segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Harmonioso, 'Duo' confirma o talento de Gadú e 'devolve' Caetano à MPB

Resenha de Show
Título: Duo
Artista: Caetano Veloso e Maria Gadú (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de dezembro de 2010
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Teatro Guararapes, em Recife (PE), em 9 de dezembro de 2010

Duo - a turnê que junta Caetano Veloso e Maria Gadú no mesmo palco, em rotação pelo Brasil desde 7 de novembro de 2010 - confirma o talento da cantora e compositora paulista, além de devolver o artista baiano ao público da MPB mais tradicional, do qual Caetano andou afastado nos últimos quatro anos por conta dos flertes com o indie rock feitos nos álbuns (2006) e Zii e Zie (2009). Já em processo de gravação para futura edição em DVD e CD ao vivo, o show resultou harmonioso na chegada ao Rio de Janeiro (RJ), na noite chuvosa de 5 de dezembro. Diante de um Citibank Hall lotado e quase sempre embevecido, Caetano e Gadú uniram vozes e violões em roteiro que prioriza as músicas do compositor nos 11 números efetivamente feitos em dueto. Já na música que abre o show - Beleza Pura (1979), em que o único violão tocado é o de Caetano - ficou evidente a harmonia e o afeto que regem o inusitado encontro de um artista de 68 anos, projetado nos festivais dos anos 60, com uma cantora de 24 anos que se encontra atualmente no olho do furacão, vítima da exposição excessiva a que são submetidas as revelações que alçam de forma imediata o topo das paradas. Pois Duo serve também para reiterar que, excessos à parte, Gadú é boa cantora, compõe algumas músicas que cativam (em especial, a singela Dona Cila e o samba Altar Particular) e, mesmo sem ser virtuose no violão, se garante bem no instrumento com suas levadas espertas que levam o Trem das Onze (Adoniran  Barbosa, 1964) por belos trilhos em trajeto que culmina com os falsetes de Caetano. Como intérprete de músicas alheias, aliás, Gadú tem personalidade. Sua abordagem de Podres Poderes (Caetano Veloso, 1984) - menos roqueira e menos raivosa do que o registro original do compositor - é o ponto alto de sua parte solo. É fato que O Quereres (Caetano Veloso, 1984) não se mostra com todo seu esplendor e nuances no duo de Gadú com o artista baiano. Mas, no todo, os duetos são sedutores, com destaque para Rapte-me, Camaleoa (Caetano Veloso, 1981) - música que Gadú gravou para a trilha sonora da novela Ti Ti Ti antes de ser convidada a dividir o palco com Caetano - e para Vaca Profana (Caetano Veloso, 1984). Canções delicadas como O Leãozinho (Caetano Veloso, 1997) - tema que Gadú gravou este ano com Xuxa no 10º volume da série Xuxa Só para Baixinhos - se ajustam  confortavelmente  à voz aveludada da artista. E até a festiva Odara (Caetano Veloso, 1977) encerra bem o roteiro pré-bis fora de seu habitual clima dançante - tempos depois de Caetano reafirmar, em seus números individuais, que sua voz e seu violão são sempre um show à parte. Foi quando a inspiração da melodia de Odeio (Caetano Veloso, 2006) se revelou plena, fora da embalagem roqueira do álbum .  O cantor baiano surpreendeu em seu set individual. Apesar do clima de verão, o compositor tirou do baú a invernal Genipapo Absoluto (Caetano Veloso, 1989) e começou a esquentar o público com De Noite na Cama - o seu samba-rock que Erasmo Carlos lançou em 1971 -  para chegar ao ápice da empatia popular com Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso, 1983) e Sozinho (Peninha, 1996), músicas devidamente acompanhadas em coro pela plateia. No fim de seu set, o eterno tropicalista marchou ao som da infalível Alegria, Alegria (Caetano Veloso, 1967) para chegar em Shimbalaiê, o hit de Gadú que Caetano entoou ternamente diante da embevecida autora. No bis, após reeditar com Caetano o dueto que ele fizera há 30 anos com Marina Lima em Nosso Estranho Amor (Caetano Veloso, 1980) e após cair sem muita empolgação no samba Vai Levando (Caetano Veloso e Chico Buarque, 1975), Gadú  fez com que seu parceiro em cena tomasse a canção Menino do Rio como um beijo que externa sua (justificada) gratidão por dividir o palco numa turnê nacional com o compositor que havia criado a maior parte das músicas do roteiro de Duo antes de ela nascer.

