Mauro Ferreira no G1

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Sentado, Roberto recicla emoções em show com samba e 'Copacabana'

Resenha de show - Gravação ao vivo de especial de TV
Título: Um Natal de Paz
Artista: Roberto Carlos (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Praia de Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de dezembro de 2010
Cotação: * * *

Embevecido diante da beleza da orla de Copacabana, "a praia mais linda do mundo", como sentenciou em cena mais de uma vez, Roberto Carlos decidiu experimentar outras emoções e cantou Copacabana, belo samba-canção de 1946 em que Braguinha e Alberto Ribeiro exaltam a Princesinha do Mar. Foi um momento lindo, mas breve, do show feito pelo Rei na praia de Copacabana na noite de Natal, 25 de dezembro de 2010, para público estimado em 400 mil pessoas. Sentado durante quase todo o show, por conta de problema no ligamento do joelho, o cantor reciclou velhas emoções em roteiro que enfileirou temas recorrentes em seus shows. Diantes das câmeras da TV Globo, que captavam o espetáculo que seria exibido ao vivo (a rigor, com meia hora de atraso) pela emissora na noite de sábado, um bem-humorado Roberto reviveu clássicos como Emoções, Além do Horizonte (soul que seria repetido em ritmo de samba durante a participação do grupo de pagode Exaltasamba), Amor Perfeito, Detalhes (ao violão, arranhado pelo próprio Rei), Cama e Mesa, Lady Laura (momento especialmente pungente por conta da morte recente da mãe do cantor), Proposta, O Concavo e o Convexo e Eu te Amo, te Amo, te Amo. Enfim, as velhas emoções de sempre, recicladas por um canto afinado, de emissão clara, que desafia os 69 anos do artista. Contudo, houve sutis novidades por conta da presença dos convidados. Com Paula Fernandes, revelação da música sertaneja exaltada por Roberto pelo estilo classificado como "único" pelo anfitrião ("Ninguém nunca vai confundir a Paula com outra cantora"), Roberto ensaiou jogo de sedução em pot-pourri que agregou Eu te Adoro meu Amor (na voz grave dela), Eu Sou Terrível (na voz dele), Eu te Darei o Céu (na dela), Na Paz do seu Sorriso (na dele) e Ciúme de Você (na dela) antes de culminar com um harmonioso dueto em Nossa Canção. Paula aproveitou a chance de projeção nacional, marcando bela presença, inclusive ao cantar sozinha Tocando em Frente, a toada de Almir Sater e Renato Teixeira que ela regravou para a trilha sonora da novela Araguaia. Em praia sertaneja mais poluída, o anfitrião receberia momentos mais tarde Bruno & Marrone, com quem formou trio para cantar Dormi na Praça antes de a dupla, sozinha, fazer dispensável abordagem de Desabafo. Ainda dentro dessa linha  populista, destoante da classe do anfitrião, o grupo Exaltasamba entrou em cena, devidamente anunciado pela base de samba que sustentou a parte final de Todos Estão Surdos. Na presença do grupo, que cantou seu pagode rasteiro, Roberto reavivou Nêga - bom, esquecido e bissexto samba de seu repertório - em número que culminou com o samba-enredo composto por Erasmo Carlos, Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle para o Carnaval 2011 da Beija-Flor. O trio perdeu para o (fraco) samba-enredo defendido por Neguinho da Beija-Flor - Roberto Carlos, A Simplicidade de um Rei - antes do bloco religioso que encerrou o show. Antes do fim já previsível com Jesus Cristo, Roberto surpreendeu e cantou Noite Feliz com o coral infantil da Escola de Música da Rocinha. No todo, apesar do pouco rigor na escolha dos convidados, foi mesmo uma noite feliz. Afinal, por seu histórico, Roberto Carlos é o artista ideal para fazer a trilha sonora de Natal de paz. 

