e com o microfone afastado - os versos decididos de Opinião (Zé Kéti). Em tom menos denso, o poeta Dênis Rubra diz texto que celebra o maestro Moacir Santos (1926 - 2006), pretexto para Elza dar o costumeiro show de suingue em Nanã, entoada como se a cantora incorporasse preta velha. É por conta da bossa do canto valente da artista que o show Tulipa Negra desabrocha, apesar dos excessos...
Mauro,
Está em prevenda o Box Tim Maia Universal. Você fará alguma resenha sobre esta caixa?
Sim, Claudio, quando a caixa sair, ela será resenhada, claro. Abs, MauroF
Gostei do cantor João. Achei que impressionou mais que a Roberta que pareceu ter levado platéia própria.
Elza é a cara do excesso. Pedir menos parece redundante porque assim sempre o será. Ou não?
Contudo realmente desnecessário o coro dos backing-vocals: " Elza é uma pérola negra" no início. De fato, enfadonho. "nhên-nhên-nhên" hehehe.
Impagável o " Tem pobre ligando pra mim" - Eu sou rica!". hahaha. Que espirituosa, moderna, expontânea. Realmente gostei.
Opinião, Antonico, Fadas, Nanã, Pelo telefone. Incríveis.Belo repertório e muito bem adornadas com a impressionante voz da Elza.
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