Título: Monique Kessous
Artista: Monique Kessous
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2
♪ Em agosto de 2010, em ousada ação de marketing, a gravadora Sony Music apresentou Frio, o primeiro single do terceiro álbum de Monique Kessous, mas fez mistério sobre a identidade da cantora - o que levou todo mundo a supor que se tratasse da nova música de Marisa Monte pela notável semelhança do timbre de Kessous com o da compositora de Beija eu (Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Arto Lindsay, 1991). Mas a dona da voz era Kessous, cantora e compositora carioca que chegou a alcançar alguma projeção com Pitangueira, canção ruralista do segundo álbum, Com essa cor (Som Livre, 2008), realocada como faixa-bônus no atual disco. Real e acima da média, a similaridade de timbres é reiterada pela audição de Monique Kessous, o álbum que a Sony Music está pondo nas lojas neste mês de novembro de 2010. E o fato é que tal semelhança ronda o disco em que a cantora apresenta melodioso repertório autoral de tom confessional. Um cancioneiro que expõe Kessous - como ela mesma reconhece em verso de Vem, parceria com o irmão Denny Kessous. Embalado com elegância pelo produtor Rodrigo Vidal, o pop da artista é redondo. Músicas como Coração, Levo a minha vida assim, A quantas anda e Frio parecem vocacionadas para as paradas sem nunca recorrer a apelações populistas. Mas, nelas, o canto de Kessous remete - sim e o tempo todo - a Marisa Monte, às vezes de forma espantosa, como em A quantas anda - o que impede que a ascendente artista marque realmente a própria identidade no já populoso país das cantoras. Contudo, justiça seja feita, o álbum Monique Kessous é bom pela qualidade do repertório, pela afinação da cantora e pela sagacidade das duas releituras inseridas entre o cancioneiro autoral. Sonhos (Peninha, 1977) é envolvida em clima portenho em registro que evoca o tango contemporâneo de grupos como Gotan Project. Já Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) - frevo popularizado em 1982 na voz de Gal Costa - perde o tom de festa em registro minimalista que evidencia os versos de Nilo ao unir a voz de Kessous somente ao baixo de Dunga e ao bandolim de Davi Moraes. Da seara autoral, Tempo - parceria de Kessous com Charles Silva - evidencia o bom uso dos efeitos e programações pilotadas por Rodrigo Vidal enquanto Noites sem luar é valsa à moda antiga entoada pela cantora com Moska num dueto que parece vindo de algum lugar do passado. Enfim, Monique Kessous já desponta como promissora cantora e compositora no sucessor de Liverpool Bossa (Albatroz, 2007) e Com essa cor (2008), só que vai precisar dissipar a real e incômoda semelhança com Marisa Monte para poder imprimir a própria identidade no universo pop de país povoado por cantoras em demasia, várias sem voz no mercado.
9 comentários:
Em agosto de 2010, em ousada ação de marketing, a gravadora Sony Music apresentou Frio, o primeiro single do terceiro álbum de Monique Kessous, mas fez mistério sobre a identidade da cantora - o que levou todo mundo a supor que se tratasse da nova música de Marisa Monte pela notável semelhança do timbre de Kessous com o da compositora de Beija Eu. Mas a dona da voz era essa carioca que chegou a alcançar alguma projeção com Pitangueira, canção ruralista de seu segundo álbum, Com Essa Cor (2008), realocada como faixa-bônus no atual disco. Real e acima da média, a similaridade de timbres é reiterada pela audição de Monique Kessous, o CD que a Sony Music está pondo nas lojas neste mês de novembro. E o fato é que tal semelhança ronda o disco em que a cantora apresenta melodioso repertório autoral de tom confessional. Um cancioneiro que expõe Kessous - como ela mesma reconhece em verso de Vem, parceria com seu irmão Denny Kessous. Embalado com elegância pelo produtor Rodrigo Vidal, o pop da artista é redondo. Músicas como Coração, Levo a Minha Vida Assim, A Quantas Anda e Frio parecem