Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Fechamento da Modern Sound marca o fim de ciclo na indústria do disco

O fechamento da Modern Sound - a mais tradicional loja de discos do Rio de Janeiro (RJ) - nesta sexta-feira, 31 de dezembro de 2010, simboliza o fim de um ciclo na indústria do disco. Por mais que tenha sua morte anunciada em crônicas escritas quase diariamente, o CD ainda vai sobreviver por mais alguns anos. E, provavelmente, nunca vai desaparecer por completo - assim como o vinil, seu antecessor, hoje reavivado e transformado até em objeto de luxo. Contudo, os novos modelos de comércio (legal e ilegal) de disco impostos pela internet tornam difícil a sobrevivência de uma loja como a Modern Sound. Essencial na era pré-virtual, a loja aberta no meio de Copacabana em 1966 era o endereço certeiro para quem procurava discos importados, álbuns de música brasileira ignorados pelas multinacionais do disco e títulos raros. Era uma loja cara e não costumava mimar seus clientes com descontos. Não compensava comprar na Modern Sound um lançamento que poderia ser encontrado, por preço mais acessível, numa rede de magazines. Mas lá tinha tudo. Tinha o disco que não se encontrava em outra loja. Sobretudo se esse disco fosse de jazz ou de world music. Com vendedores especializados em cada setor, a Modern Sound foi o porto mais seguro onde ancoravam colecionadores de discos de toda parte do Brasil, ávidos por comprar ali o disco que ninguém mais vendia no Brasil. Só que esse tudo que tinha ali hoje está na internet, de forma legal ou ilegal. Por isso, a Modern Sound fecha suas portas. A loja já não é mais essencial. Mas deixa saudades. Sobretudo a saudade de uma era em que o disco não era um objeto tão banalizado. Mesmo que a loja reabra em local menor, como é a intenção de seu fundador Pedro Passos, nada mais será como antes. A Modern Sound sai de cena deixando na memória a lembrança gostosa de ter sido importante nos dias gloriosos da indústria do disco. Que descanse em paz!!

11 comentários:

Mauro Ferreira disse...

O fechamento da Modern Sound - a mais tradicional loja de discos do Rio de Janeiro (RJ) - nesta sexta-feira, 31 de dezembro de 2010, simboliza o fim de um ciclo na indústria do disco. Por mais que tenha sua morte anunciada em crônicas escritas quase diariamente, o CD ainda vai sobreviver por mais alguns anos. E, provavelmente, nunca vai desaparecer por completo - assim como o vinil, seu antecessor, hoje reavivado e transformado até em objeto de luxo. Contudo, os novos modelos de comércio (legal e ilegal) de disco impostos pela internet tornam difícil a sobrevivência de uma loja como a Modern Sound. Essencial na era pré-virtual, a loja aberta no meio de Copacabana em 1966 era o endereço certeiro para quem procurava discos importados, álbuns de música brasileira ignorados pelas multinacionais do disco e títulos raros. Era uma loja cara e não costumava mimar seus clientes com descontos. Não compensava comprar na Modern Sound um lançamento que poderia ser encontrado, por preço mais acessível, numa rede de magazines. Mas lá tinha tudo. Tinha o disco que não se encontrava em outra loja. Sobretudo se esse disco fosse de jazz ou de world music. Com vendedores especializados em cada setor, a Modern Sound foi o porto mais seguro onde ancoravam colecionadores de discos de toda parte do Brasil, ávidos por comprar ali o disco que ninguém mais vendia no Brasil. Só que esse tudo que tinha ali hoje está na internet, de forma legal ou ilegal. Por isso, a Modern Sound fecha suas portas. A loja já não é mais essencial. Mas deixa saudades. Sobretudo a saudade de uma era em que o disco não era um objeto tão banalizado. Mesmo que a loja reabra em local menor, como é a intenção de seu fundador Pedro Passos, nada mais será como antes. A Modern Sound sai de cena deixando na memória a lembrança gostosa de ter sido importante nos dias gloriosos da indústria do disco. Que descanse em paz!!

Marcelo Barbosa disse...

Eu já sabia da notícia e lamento muito. Sem dúvida era um local agradável aos amantes da música onde se encontravam raridades e discos que nem sempre estavam disponíveis no mercado, não só de jazz ou world music, como também de artistas independentes.
Uma pena e essa é uma das notícias chatas para quem curte música. Abração, Mauro! Feliz 2011 a você e a todos os companheiros de blog.

