Título: Rare Genius - The Undiscovered Masters
Artista: Ray Charles
Gravadora: Concord Music / Universal Music
Cotação: * * * *
Rare Genius - The Undiscovered Masters é um disco póstumo de Ray Charles (1930 - 2004) idealizado para celebrar os 80 anos que o artista teria completado neste ano de 2010. Trata-se de compilação de 10 gravações inéditas registradas e produzidas por Ray em estúdio entre 1970 e 1995. Coube a John Burk - produtor do último álbum do cantor, Genius Loves Company (2004) - dar o acabamento para que tais gravações viessem à tona neste CD recém-lançado no Brasil pela Universal Music. São sobras, mas as sobras de Ray são iguarias que justificam a edição do disco. Somente Wheel of Fortune - uma balada embebida em puro soul, gravada em Los Angeles (Califórnia, EUA) em 1972 - já valeria a audição de Rare Genius. Inclusive porque Ray foi mesmo um gênio daqueles que raramente aparecem em cena. Hábil tanto na interpretação de um blues como There'll Be Some Changes Made - música de 1921, regravada pelo artista com a pegada e o sentimento do blues por volta de 1990 - como na de um tema jazzy de base funkeada, I'm Gonna Keep on Singin', captado em 1995 com músicos ignorados no fino acompanhamento. A propósito, todos os arranjos de Rare Genius são luxuosos, em sintonia com o universo musical de Ray. Os registros soam coesos, sem evidenciar a existência da produção adicional feita por Burk. O que valoriza o lançamento de iguarias como It Hurts to Be in Love, um clássico do r & b dos anos 50 que Ray sempre cantou em shows, mas que nunca tinha entrado em seus discos de estúdio (a rara gravação encontrada nas undiscovered masters é de 1980). E o que dizer de She's Gone (faixa gravada na década de 80) além da constatação de que poucas vozes no Mundo souberam expressar tanta solidão através do canto? Ao fim, quando apresenta o inusitado dueto de Ray com Johnny Cash (1932 - 2003) em Why me, Lord? (um gospel tingido de blues), Rare Genius deixa a certeza de transcender qualquer oportunismo ao celebrar os 80 anos e a Arte plural de Ray Charles, esse gênio de estirpe rara.
3 comentários:
Rare Genius - The Undiscovered Masters é um disco póstumo de Ray Charles (1930 - 2004) idealizado para celebrar os 80 anos que o artista teria completado neste ano de 2010. Trata-se de compilação de 10 gravações inéditas registradas e produzidas por Ray em estúdio entre 1970 e 1995. Coube a John Burk - produtor do último álbum do cantor, Genius Loves Company (2004) - dar o acabamento para que tais gravações viessem à tona neste CD recém-lançado no Brasil pela Universal Music. São sobras, mas as sobras de Ray são iguarias que justificam a edição do disco. Somente Wheel of Fortune - uma balada embebida em puro soul, gravada em Los Angeles (Califórnia, EUA) em 1972 - já valeria a audição de Rare Genius. Inclusive porque Ray foi mesmo um gênio daqueles que raramente aparecem em cena. Hábil tanto na interpretação de um blues como There'll Be Some Changes Made - música de 1921, regravada pelo artista com a pegada e o sentimento do blues por volta de 1990 - como na de um tema jazzy de base funkeada, I'm Gonna Keep on Singin', captado em 1995 com músicos ignorados no fino acompanhamento. A propósito, todos os arranjos de Rare Genius são luxuosos, em sintonia com o universo musical de Ray. Os registros soam coesos, sem evidenciar a existência da produção adicional feita por Burk. O que valoriza o lançamento de iguarias como It Hurts to Be in Love, um clássico do r & b dos anos 50 que Ray sempre cantou em shows, mas que nunca tinha entrado em seus discos de estúdio (a rara gravação encontrada nas undiscovered masters é de 1980). E o que dizer de She's Gone (faixa gravada na década de 80) além da constatação de que poucas vozes no Mundo souberam expressar tanta solidão através do canto? Ao fim, quando apresenta o inusitado dueto de Ray com Johnny Cash (1932 - 2003) em Why me, Lord? (um gospel tingido de blues), Rare Genius deixa a certeza de transcender qualquer oportunismo ao celebrar os 80 anos e a Arte plural de Ray Charles, esse gênio de estirpe rara.
A obra de Ray é tão impactante que é uma das quais me dá orgulho de ser humano. Ele era um artista no sentido mais nobre e restrito da palavra. Como ele existiram ou existem poucos: Piaf, Billie, Amália, Sosa e o maior de todos, João Gilberto.
Ray é a certeza de emoção. Tenho toda sua discografia e é um dos meus bens mais valiosos. Ouvir Am I Blue, Born to Lose, Stella By Starlight ou Seven Spanish Angels dentre muitas, muitas outras é ouvir o canto do nosso ser, como se houvesse alguém cantando dentro de nós e não sabessemos expôr. Precisamos de seres sublimes como Ray, ou como os outros citados, para nos encontrarmos com nós mesmos pela música, pelo som. Não há como não chorar sorrindo ouvindo essa voz.
Correção: "...como se houvesse alguém cantando dentro de nós e não soubessemos expôr..."
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