Título: George Harrison - Tudo Passa
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas / Microservice
Cotação: * * *
Tributo a George Harrison (1943 - 2001), produzido pelo beatlemaníaco Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, Tudo Passa apresenta regravações inéditas do repertório do primeiro disco solo do autor de Something, All Things Must Pass, álbum triplo lançado em novembro de 1970. O sucesso da canção My Sweet Lord impulsionou as vendas deste disco que chegou a eclipsar o sucesso do primeiro trabalho solo de John Lennon (1940 - 1980), lançado no mesmo ano. Com o pretexto de celebrar as quatro décadas de All Things Must Pass, Tudo Passa enfileira os covers das 18 músicas na mesma ordem em que elas foram dispostas no álbum original. De quebra, o tributo apresenta regravações de duas músicas - I Live for You e Deep Blue, revividas pelo grupo Tantra e pela cantora Carolina Lima, respectivamente - compostas por Harrison na mesma época em que concebia o trabalho que marcou o começo oficial de sua trajetória solo (iniciada, a rigor, em 1968 com a criação da trilha sonora instrumental do filme Wonderwall). Como todo tributo do gênero, Tudo Passa alterna altos e baixos. Mas o saldo é positivo, com a curiosidade de que o elenco veterano supera a turma indie. Mesmo sem estar há tempos na melhor de sua forma vocal, Milton Nascimento confere dignidade a I'd Have You Anytime, balada fraterna gravada pelo cantor em dueto com o pianista Leo Fernandes e com apropriada citação de sua Canção da América. Já Fafá de Belém surpreende positivamente com registro seco e desossado de My Sweet Lord, feito em clima jazzy com o saxofone de Raul Mascarenhas e o contrabaixo acústico de Renato Loyola (a releitura do hit indiano de All Things Must Pass reitera que já passa da hora de Fafá voltar ao estúdios para fazer um disco de inéditas à altura de sua voz ainda em forma). Com sua voz aveludada, a onipresente Maria Gadú se confirma hábil intérprete de temas alheios ao reviver Let It Down. Já Zé Ramalho se faz presente com dois fonogramas, Isn't a Pitty (captado entre 1999 e 2000) e Beware of Darkness (gravado neste ano de 2010), sendo que, no segundo, a sanfona de Dodô de Moraes dá leve tom rural ao tema. Na seara caipira, aliás, Sérgio Reis pisa com dignidade no terreno country ao cantar Behind That Locked Door, mesmo com a voz já frágil. Já outro Sérgio, o Dias, põe o toque magistral de sua guitarra em Wah-Wah, como convidado da faixa gravada pelo quarteto paulista Tortú. Da turma indie, Aretha confirma o talento ao interpretar com pegada Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll), em gravação dividida com o grupo Tinta Preta, solista da faixa I Dig Love, uma das mais roqueiras e sujas deste tributo polido. Enfim, tudo passa e nenhuma das 20 gravações do CD deverá desafiar as leis do tempo. Mas fica a homenagem a um beatle sempre ofuscado pelo brilho genial de John Lennon e Paul McCartney.
Um comentário:
Tributo a George Harrison (1943 - 2001), produzido pelo beatlemaníaco Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, Tudo Passa apresenta regravações inéditas do repertório do primeiro disco solo do autor de Something, All Things Must Pass, álbum triplo lançado em novembro de 1970. O sucesso da canção My Sweet Lord impulsionou as vendas deste disco que chegou a eclipsar o sucesso do primeiro trabalho solo de John Lennon (1940 - 1980), lançado no mesmo ano. Com o pretexto de celebrar as quatro décadas de All Things Must Pass, Tudo Passa enfileira os covers das 18 músicas na mesma ordem em que elas foram dispostas no álbum original. De quebra, o tributo apresenta regravações de duas músicas - I Live for You e Deep Blue, revividas pelo grupo Tantra e pela cantora Carolina Lima, respectivamente - compostas por Harrison na mesma época em que concebia o trabalho que marcou o começo oficial de sua trajetória solo (iniciada, a rigor, em 1968 com a criação da trilha sonora instrumental do filme Wonderwall). Como todo tributo do gênero, Tudo Passa alterna altos e baixos. Mas o saldo é positivo, com a curiosidade de que o elenco veterano supera a turma indie. Mesmo sem estar há tempos na melhor de sua forma vocal, Milton Nascimento confere dignidade a I'd Have You Anytime, balada fraterna gravada pelo cantor em dueto com o pianista Leo Fernandes e com apropriada citação de sua Canção da América. Já Fafá de Belém surpreende positivamente com registro seco e desossado de My Sweet Lord, feito em clima jazzy com o saxofone de Raul Mascarenhas e o contrabaixo acústico de Renato Loyola (a releitura do hit indiano de All Things Must Pass reitera que já passa da hora de Fafá voltar ao estúdios para fazer um disco de inéditas à altura de sua voz ainda em forma). Com sua voz aveludada, a onipresente Maria Gadú se confirma hábil intérprete de temas alheios ao reviver Let It Down. Já Zé Ramalho se faz presente com dois fonogramas, Isn't a Pitty (captado entre 1999 e 2000) e Beware of Darkness (gravado neste ano de 2010), sendo que, no segundo, a sanfona de Dodô de Moraes dá leve tom rural ao tema. Na seara caipira, aliás, Sérgio Reis pisa com dignidade no terreno country ao cantar Behind That Locked Door, mesmo com a voz já frágil. Já outro Sérgio, o Dias, põe o toque magistral de sua guitarra em Wah-Wah, como convidado da faixa gravada pelo quarteto paulista Tortú. Da turma indie, Aretha confirma o talento ao interpretar com pegada Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll), em gravação dividida com o grupo Tinta Preta, solista da faixa I Dig Love, uma das mais roqueiras e sujas deste tributo polido. Enfim, tudo passa e nenhuma das 20 gravações do CD deverá desafiar as leis do tempo. Mas fica a homenagem a um beatle sempre ofuscado pelo brilho genial de John Lennon e Paul McCartney.
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