vocacionadas para as paradas sem nunca recorrer a apelações populistas. Mas, sim, nelas, o canto de Kessous remete o tempo todo a Marisa, às vezes de forma espantosa, como em A Quantas Anda - o que impede que a ascendente artista marque realmente sua identidade no já populoso país das cantoras. Contudo, justiça seja feita, o CD Monique Kessous é bom pela qualidade do repertório, pela afinação da cantora e pela sagacidade das duas releituras inseridas entre o cancioneiro autoral. Sonhos (Peninha, 1977) é envolvida em clima portenho em registro que evoca o tango contemporâneo de grupos como Gotan Project. Já Bloco do Prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) - frevo popularizado em 1982 na voz de Gal Costa - perde o tom de festa em registro minimalista que evidencia os versos de Nilo ao unir a voz de Kessous somente ao baixo de Dunga e ao bandolim de Davi Moraes. Da seara autoral, Tempo - parceria de Kessous com Charles Silva - evidencia o bom uso dos efeitos e programações pilotadas por Rodrigo Vidal enquanto Noites sem Luar é valsa à moda antiga entoada pela cantora com Moska num dueto que parece vindo de algum lugar do passado. Enfim, Monique Kessous já desponta como promissora cantora e compositora no sucessor de Liverpool Bossa (2007) e Com Essa Cor (2008), só que vai precisar dissipar a real e incômoda semelhança com Marisa Monte para imprimir sua própria identidade na cena pop.
Semelhanças a parte, Kessous nos presenteia com um belissimo trabalho!
E que junto com esse cd venham muitos shows por esse Brasil enorme!
Realmente impressiona a semelhança das vozes. Já vi amigos se confundirem!
Além disso,Monique regrava " Sonhos " - canção de Peninha já regrava pela tribalista - e regrava " Bloco do Prazer " de Moraes Moreira, compositor recorrente na discografia de Marisa Monte.
Independente disso torço para que Kessous consiga seu espaço no claustofóbico cenário musical feminimo.
Oi, Mauro, tudo bem?
Numa primeira audição até dá para lembrar a Marisa. Mas, depois essa semelhança por conta dos timbres, pelo menos para mim, não tem tanto peso assim. Gostei da Monique!
Tomara que ela não sofra comparações como as que foram feitas a Maria Rita em seu primeiro trabalho, quando as pessoas diziam absurdos, tipo: "é só fechar os olhos"..."é a Elis"...blá, blá, blá!
Maria Rita conseguiu reverter essa opinião (que bom!), com muito talento e excelente apresentação cênica.
Acho que a Monique vai conseguir se livrar deste rótulo (nada contra a Marisa, que eu adoro!) e seguir seu caminho, que torço para que seja de muito sucesso.
Abraços!
Achei que a voz dela emula a de Marisa nos falsetes, no mais o tom de voz é um pouco mais grave.
O clipe de "Frio" já está no Youtube há algumas semanas, muito bem fotografado, vale a pena dar uma conferida.
Olá, comentaristas, sejam bem-vindos! Na minha opinião, a semelhança está acima da média. Mas nada que não possa ser amenizado no show e num futuro disco. A julgar pela ação de marketing da Sony, me parece que houve a intenção de confundir. Abs, MauroF
Este é apenas o segundo disco com composições autorais da Monique, mas eu já consigo ouvir sem problemas suas músicas sem lembrar da Marisa. Aliás, acabo de ouvir o novo álbum no site dela e amei! Daria 5 estrelas facinho! Muito pouco essas 3 estrelas e meia, Mauro!
O povo é que gosta de cismar e adora comparações... Lembra de Jorge Vercillo/Djavan??! Pois é. Salve Jorge! Salve Monique!
Obs.: também gosto da Marisa e do Djavan. rsrs
Monique canta muito e tem um trabalho maravilhoso! Vida longa!
Rodrigo Santos
No começo a semelhança com a voz e o timbre da Marisa incomodou bastante, mas as músicas, atreladas a uma afinação impecável, são tão boas que era impossível parar de ouvir. Com o passar do tempo a voz de Monique torna-se bastante peculiar e as semelhanças vão se amenizando. Ela nos conquista facinho. Monique arrebenta.
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