11 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Embevecido diante da beleza da orla de Copacabana, "a praia mais linda do mundo", como sentenciou em cena mais de uma vez, Roberto Carlos decidiu experimentar outras emoções e cantou Copacabana, belo samba-canção de 1946 em que Braguinha e Alberto Ribeiro exaltam a Princesinha do Mar. Foi um momento lindo, mas breve, do show feito pelo Rei na praia de Copacabana na noite de Natal, 25 de dezembro de 2010, para público estimado em 400 mil pessoas. Sentado durante quase todo o show, por conta de problema no ligamento do joelho, o cantor reciclou velhas emoções em roteiro que enfileirou temas recorrentes em seus shows. Diantes das câmeras da TV Globo, que captavam o espetáculo que seria exibido ao vivo (a rigor, com meia hora de atraso) pela emissora na noite de sábado, um bem-humorado Roberto reviveu clássicos como Emoções, Além do Horizonte (soul que seria repetido em ritmo de samba durante a participação do grupo de pagode Exaltasamba), Amor Perfeito, Detalhes (ao violão, arranhado pelo próprio Rei), Cama e Mesa, Lady Laura (momento especialmente pungente por conta da morte recente da mãe do cantor), Proposta, O Concavo e o Convexo e Eu te Amo, te Amo, te Amo. Enfim, as velhas emoções de sempre, recicladas por um canto afinado, de emissão clara, que desafia os 69 anos do artista. Contudo, houve sutis novidades por conta da presença dos convidados. Com Paula Fernandes, revelação da música sertaneja exaltada por Roberto pelo estilo classificado como "único" pelo anfitrião ("Ninguém nunca vai confundir a Paula com outra cantora"), Roberto ensaiou jogo de sedução em pot-pourri que agregou Eu te Adoro meu Amor (na voz grave dela), Eu Sou Terrível (na voz dele), Eu te Darei o Céu (na dela), Na Paz do seu Sorriso (na dele) e Ciúme de Você (na dela) antes de culminar com um harmonioso dueto em Nossa Canção. Paula aproveitou a chance de projeção nacional, marcando bela presença, inclusive ao cantar sozinha Tocando em Frente, a toada de Almir Sater e Renato Teixeira que ela regravou para a trilha sonora da novela Araguaia. Em praia sertaneja mais poluída, o anfitrião receberia momentos mais tarde Bruno & Marrone, com quem formou trio para cantar Dormi na Praça antes de a dupla, sozinha, fazer dispensável abordagem de Desabafo. Ainda dentro dessa linha populista, destoante da classe do anfitrião, o grupo Exaltasamba entrou em cena, devidamente anunciado pela base de samba que sustentou a parte final de Todos Estão Surdos. Na presença do grupo, que cantou seu pagode rasteiro, Roberto reavivou Nêga - bom, esquecido e bissexto samba de seu repertório - em número que culminou com o samba-enredo composto por Erasmo Carlos, Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle para o Carnaval 2011 da Beija-Flor. O trio perdeu para o (fraco) samba-enredo defendido por Neguinho da Beija-Flor - Roberto Carlos, A Simplicidade de um Rei - antes do bloco religioso que encerrou o show. Antes do fim já previsível com Jesus Cristo, Roberto surpreendeu e cantou Noite Feliz com o coral infantil da Escola de Música da Rocinha. No todo, apesar do pouco rigor na escolha dos convidados, foi mesmo uma noite feliz. Afinal, por seu histórico, Roberto Carlos é o artista ideal para fazer a trilha sonora de Natal de paz.

Marcelo Barbosa disse...

Na minha opinião, felizmente a constatação de que ainda canta muito e os clássicos do Rei conseguiram me prender.
As participações especiais foram TODAS sofríveis.
Nem o samba da Beija-Flor que é muito bonito no disco, conseguiu emocionar.
De resto Paula Fernandes é um Shania Twain que deverá ganhar sobrevida através de trilhas sonoras globais, Bruno e Marrone mais do mesmo e Exaltasamba e seus mela cuecas ruins: sem comentários (a exceção fica pela bela voz apenas do Péricles)!
Abraços,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Diogo Santos disse...

Ouvi muitos elogios e algumas criticas hoje sobre esse especial. Eu gostei e acho até má vontade não notar que não foram poucas as novidades ( Copacabana,Eu te Adoro meu Amor,Na Paz do seu Sorriso,Ciúme de Você,Nossa Canção,Todos Estão Surdos,Nêga e Noite Feliz). Canções como " Lady Laura " e " O concavo e o convexo " também não são tão corriqueiras ...

PS: Quem assistiu de casa,como eu, não viu a performance de Paula Fernandes em " Tocando em Frente ".


Um abraço a todos
Diogo Santos

Diogo Santos disse...

Se me permite Mauro, antes de culminar com um harmonioso dueto em " Nossa Canção " Roberto ainda declamou " Não Quero Ver Você Triste " no medley com Paula Fernandes.


" O que é que você tem, conta pra mim Não quero ver você triste assim
Não fique triste o mundo é bom
A felicidade até existe ... "

Denilson Santos disse...

Diogo lembrou muito bem. Quem viu de casa, como eu, não assistiu à Paula cantar "Tocando em Frente".

Também não me lembro de ter assistido ao samba-enredo feito pelo Erasmo Carlos. Acho que eu fiquei muito impactado por ter assistido o Neguinho da Beija-Flor (que eu adoro) desafinar do início até o fim do samba-enredo oficial da Beija-Flor.

Na televisão, cortaram discretamente o som do microfone do Marrone. Terá sido de propósito? rsrs

abração,
Denilson

Marcelo Barbosa disse...