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

PS: Muitas notas da Rainha do Samba em 2011! Parece que ela já está agendando um show de retorno para o dia 19/02. Por favor me confirme.

CLAUDIO disse...

Mauro,

Não posso falar da loja física pois nunca a visitei. Quanto à loja virtual, se fechar será um favor. Já tentei diversas vezes comprar alguma coisa nesta loja mas nunca consegui comprar nada pois ela não tem NADA.

Fabio disse...

Sou de SP, tenho 33 anos e sempre que chegava ao Rio, ia direto para Modern Sound. Eu consumo música, faço downloads, mas compro muitos CDs. Tenho mais de 6,000 CDs no meu acervo e sei de cada um!
As lojas de "discos" estão em extinção, uma pena. Aqui em SP várias fecharam. Há uma loja aqui que espero que sobreviva, a "Compact Blue". Não tem o charme da Modern Sound, mas tudo está lá.
Bom...Mauro, feliz 2011 e viva a música! :)

Mauro Ferreira disse...

Sim, Marcelo, Beth retorna em fevereiro.

Claudio, embora tenha tido um site, a Modern Sound não tinha seu forte nas vendas virtuais.

abs, Feliz 2011 a todos, MauroF

Geraldo disse...

No país da pirataria e da falta de leitura é uma notícia até que esperada. A Folha de S. Paulo divulgou uma notícia com os discos que mais se destacaram na década. É uma decepção. Se o povo não lê, não tem o hábito de comprar livros, não compreende o disco como um produto cultural, não há de se esperar muita coisa. A Modern Sound representa uma época em que era importante ir a uma loja de discos. Hoje já não é. Assim como não é ir a uma livraria. Talvez seja substituída por uma Igreja Universal ou por uma farmácia, coisas mais úteis nos dias atuais. Que pena!

Anônimo disse...

Saudade para sempre daquelas prateleiras cheias de minhas memórias afetivas. Minha infância passada em Copacabana esperando todo o fim de semana meu pai me levar até lá para comprar meus discos preferidos. Saudade do DJ Amândio sempre me atendendo com alegria e muita informação. Saudade de tudo. Fim de um era na minha vida pessoal e musical.

antonio disse...

Sou de SP e quando fui ao Rio pela primeira vez fui visitar a Modern Sound! Pra quem gosta de mexer em estantes de discos, foi emocionante! Uma pena! Aqui em SP sobrou ainda a Livraria Cultura, que mantém um setor de discos em vinil e cds razoável.

deborah1003 disse...

Lamento muito, mas tenho que comentar minha profunda tristeza pelo fechamento da Modern Sound (Copacabana) no dia 31, amanha. Sinto-me órfã... Todos nós os apreciadores de musica no Rio de Janeiro e no Brasil. Que venham tempos melhores e que nossa vontade de divulgar a boa musica, os CDs, DVDs, Vinis , e shows dos nossos artistas, não esmoreça jamais. Que 2011 seja o ano da Musica, divina Musica, Dom de Deus... dado a nós que seriamos simples mortais...se não fosse a Musica.

KL disse...

A decadência ou o fechamanto das lojas de rua - inclusindo livrarias e discotecas - , que começou com a onda cafona e fake dos shopping centeres, é reflexo ta,bém da Era do Individualismo e da solidão. Para que ir à rua se a Internet me entrega em casa? Para que conhecer pessoas, fazer amizades e viver a vida se o mundo virtual fornece isso? Resultado: cultura limitada, vida pobre, ruas tristes e vazias de coisas interessantes. Quem foi inteligente o suficiente para abrir uma, uma única loja que seja, nesses moldes vai ser um point e um destaque nas cidades do futuro. Como diz o ditado, "não há bem nem mal que dure para sempre", e essa "civilização" de orgulhosos idiotas - que já nasce falida - esperamos que diga "não" ao seu modelo existencial de quinta categoria.

edú disse...

Consegui comprar uma vez pela internet.Era uma loja altamente seletiva no acervo e na prática dos preços - próximo de extorsivos.O custo do frete foi uma loucura mas era um cd produzido em Niterói de apenas mil peças confeccionadas.Lamento o fechamento do negócio mas ganhar dinheiro no Brasil com cultura é utopia.Independente ou não da existência da pirataria.