5 comentários:

  1. Duo - a turnê que junta Caetano Veloso e Maria Gadú no mesmo palco, em rotação pelo Brasil desde 7 de novembro de 2010 - confirma o talento da cantora e compositora paulista, além de devolver o artista baiano ao público da MPB mais tradicional, do qual Caetano andou afastado nos últimos quatro anos por conta dos flertes com o indie rock feitos nos álbuns Cê (2006) e Zii e Zie (2009). Já em processo de gravação para futura edição em DVD e CD ao vivo, o show resultou harmonioso na chegada ao Rio de Janeiro (RJ), na noite chuvosa de 5 de dezembro. Diante de um Citibank Hall lotado e quase sempre embevecido, Caetano e Gadú uniram vozes e violões em roteiro que prioriza as músicas do compositor nos 11 números efetivamente feitos em dueto. Já na música que abre o show - Beleza Pura (1979), em que o único violão tocado é o de Caetano - ficou evidente a harmonia e o afeto que regem o inusitado encontro de um artista de 68 anos, projetado nos festivais dos anos 60, com uma cantora de 24 anos que se encontra atualmente no olho do furacão, vítima da exposição excessiva a que são submetidas as revelações que alçam de forma imediata o topo das paradas. Pois Duo serve também para reiterar que, excessos à parte, Gadú é boa cantora, compõe algumas músicas que cativam (em especial, a singela Dona Cila e o samba Altar Particular) e, mesmo sem ser virtuose no violão, se garante bem no instrumento com suas levadas espertas que levam o Trem das Onze (Adoniran Barbosa, 1965) por belos trilhos em trajeto que culmina com os falsetes de Caetano. Como intérprete de músicas alheias, aliás, Gadú tem personalidade. Sua abordagem de Podres Poderes (Caetano Veloso, 1984) - menos roqueira e menos raivosa do que o registro original do compositor - é o ponto alto de sua parte solo. É fato que O Quereres (Caetano Veloso, 1984) não se mostra com todo seu esplendor e nuances no duo de Gadú com o artista baiano. Mas, no todo, os duetos são sedutores, com destaque para Rapte-me, Camaleoa (Caetano Veloso, 1981) - música que Gadú gravou para a trilha sonora da novela Ti Ti Ti antes de ser convidada a dividir o palco com Caetano - e para Vaca Profana (Caetano Veloso, 1984). Canções delicadas como O Leãozinho (Caetano Veloso, 1997) - tema que Gadú gravou este ano com Xuxa no 10º volume da série Xuxa Só para Baixinhos - se ajustam confortavelmente à voz aveludada da artista. E até a festiva Odara (Caetano Veloso, 1977) encerra bem o roteiro pré-bis fora de seu habitual clima dançante - tempos depois de Caetano reafirmar, em seus números individuais, que sua voz e seu violão são sempre um show à parte. Foi quando a inspiração da melodia de Odeio (Caetano Veloso, 2006) se revelou plena, fora da embalagem roqueira do álbum Cê. O cantor baiano surpreendeu em seu set individual. Apesar do clima de verão, o compositor tirou do baú a invernal Genipapo Absoluto (Caetano Veloso, 1989) e começou a esquentar o público com De Noite na Cama - o seu samba-rock que Erasmo Carlos lançou em 1971 - para chegar ao ápice da empatia popular com Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso, 1983) e Sozinho (Peninha, 1996), músicas devidamente acompanhadas em coro pela plateia. No fim de seu set, o eterno tropicalista marchou ao som da infalível Alegria, Alegria (Caetano Veloso, 1967) para chegar em Shimbalaiê, o hit de Gadú que Caetano entoou ternamente diante da embevecida autora. No bis, após reeditar com Caetano o dueto que ele fizera há 30 anos com Marina Lima em Nosso Estranho Amor (Caetano Veloso, 1980) e após cair sem muita empolgação no samba Vai Levando (Caetano Veloso e Chico Buarque, 1975), Gadú fez com que seu parceiro em cena tomasse a canção Menino do Rio como um beijo que externa sua (justificada) gratidão por dividir o palco numa turnê nacional com o compositor que havia feito a maior parte das músicas do roteiro de Duo antes de ela nascer.

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  2. Minha lista dos discos e canções lançados em 2010. Não os melhores, não tenho essa pretensão, apenas aqueles que mais tocaram no meu som e mais tocaram em mim durante o ano.

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  3. Mauro, esse Duo vai virar DVD mesmo??! Espero que sim.

    Mas que visual é esse da Gadú hein?! Pelo amor de Deus! Horrível! Por um momento achei que fosse algum dos integrantes do Restart no palco com o Caetano...

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  4. Assisti esse show na estreia aqui em Salvador no dia 07/11 e achei, no mínimo, curioso Caetano não ter shimbalaiado. O que não achei ruim, porque ninguém aguenta mais ouvir essa (boa) música. Mas vejo que ele resolveu cantar. Eu tinha quase certeza que viraria DVD, porque é de fato um show muito gostoso, uma verdadeira harmonia de vozes. Que venha o DVD, tem tudo pra ser sucesso e vender muito. E bem que poderia se chamar "Maria Gadu canta (com) Caetano Veloso"...rsrsrs Caetano é o cara!!!

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  5. Quando é que sai o DVD de Peter Pan e da fada "Sininho" ?

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