Denilson,

Cortaram o samba composto pelo Erasmo. FELIZMENTE! Até porque tive o desprazer de escutá-lo nas disputas e é sofrível (o refrão só fica no Beija, Beija, Beija,...). Abs,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

Chico da Portela disse...

Gosto muito do Roberto e costumo assistir aos especiais de fim de ano. Mas esse daí foi o pior que já vi. O próprio Roberto parecia que tinha tomado uma caixa de Lexotan, cantando com sono, muito pausado e sem o mínimo de ânimo. Isso para não falar dos convidados, alguns sequer deveriam estar ali como a trágica dupla breguete Bruno e Marrone, além dessa Paula (que eu desconhecia)que só se salvou pela beleza física, porque cantar mesmo - pelo menos no especial - nada. Exaltasamba também não é minha praia, nem combina com o Roberto. E pra completar, apresentação sofrível da Beija-Flor, que não empolgou viva alma lá. Embora eu ache, inclusive, o samba bom se comparado a fraca safra para o carnaval de 2011 e um dos favoritos ao Estandarte de Ouro. Segundo disseram os que estiveram lá, o samba do Erasmo empolgou mais.

Denilson Santos disse...

Marcelo,

O samba oficial da Beija-Flor também não é nenhuma maravilha, concorda?

Fiquei realmente (mal) impressionado com o Neguinho da Beija-Flor. Acho que nunca o tinha assistido cantando mal em público. Terá sido um revés da terrível doença que ele sofreu em 2009? Espero que não, pois sinceramente gosto muito dele como cantor. Dá de dez em todos os pagodeiros de plantão que grassam por aí...

abração,
Denilson

Diogo Santos disse...

PAULA FERNANDES - A bela de voz grave se saiu bem no medley com o Rei. Pensei que fossem cantar juntos " Caminhoneiro ". Pena que sua parte solo ficou fora da exibição na TV ...


BRUNO & MARRONE - Visivelmente emocionados, a dupla - que não está mais no seu auge comercial - viu Roberto visitar seu repertório mas fez registro de " Desabafo " aquém do especial EMOÇÕES SERTANEJAS - que já não era lá essas coisas!

EXALTASAMBA - Empolgaram a multidão mas o repertório do grupo não ajuda muito.O bom foi(re)ouvir " Nêga ". Poderiam então ter feito um outro medley e cantado outros sambas de RC como " Vê se volta pra mim " e " Só você não sabe ".


NEGUINHO DA BEIJA FLOR - Samba fraco,chato e um Neguinho com a voz fora de forma. Êta Número arrastado!


CORAL INFANTIL DA ESCOLA DE MÚSICA DA ROCINHA - As crianças foram subaproveitadas e quem assistiu de casa nem sabia de onde eram ...

ITAMAR DIAS PROFISSIONAL disse...

AHHH SEI LÁ ...
EXALTA E ROBERTO FICOU LEGAL ...
PAULA É A NOVA QUERIDINHA DO REI ...
REALMENTE BRUNO & MARRONE NÃO ESTAVAM NOS SEUS MELHORES DIAS, INFELIZMENTE.
MAS O REI CONTINUA SENDO O REI.
MESMO SENTADO DURANTE TODO O SHOW E MESMO FAZENDO O "MAIS DO MESMO".
SÓ MESMO O REI DO ALTO DOS SEUS 50 ANOS DE CARREIRA PRA ENCARAR DE BOA TODA A PRESSÃO DE UM SHOW COM TRANSMISSÃO AO VIVO E CANTAR COMO SE ESTIVESSE NA SALA DA SUA CASA.
O CARA É UMA BRASA... E AINDA QUEIMA..

itamardias@gmail.com

Marcelo Barbosa disse...

Grande Denilson! Rapaz, o que eu acho do samba da Beija-Flor é o seguinte e tem rendido demais as discussões num outro fórum que participo, o samba não é ruim, tem uma melodia bonita e uma letra adequada ao que foi proposto pelos carnavalescos na sinopse.
Acontece que o modo como querem contar a vida do Roberto a meu ver foi equivocada (através de abstrações como: amor, religião, ecologia,....). O samba da Unidos do Cabuçu de 1987 também em homenagem ao Roberto é infinitamente superior.
Quanto ao especial, o samba não rendeu nada e o Neguinho infelizmente semitonou bastante. Sem contar a rouquidão que pode ser justificada no excesso de compromissos com a escola (ensaios). Abração e a safra dos sambas enredos de 2011 é nivelada...não há um grande samba como em 2010 (haviam três), mas no conjunto é suportável (alguns compositores tiraram leite de pedra, pois MUITOS enredos não ajudaram).

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)