Resenha de CD
Título: Aquele Amor Nem me Fale
Artista: Mariano Marovatto
Gravadora: Bolacha Discos
Cotação: * * * 1/2
Em 1991, sem rumo, os Titãs gravaram um dos discos mais desorientados de sua carreira. Ignorado pelo tempo, o álbum Tudo ao Mesmo Tempo Agora tem um de seus temas, Não É por Não Falar, revivido em ritmo de samba por Mariano Marovatto no seu surpreendente primeiro álbum, Aquele Amor Nem me Fale, recém-lançado pelo selo Bolacha Discos. Com cordas arranjadas de forma inusitada, a guitarra suingante de Davi Moraes e o prato e faca percutidos por Moreno Veloso, a faixa mostra a personalidade deste cantor, compositor e poeta carioca. Produzido pelo próprio Mariano Marovatto, com Jonas Sá no posto de co-piloto, o álbum agrega na ficha técnica um time hypado de músicos da cena indie carioca. Gente como o guitarrista Pedro Sá, o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes, ou seja, o trio que forma a BandaCê, responsável pelo rejuvenescimento do som e do público de Caetano Veloso. Já na autoral canção de amor que abre o disco, Tanto, fica nítido que o som refinado de Marovatto é mix cool de samba, Bossa Nova e pop indie que evoca o som de Los Hermanos, Kassin e Cia. - ou seja, nada tão novo assim. Mas tudo feito paradoxalmente com personalidade. A influência da Bossa Nova é explicitada na moldura que envolve Pra Ela, outra canção autoral que dá o tom romântico do álbum. Já Volta por Cima é pop até a medula com seus ecos de Lulu Santos e Paralamas do Sucesso. A propósito, Pequena Flor é balada que usa e abusa da semelhança com o cancioneiro amoroso de Herbert Vianna. Mas quem há de negar a personalidade de Marovatto depois de ouvir Não Tem Lua, tema de Durval Lélys? Sim, o poeta traz para sua praia carioca a música do repertório do grupo Asa de Águia. E não é que, por trás de toda a vulgaridade da banda baiana, se esconde uma melodia bonita e uma letra de romantismo singelo? O mesmo romantismo, aliás, no qual estão embebidos os versos poéticos de Alice. "Alice tem os olhos da cor do meu jardim / Alice tem sorvete nos dentes / E abraça o braço em mim", diz Marovatto, a respeito de sua musa, a poeta Alice Sant'Anna, encerrando Aquele Amor Nem me Fale no tom plácido que caracteriza este seu oportuno primeiro álbum.
Em 1991, sem rumo, os Titãs gravaram um dos discos mais desorientados de sua carreira. Ignorado pelo tempo, o álbum Tudo ao Mesmo Tempo Agora tem um de seus temas, Não É por Não Falar, revivido em ritmo de samba por Mariano Marovatto no seu surpreendente primeiro álbum, Aquele Amor Nem me Fale, recém-lançado pelo selo Bolacha Discos. Com cordas arranjadas de forma inusitada, a guitarra suingante de Davi Moraes e o prato e faca percutidos por Moreno Veloso, a faixa mostra a personalidade deste cantor, compositor e poeta carioca. Produzido pelo próprio Mariano Marovatto, com Jonas Sá no posto de co-piloto, o álbum agrega na ficha técnica um time hypado de músicos da cena indie carioca. Gente como o guitarrista Pedro Sá, o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes, ou seja, o trio que forma a BandaCê, responsável pelo rejuvenescimento do som e do público de Caetano Veloso. Já na autoral canção de amor que abre o disco, Tanto, fica nítido que o som refinado de Marovatto é mix cool de samba, Bossa Nova e pop indie que evoca o som de Los Hermanos, Kassin e Cia. - ou seja, nada tão novo assim. Mas tudo feito paradoxalmente com personalidade. A influência da Bossa Nova é explicitada na moldura que envolve Pra Ela, outra canção autoral que dá o tom romântico do álbum. Já Volta por Cima é pop até a medula com seus ecos de Lulu Santos e Paralamas do Sucesso. A propósito, Pequena Flor é balada que usa e abusa da semelhança com o cancioneiro amoroso de Herbert Vianna. Mas quem há de negar a personalidade de Marovatto depois de ouvir Não Tem Lua, tema de Durval Lélys? Sim, o poeta traz para sua praia carioca a música do repertório do grupo Asa de Águia. E não é que, por trás de toda a vulgaridade da banda baiana, se esconde uma melodia bonita e uma letra de romantismo singelo? O mesmo romantismo, aliás, no qual estão embebidos os versos poéticos de Alice. "Alice tem os olhos da cor do meu jardim / Alice tem sorvete nos dentes / E abraça o braço em mim", diz Marovatto, a respeito de sua musa, a poeta Alice Sant'Anna, encerrando Aquele Amor Nem me Fale no tom plácido que caracteriza este seu oportuno primeiro álbum.
