Mauro Ferreira no G1

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sábado, 27 de novembro de 2010

LiberTango cruza Gardel e Piazzolla com propriedade no álbum 'Porteño'

Resenha de CD
Título: Porteño
Artista: LiberTango
Gravadora: Delira Música
Cotação: * * * 1/2

Quarteto carioca que incursiona pelo mais tradicional ritmo da Argentina, LiberTango debutou no mercado fonográfico em 2005 com A música de Astor Piazzolla, belo álbum em que abordou parte da obra do compositor e bandeonista de Mar del Plata que expandiu o universo do tango. Por já ter quase esgotado o repertório de Astor Piazzolla (1921 - 1992), o LiberTango se aventura a cruzar a obra do autor de Adiós Nonino com o cancioneiro de Carlos Gardel (1890 - 1935), cantor e compositor francês que migrou aos dois anos para a Argentina e lá construiu obra de alma porteña como a de Piazzolla. Por isso, Porteño é o título do terceiro disco do LiberTango. “Nem Gardel nem Piazzolla eram de Buenos Aires, mas adotaram aquela estética por toda a vida", explica Marcelo Caldi, acordeonista do quarteto que inclui Alexandre Caldi nos sopros, Estela Caldi no piano e Marcelo Rodolfo nos vocais. O canto de Rodolfo, aliás, parece ter alma porteña que se ajusta com perfeição a temas como Por Una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera). Até mesmo um clássico já tão batido como El Día que me Quieras (Carlos Gardel, Alfredo Le Pera e Juan Carlos Calderon) seduz na voz de Rodolfo, embora o grupo pudesse ter explorado com menos obviedade o vasto repertório composto por Gardel com o brasileiro Alfredo Le Pera - de quem o quarteto revive também o popular tango Volver. Sucessor de Cierra Tus Ojos y Escucha (2008), Porteño apresenta  novo rebuscado arranjo para Adiós Nonino - em que sobressai o piano de Estela Caldi no registro que não supera a sublime abordagem do tema feita pelo LiberTango em seu primeiro disco - e conta com intervenções do violinista francês (radicado no Rio de Janeiro) Nicolas Krassik (em Verano Porteño, um dos quatro movimentos da suíte Las Cuatro Estaciones Porteñas, de Piazzolla) e do violonista Yamandú Costa. Por ter convivido desde sempre com milongas, habaneras e vanerões (ritmos argentinos aprendidos nos Pampas, onde nasceu), o gaúchoYamandú se revela à vontade ao pôr seu violão em Mano a Mano (Carlos Gardel, José Razzano e Celedonio Flores), uma das faixas cantadas com propriedade por Marcelo Rodolfo. Enfim, guardadas as devidas diferenças de estilo, Gardel e Piazzolla foram hermanos na música - irmandade exposta com classe pelo grupo LiberTango neste coerente álbum Porteño.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Quarteto carioca que incursiona pelo mais tradicional ritmo da Argentina, LiberTango debutou no mercado fonográfico em 2005 com A música de Astor Piazzolla, belo álbum em que abordou parte da obra do compositor e bandeonista de Mar del Plata que expandiu o universo do tango. Por já ter quase esgotado o repertório de Astor Piazzolla (1921 - 1992), o LiberTango se aventura a cruzar a obra do autor de Adiós Nonino com o cancioneiro de Carlos Gardel (1890 - 1935), cantor e compositor francês que migrou aos dois anos para a Argentina e lá construiu obra de alma porteña como a de Piazzolla. Por isso, Porteño é o título do terceiro disco do LiberTango. “Nem Gardel nem Piazzolla eram de Buenos Aires, mas adotaram aquela estética por toda a vida", explica Marcelo Caldi, acordeonista do quarteto que inclui Alexandre Caldi nos sopros, Estela Caldi no piano e Marcelo Rodolfo nos vocais. O canto de Rodolfo, aliás, parece ter alma porteña que se ajusta com perfeição a temas como Por Una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera). Até mesmo um clássico já tão batido como El Día que me Quieras (Carlos Gardel, Alfredo Le Pera e Juan Carlos Calderon) seduz na voz de Rodolfo, embora o grupo pudesse ter explorado com menos obviedade o vasto repertório composto por Gardel com o brasileiro Alfredo Le Pera - de quem o quarteto revive também o popular tango Volver. Sucessor de Cierra Tus Ojos y Escucha (2008), Porteño apresenta novo rebuscado arranjo para Adiós Nonino - em que sobressai o piano de Estela Caldi no registro que não supera a sublime abordagem do tema feita pelo LiberTango em seu primeiro disco - e conta com intervenções do violinista francês (radicado no Rio de Janeiro) Nicolas Krassik (em Verano Porteño, um dos quatro movimentos da suíte Las Cuatro Estaciones Porteñas, de Piazzolla) e do violonista Yamandú Costa. Por ter convivido desde sempre com milongas, habaneras e vanerões (ritmos argentinos aprendidos nos Pampas, onde nasceu), o gaúchoYamandú se revela à vontade ao pôr seu violão em Mano a Mano (Carlos Gardel, José Razzano e Celedonio Flores), uma das faixas cantadas com propriedade por Marcelo Rodolfo. Enfim, guardadas as devidas diferenças de estilo, Gardel e Piazzolla foram hermanos na música - irmandade exposta com classe pelo grupo LiberTango neste coerente álbum Porteño.