Resenha de espetáculo musical
Título: Subversões 21
Direção: Stella Miranda
Elenco: Aloisio de Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita
Versões: Aloisio de Abreu e Luis Salém
Cotação: * * * *
Em cartaz no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, até 23 de fevereiro de 2011
Apresentações às terças-feiras e quartas-feiras, às 21h30m. Ingressos a R$ 60
Cult em maio de 1990, quando entrou em cena pela primeira vez nas madrugadas undergrounds da extinta boate carioca Crepúsculo de Cubatão, o espetáculo Subversões é herdeiro do humor cáustico do besteirol, gênero que deu leveza e popularidade ao teatro do Rio de Janeiro (RJ) na década de 80. Passados 21 anos, o espetáculo ganha sua sexta montagem e repõe em cena seu humor corrosivo, deliciosamente abusado e politicamente incorreto. Com título que alude aos 21 anos de sua estreia, Subversões 21 remonta a formação clássica do espetáculo - Aloisio Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita - e preserva sua fórmula original, calcada em (sub)versões de sucessos musicais, geralmente da MPB. Assinadas por Aloisio e Salém, as (sub)versões são feitas com habilidade, respeitando a métrica das composições. Pizzaria Guanabara, por exemplo, clássico que o trio rebobina no roteiro de Subversões 21, tem versos hilários encaixados na melodia de O Estrangeiro (Caetano Veloso, 1989) - no caso, com humor cheio de referências, algumas entendidas somente por quem frequenta ou conhece a fama da famosa pizzaria que abriga boemios e artistas. Das novas (sub)versões, Vai Pastar (Vai Passar, Chico Buarque e Francis Hime, 1982) é um dos destaques por conta dos versos que satirizam a indústria das celebridades sem atravessar o samba. Mas vale ressaltar também Eu Não Lembro (Manhãs de Setembro, Vanusa e Mário Campanha, 1973). Com direito a uma peruca loura, Márcia Cabrita provoca risos ao encarnar uma Vanusa esquecida que põe até versos do Hino Nacional Brasileiro na melodia de seu hit. É claro que nem sempre o humor funciona. Tarja Preta (Tieta, Caetano Veloso, 1996) resultou aquém da habilidade da dupla de versionistas. Samba-reggae por samba-reggae, Bundalada - antiga versão de Nossa Gente (Avisa Lá), hit do Olodum - continua imbatível. Com autorreferentes números de abertura e encerramento (as versões de ...E o Mundo Não se Acabou, We Are the World e, no bis, Se Você Pensa), Subversões 21 diverte porque expõe visão crítica de fatos e comportamentos sem o compromisso de ser político. Somente a letra sob a bissexualidade encaixada na melodia de Tempos Modernos (Lulu Santos, 1981) já vale uma ida ao Teatro dos Quatro, onde o espetáculo vai ficar em cartaz até 23 fevereiro, sempre às terças e quartas-feiras. O riso é garantido. Conhecedora dos códigos do besteirol, a diretora Stella Miranda valoriza os números de plateia, feitos separadamente pelo trio de atores, entre uma e outra (sub)versão. Sem renegar seu passado, de onde resgata pérolas como Meu Nome É Creuza (O Amor e o Poder), o espetáculo Subversões entra na maioridade com frescor adolescente. Dez!
Cult em maio de 1990, quando entrou em cena pela primeira vez nas madrugadas undergrounds da extinta boate carioca Crepúsculo de Cubatão, o espetáculo Subversões é herdeiro do humor cáustico do besteirol, gênero que deu leveza e popularidade ao teatro do Rio de Janeiro (RJ) na década de 80. Passados 21 anos, o espetáculo ganha sua sexta montagem e repõe em cena seu humor corrosivo, deliciosamente abusado e politicamente incorreto. Com título que alude aos 21 anos de sua estreia, Subversões 21 remonta a formação clássica do espetáculo - Aloisio Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita - e preserva sua fórmula original, calcada em (sub)versões de sucessos musicais, geralmente da MPB. Assinadas por Aloisio e Salém, as (sub)versões são feitas com habilidade, respeitando a métrica das composições. Pizzaria Guanabara, por exemplo, clássico que o trio rebobina no roteiro de Subversões 21, tem versos hilários encaixados na melodia de O Estrangeiro (Caetano Veloso, 1989) - no caso, com humor cheio de referências, algumas entendidas somente por quem frequenta ou conhece a fama da famosa pizzaria que abriga boemios e artistas. Das novas (sub)versões, Vai Pastar (Vai Passar, Chico Buarque e Francis Hime, 1982) é um dos destaques por conta dos versos que satirizam a indústria das celebridades sem atravessar o samba. Mas vale ressaltar também Eu Não Lembro (Manhãs de Setembro, Vanusa e Mário Campanha, 1973). Com direito a uma peruca loura, Márcia Cabrita provoca risos ao encarnar uma Vanusa esquecida que põe até versos do Hino Nacional Brasileiro na melodia de seu hit. É claro que nem sempre o humor funciona. Tarja Preta (Tieta, Caetano Veloso, 1996) resultou aquém da habilidade da dupla de versionistas. Samba-reggae por samba-reggae, Bundalada - antiga versão de Nossa Gente (Avisa Lá), hit do Olodum - continua imbatível. Com autorreferentes números de abertura e encerramento (as versões de ...E o Mundo Não se Acabou, We Are the World e, no bis, Se Você Pensa), Subversões 21 diverte porque expõe visão crítica de fatos e comportamentos sem o compromisso de ser político. Somente a letra sob a bissexualidade encaixada na melodia de Tempos Modernos (Lulu Santos, 1981) já vale uma ida ao Teatro dos Quatro, onde o espetáculo vai ficar em cartaz até 23 fevereiro, sempre às terças e quartas-feiras. O riso é garantido. Conhecedora dos códigos do besteirol, a diretora Stella Miranda valoriza os números de plateia, feitos separadamente pelo trio de atores, entre uma e outra (sub)versão. Sem renegar seu passado, de onde resgata pérolas como Meu Nome É Creuza (O Amor e o Poder), o espetáculo Subversões entra na maioridade com frescor adolescente. Dez!
ResponderExcluirMeu Nome é Creuza é ótima, até a Rosana já cantou com o Luis e o Aloisio:
ResponderExcluir"Meu nome é Creuza, só ando de trem."
haha Clássico!