Mauro Ferreira no G1

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sábado, 27 de novembro de 2010

Cauby canta Sinatra à sua maneira já suave em registro ao vivo de show

Resenha de CD e DVD
Título: Cauby Sings Sinatra
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music / Cultura Marcas
Cotação: * * *

"Pensavam que eu imitava Sinatra. Nunca imitei Sinatra, não. Cantava Sinatra à minha maneira", pondera Cauby Peixoto, diante do público que lotou o Teatro Fecap, em São Paulo (SP), na noite de 2 de maio de 2010, para assistir ao show gravado ao vivo na data para gerar o CD e DVD Cauby Sings Sinatra, ora postos nas lojas pela gravadora Lua Music neste mês de novembro de 2010. Sim, Cauby canta o repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998) à sua maneira. E é em his way que o cantor brasileiro - um das vozes remanescentes da era de ouro do rádio - revive em inglês 15 temas do repertório de Sinatra 15 anos após ter abordado esse cancioneiro em duetos com astros da MPB em disco (Cauby Canta Sinatra, 1995) pautado por desconfortáveis versões em português de canções propagadas pela Voz, referência máxima de canto masculino nos Estados Unidos dos anos 40 aos 70. Aos 79 anos, Cauby já não tem a voz de 50 ou mesmo de 15 anos atrás e, por isso mesmo, acerta ao baixar os tons e evitar as exacerbações vocais de outrora quando entoa - com providencial leveza - temas como I've Got You Under my Skin (Cole Porter), Strangers in the Night (Bert Kaempfert, Charles Singleton e Eddie Snyder) e All the Way (Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen). Em All the Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II), a banda meramente correta esboça um clima de Bossa Nova que fica mais nítido, sete números depois, na versão em inglês de Triste (Tom Jobim), único número ausente do CD que reúne 14 das 15 músicas do roteiro urdido pelo produtor Thiago Marques Luiz com ênfase quase absoluta nos clássicos mundiais de Sinatra (a exceção é The  World We Knew, tema menos batido de Bert Kaempfert, Herb Rehbein e Carl Sigmon). E o fato é que Cauby sings Sinatra sem nunca perder a dignidade. Sentado, como canta Moon River (Johnny Mercer e Henry Mancini), ou de pé diante do piano de Keco Brandão, convidado e arranjador de Laura (Johnny Mercer e David Raksin), Cauby provoca o respeito do ouvinte / espectador. Afinal, está ali no palco do Teatro Fecap - com bravura - um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, dono de uma voz ímpar que evoca reminiscências de tempos áureos quando passeia, ainda segura e aveludada, por joias do quilate de Fly me to the Moon (Bart Howard), Night and Day (Cole Porter) e Something (George Harrison), pretexto para o respeitável crooner lembrar ao público que, em his way, Sinatra também cantou Beatles. Nenhuma das 15 interpretações resulta definitiva ou digna de figurar numa antologia de Cauby. Mas todas reiteram a personalidade desse bravo cantor que permanece em contínua atividade na música brasileira desde os anos 40. Quando o registro ao vivo do show vai se aproximando do fim, com My Way (em registro de início minimalista que vai ganhando intensidade vocal) e com o habitualmente apoteótico Theme from New York New York (Fred Ebb e John Kander), a grandeza da figura já mítica do cantor faz com que o espectador / ouvinte tenha ímpeto de gritar, como nos áureos tempos da Rádio Nacional, "Cauby! Cauby!!". 

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

"Pensavam que eu imitava Sinatra. Nunca imitei Sinatra, não. Cantava Sinatra à minha maneira", pondera Cauby Peixoto, diante do público que lotou o Teatro Fecap, em São Paulo (SP), na noite de 2 de maio de 2010, para assistir ao show gravado ao vivo na data para gerar o CD e DVD Cauby Sings Sinatra, ora postos nas lojas pela gravadora Lua Music neste mês de novembro de 2010. Sim, Cauby canta o repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998) à sua maneira. E é em his way que o cantor brasileiro - um das vozes remanescentes da era de ouro do rádio - revive em inglês 15 temas do repertório de Sinatra 15 anos após ter abordado esse cancioneiro em duetos com astros da MPB em disco (Cauby Canta Sinatra, 1995) pautado por desconfortáveis versões em português de canções propagadas pela Voz, referência máxima de canto masculino nos Estados Unidos dos anos 40 aos 70. Aos 79 anos, Cauby já não tem a voz de 50 ou mesmo de 15 anos atrás e, por isso mesmo, acerta ao baixar os tons e evitar as exacerbações vocais de outrora quando entoa - com providencial leveza - temas como I've Got You Under my Skin (Cole Porter), Strangers in the Night (Bert Kaempfert, Charles Singleton e Eddie Snyder) e All the Way (Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen). Em All the Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II), a banda meramente correta esboça um clima de Bossa Nova que fica mais nítido, sete números depois, na versão em inglês de Triste (Tom Jobim), único número ausente do CD que reúne 14 das 15 músicas do roteiro urdido pelo produtor Thiago Marques Luiz com ênfase quase absoluta nos clássicos mundiais de Sinatra (a exceção é The World We Knew, tema menos batido de Bert Kaempfert, Herb Rehbein e Carl Sigmon). E o fato é que Cauby sings Sinatra sem nunca perder a dignidade. Sentado, como canta Moon River (Johnny Mercer e Henry Mancini), ou de pé diante do piano de Keco Brandão, convidado e arranjador de Laura (Johnny Mercer e David Raksin), Cauby provoca o respeito do ouvinte / espectador. Afinal, está ali no palco do Teatro Fecap - com bravura - um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, dono de uma voz ímpar que evoca reminiscências de tempos áureos quando passeia, ainda segura e aveludada, por joias do quilate de Fly me to the Moon (Bart Howard), Night and Day (Cole Porter) e Something (George Harrison), pretexto para o respeitável crooner lembrar ao público que, em his way, Sinatra também cantou Beatles. Nenhuma das 15 interpretações resulta definitiva ou digna de figurar numa antologia de Cauby. Mas todas reiteram a personalidade desse bravo cantor que permanece em contínua atividade na música brasileira desde os anos 40. Quando o registro ao vivo do show vai se aproximando do fim, com My Way (em registro de início minimalista que vai ganhando intensidade vocal) e com o habitualmente apoteótico Theme from New York New York (Fred Ebb e John Kander), a grandeza da figura já mítica do cantor faz com que o espectador / ouvinte tenha ímpeto de gritar, como nos áureos tempos da Rádio Nacional, "Cauby! Cauby!!".

Fabio disse...

Mauro,
Eu não preciso ser fã de Cauby pra concluir que ele é o maior cantor do país, há mais de 50 anos.
Agora...não compreendi sua cotação de apenas 3 estrelas para essa resenha, porque afinal de contas não há nada que faça com que duas outras estrelinhas caiam.
Nem na performance de Cauby, nem na sua resenha.
Um forte abraço