Cada vez mais segmentado, o mercado fonográfico brasileiro manteve ritmo intenso de lançamentos ao longo de 2011. A maioria dos discos editados no Brasil teve tiragens reduzidas, retratos da anemia de uma indústria corroída pelas piratarias física e virtual - ainda que a paradoxal vendagem de 1,4 milhão de cópias do CD, DVD e blu-ray Paula Fernandes ao Vivo tenha sinalizado que, sim, ainda há muita gente disposta a ir na loja comprar um CD ou um DVD. Dentro da ampla oferta de títulos disponibilizados no mercado ao longo do ano, alguns se destacaram pela qualidade artística e excelência do repertório. Eis dez belos e interessantes discos brasileiros que merecem figurar nas sempre subjetivas listas de melhores álbuns de 2011:
1. Recanto, Gal Costa (Universal Music)
- Mergulho profundo nos recantos escuros da existência humana em disco eletrônico e sombrio que se agiganta a cada audição
2. A Dama Indigna, Cida Moreira (Joia Moderna)
- Com a voz operística no fio da navalha, a cantora se reconecta ao piano e ao estilo teatral de seu memorável começo de carreira
3. Cavaleiro Selvagem Aqui te Sigo, Mariana Aydar (Universal Music)
- Com a adesão do maestro Letieres Leite na produção e nos arranjos, a cantora chega na dianteira com CD arrojado e moderno
4. Ame ou se Mande, Jussara Silveira (Joia Moderna)
- Uma senhora intérprete em estado de graça em álbum de canções produzido com precisão por Marcelo Costa e Sacha Amback
5. Nó na Orelha, Criolo (sem indicação de gravadora)
- Ao extrapolar o gueto do hip hop, sem perder a atitude de rapper, Criolo retrata o Brasil periférico com discurso humanista
6. Todo Dia É o Fim do Mundo, Lula Queiroga (sem indicação de gravadora)
- Entre as sombras do apocalipse cotidiano, brilha o talento de um compositor iluminado em seu melhor disco e momento
7. Serenade of a Sailor, MoMo (Pimba / Dubas)
- A bordo com seu violão e com belíssimas melodias, o cantor e compositor carioca cruza o mar da solidão em disco tristonho
8. O Oposto de Dizer Adeus, Dan Nakagawa (YB Music)
- Em seu segundo álbum, o compositor paulista apresenta instigante e inquieto repertório autoral situado entre a MPB e o pop
9. Nosso Samba Tá na Rua, Beth Carvalho (Andança / EMI Music)
- Em disco feliz, seu primeiro de inéditas em 15 anos, a sambista reiterou a habilidade de pescar pérolas nos quintais cariocas
10. Indivisível, Zé Miguel Wisnik (Circus)
- Regido pela sofisticação, o compositor jogou pérolas autorais de alto quilate aos poucos que compraram seu belo disco duplo