Título: Marlene Dietrich - As Pernas do Século
Texto: Aimar Labaki
Direção: William Pereira
Elenco: Sylvia Bandeira, José Mauro Brant, Marciah Luna Cabral e Silvio Ferrari
Foto: Divulgação / Antonio Guerreiro
Cotação: * * * *
Em cartaz de quinta-feira a domingo no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ)
Até 19 de dezembro de 2010
Com aura já mítica e lendária em torno de sua atuação na vida e nas Artes, Marlene Dietrich (1901 - 1992) foi mais do que uma cantora. Contudo, a estrela de filmes como Anjo Azul (1930) foi também uma cantora. Que gravou discos durante 50 anos, entre 1928 e 1978, quando, já fora dos palcos, pôs voz em Just a Gigolo (tema que deu título ao filme de 1979, o último de Dietrich). A artista alemã foi sobretudo uma cantora de 1953 a 1975, quando se tornou estrela dos cabarés. Pois parte da vasta atuação da diva no mundo da música está bem representada no gracioso espetáculo Marlene Dietrich - As Pernas do Século, em cartaz no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), até 19 de dezembro de 2010. Com charme, a atriz Sylvia Bandeira dá voz às ideias e ao canto de Dietrich neste musical de caráter biográfico. O texto de Aimar Labaki flagra a estrela já idosa, aos 90 anos, em seu apartamento em Paris, onde ela se recolheu ao sair de cena por conta de fratura na perna durante seu último show, feito na Austrália em 29 de setembro de 1975. As lembranças de Dietrich costuram a trama.
Sob a direção musical do pianista e arranjador Roberto Bahal, a atriz encarna Dietrich de forma convincente, protagonizando momentos de grande encantamento ao cantar temas como Johnny (Friedrich Hollaender) e, em especial, Lili Marlene (Hans Liep). Entre os 24 números musicais do roteiro, o espectador fica conhecendo os principais acontecimentos da vida profissional e pessoal de uma artista de alma libertária que se recusou a colaborar com os nazistas e, fora do front, namorou mulheres e homens famosos. Com um figurino deslumbrante de Marcelo Marques, Sylvia adquire especial glamour no medley em que vai de Cole Porter (The Laziest Gal in Town) e a Catulo da Paixão Cearense (Luar do Sertão), simbolizando a passagem de Dietrich pelo Golden Room do Copacabana Palace em 1959, no Rio de Janeiro dos anos dourados. Apesar do brilho da protagonista, em um de seus melhores momentos no palco, o espetáculo seduz pelo conjunto harmonioso do elenco. José Mauro Brant, Marciah Luna Cabral e Silvio Ferrari - todos com diversas atuações em musicais nos currículos - também têm seus momentos. Brant explora bem a dualidade dos versos de Maskulinum Femininum (Mischa Spolianky e M. Schiffer). Cabral defende bem The Lady Is a Tramp (Richard Rodgers e Lorenz Hart). Já Ferrari põe seus belos graves a serviço de temas franceses como Sous le Ciel de Paris (Hubert Giraud e Jean Drejac) e Les Feuilles Mortes (Jacques Prevert). Juntos, os quatro atores unem vozes e emoções num dos mais belos e surpreendentes números musicais do espetáculo, Where Have All the Flowers Gone? (Peter Seeger), alocado no roteiro para simbolizar os estragos humanos e materiais da II Guerra Mundial (vistos em imagens projetadas no telão). No todo, Marlene Dietrich - As Pernas do Século cumpre graciosamente sua função de resumir a vida mítica da estrela alemã (em crível representação de sua realidade) entre bons números que remetem à atmosfera de um cabaré.
Um comentário:
Com aura já mítica e lendária em torno de sua atuação na vida e nas Artes, Marlene Dietrich (1901 - 1992) foi mais do que uma cantora. Contudo, a estrela de filmes como Anjo Azul (1930) foi também uma cantora. Que gravou discos durante 50 anos, entre 1928 e 1978, quando, já fora dos palcos, pôs voz em Just a Gigolo (tema que deu título ao filme de 1979, o último de Dietrich). A artista alemã foi sobretudo uma cantora de 1953 a 1975, quando se tornou estrela dos cabarés. Pois parte da vasta atuação da diva no mundo da música está bem representada no gracioso espetáculo Marlene Dietrich - As Pernas do Século, em cartaz no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), até 19 de dezembro de 2010. Com charme, a atriz Sylvia Bandeira dá voz às ideias e ao canto de Dietrich neste musical de caráter biográfico. O texto de Aimar Labaki flagra a estrela já idosa, aos 90 anos, em seu apartamento em Paris, onde ela se recolheu ao sair de cena por conta de fratura na perna durante seu último show, feito na Austrália em 29 de setembro de 1975. As lembranças de Dietrich costuram a trama.
Sob a direção musical do pianista e arranjador Roberto Bahal, a atriz encarna Dietrich de forma convincente, protagonizando momentos de grande encantamento ao cantar temas como Johnny (Friedrich Hollaender) e, em especial, Lili Marlene (Hans Liep). Entre os 24 números musicais do roteiro, o espectador fica conhecendo os principais acontecimentos da vida profissional e pessoal de uma artista de alma libertária que se recusou a colaborar com os nazistas e, fora do front, namorou mulheres e homens famosos. Com um figurino deslumbrante de Marcelo Marques, Sylvia adquire especial glamour no medley em que vai de Cole Porter (The Laziest Gal in Town) e a Catulo da Paixão Cearense (Luar do Sertão), simbolizando a passagem de Dietrich pelo Golden Room do Copacabana Palace em 1959, no Rio de Janeiro dos anos dourados. Apesar do brilho da protagonista, em um de seus melhores momentos no palco, o espetáculo seduz pelo conjunto harmonioso do elenco. José Mauro Brant, Marciah Luna Cabral e Silvio Ferrari - todos com diversas atuações em musicais nos currículos - também têm seus momentos. Brant explora bem a dualidade dos versos de Maskulinum Femininum (Mischa Spolianky e M. Schiffer). Cabral defende bem The Lady Is a Tramp (Richard Rodgers e Lorenz Hart). Já Ferrari põe seus belos graves a serviço de temas franceses como Sous le Ciel de Paris (Hubert Giraud e Jean Drejac) e Les Feuilles Mortes (Jacques Prevert). Juntos, os quatro atores unem vozes e emoções num dos mais belos e surpreendentes números musicais do espetáculo, Where Have All the Flowers Gone? (Peter Seeger), alocado no roteiro para simbolizar os estragos humanos e materiais da II Guerra Mundial (vistos em imagens projetadas no telão). No todo, Marlene Dietrich - As Pernas do Século cumpre graciosamente sua função de resumir a vida mítica da estrela alemã (em crível representação de sua realidade) entre bons números que remetem à atmosfera de um cabaré.
Postar um comentário