Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Requinte da obra de Chico Pinheiro desabrocha pleno em 'Flor de Fogo'

Resenha de CD
Título: Flor de Fogo
Artista: Chico Pinheiro
Gravadora: CT Music / Sunnyside / Atração Fonográfica
Cotação: * * * * 1/2

Talvez nenhum outro artista brasileiro esteja sendo alvo de tanta admiração mundial quanto o cantor, compositor e violonista paulista Chico Pinheiro. Flor de Fogo - o CD ora lançado no Brasil pela gravadora Atração Fonográfica - é o quarto título da discografia do artista, iniciada em 2003 com o álbum Meia Noite Meio Dia (2003). Produzido e arranjado pelo próprio Pinheiro, o disco foi gravado entre agosto e novembro de 2009, no Brasil, com registros adicionais feitos nos Estados Unidos, onde Flor de Fogo já foi lançado com o título de There's a Storm Inside, nome da canção de Pinheiro e Jesse Harris ouvida no CD na voz da cantora norte-americana de jazz Dianne Reeves, responsável também pelos vocais de Mamulengo (Chico Pinheiro) e de As, tema de Stevie Wonder que ganhou um molho de samba. Sim, Pinheiro transita com segurança pela trilha sinuosa do jazz - daí sua enorme aceitação nos Estados Unidos - sem renegar as melhores tradições da música brasileira. Logo na faixa que abre o CD, uma classuda abordagem do standard Our Love Is Here to Stay (George & Ira Gershwin) em que se ouve cordas orquestradas pelo violonista Oscar Castro Neves, fica nítida a influência da Bossa Nova e da obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) no som de Pinheiro. O forte acento jazzístico de Flor de Fogo pontua faixas como Recriando a Criação, parceria de Chico Pinheiro com Paulo César Pinheiro, letrista também do samba Boca de Siri, faixa em que se nota também certa influência da obra de Guinga com Aldir Blanc. In(formações) à parte, o requinte harmônico da música de Chico Pinheiro desabrocha pleno em Flor de Fogo. Tal refinamento conecta o jazz à Nação Nordestina em Sertão Wi-Fi, parceria de Pinheiro com Pedro Luís. Nessa rede de influências reprocessadas com personalidade, o canto de Pinheiro não se impõe à altura de sua obra, ainda que a voz miúda do artista - habitualmente comparada à do trompetista Chet Baker (1929 - 1988) - seja sempre utilizada com sofisticação a serviço de sua música. No todo, Flor de Fogo se impõe como um dos grandes discos de 2010.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Talvez nenhum outro artista brasileiro esteja sendo alvo de tanta admiração mundial quanto o cantor, compositor e violonista paulista Chico Pinheiro. Flor de Fogo - o CD ora lançado no Brasil pela gravadora Atração Fonográfica - é o quarto título da discografia do artista, iniciada em 2003 com o álbum Meia Noite Meio Dia (2003). Produzido e arranjado pelo próprio Pinheiro, o disco foi gravado entre agosto e novembro de 2009, no Brasil, com registros adicionais feitos nos Estados Unidos, onde Flor de Fogo já foi lançado com o título de There's a Storm Inside, nome da canção de Pinheiro e Jesse Harris ouvida no CD na voz da cantora norte-americana de jazz Dianne Reeves, responsável também pelos vocais de Mamulengo (Chico Pinheiro) e de As, tema de Stevie Wonder que ganhou um molho de samba. Sim, Pinheiro transita com segurança pela trilha sinuosa do jazz - daí sua enorme aceitação nos Estados Unidos - sem renegar as melhores tradições da música brasileira. Logo na faixa que abre o CD, uma classuda abordagem do standard Our Love Is Here to Stay (George & Ira Gershwin) em que se ouve cordas orquestradas pelo violonista Oscar Castro Neves, fica nítida a influência da Bossa Nova e da obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) no som de Pinheiro. O forte acento jazzístico de Flor de Fogo pontua faixas como Recriando a Criação, parceria de Chico Pinheiro com Paulo César Pinheiro, letrista também do samba Boca de Siri, faixa em que se nota também certa influência da obra de Guinga com Aldir Blanc. In(formações) à parte, o requinte harmônico da música de Chico Pinheiro desabrocha pleno em Flor de Fogo. Tal refinamento conecta o jazz à Nação Nordestina em Sertão Wi-Fi, parceria de Pinheiro com Pedro Luís. Nessa rede de influências reprocessadas com personalidade, o canto de Pinheiro não se impõe à altura de sua obra, ainda que a voz miúda do artista - habitualmente comparada à do trompetista Chet Baker (1929 - 1988) - seja sempre utilizada com sofisticação a serviço de sua música. No todo, Flor de Fogo se impõe como um dos grandes discos de 2010.

SE UM DIA ME QUISERES... disse...

Salve Chico Pinheiro !