ResponderExcluirPutz, eu ADORO o Tudo Ao Mesmo Tempo Agora.
ResponderExcluirDiscaço!!!
Acha-o super subestimado.
É que nesse época - ainda uma banda de culhões - os Titãs estavam meio que brigadinhos com a imprensa musical, aí o disco pegou essa pecha de ruim. Sem ser!
Como diria Pauinho da Viola: Coisas do mundo, minha nêga.
PS: Esse cara(Mariano) parece bom, pelo menos anda bem acompanhado.
é preciso coragem mesmo para gravar música do Asa de Águia
ResponderExcluirÉ preciso coragem pra regravar Asa de águia? Sim, especialmente quando a versão ficou inferior à do Asa.
ResponderExcluirFicou beeem inferior na verdade. Não gostei. As outras músicas tão bacanas. Mas ainda começo o ano com os paulistas, os cariocas da turminha do Kassin já tavam me anjoando há tempos.
Agora é Jeneci que não sai do meu radinho.
Primeiro, sobre o disco resenhado. Parece bacana, até pelo bom acompanhamento instrumental (sim, esse pessoal que fica no circuito Banda Cê-Do Amor-underground carioca toca bem). Só essa coisa de usar uma música dita "popular" e torná-la cult é que está se tornando uma coisa meio cansativa...
ResponderExcluirAgora, pegando o assunto que Zé Henrique colocou em pauta: racionalmente, concordo com Mauro. "Tudo ao mesmo tempo agora" (o TAMTA, como dizem os fãs) é um disco em que os Titãs, entorpecidos pela bajulação quase unânime a "Õ Blésq Blom", tocaram um rock burro, de letras simplórias.
Os próprios Titãs meio que tratam o disco de qualquer jeito. Branco Mello já falou: "Fizemos um disco muito só para a gente, uma virada radical demais", ao passo que Sérgio Britto foi curto e grosso: "Foi feito numa época de muita cheiração e um astral duvidoso." Tanto é que a asfixia roqueira foi decisiva para Arnaldo Antunes sair da banda (e iniciou o processo lento que levaria à saída de Nando).
Agora, ora bolas, como diz o mote do Notas Musicais: música é "a mais emocional das formas de arte", não é "a mais racional". E aí, estou com Zé Henrique e não abro. Discaço! Hormonal, virulento, pesado. "Isso para mim é perfume" é das coisas mais catárticas que já ouvi.
Quem duvidar, veja o show do Hollywood Rock de 1992. Os Titãs jantaram Jesus Jones, Seal, Paralamas e quem mais se apresentasse naquela noite de janeiro de 1992. Colocaram fogo na Praça da Apoteose.
Felipe dos Santos Souza
Realmente Felipe, está mais do que manjado e cansativo pegar um sucesso popular e, como outra roupagem, torná-lo cult.
ResponderExcluirÉ que essa rapaziada é pupila de Mano Caetano, aí se explica fácil tal recurso. rsrsr
Essas frases do Branco e Britto devem ter sido recentes, né?
Eu já não levo em conta o que eles fazem ou dizem desde o acústico. Aliás, muito bom.
Essa frase que vc cunhou do Britto se encaixa à perfeição ao Exile On Main Street. Pra muitos - inclusive eu - o melhor disco dos Stones. Sendo assim...
Além do mais, pouco importa o que os artitas dizem sobre sua obra.
Eles, como nós, vão mudando com o tempo. Alguns bem pra pior.
PS: Tinha esse show em VHS...
Showzaço!
Abraço!
Ahhh, Felipe, não entendi tua colocação de rock burro.
ResponderExcluir"Saia de mim" é das letras mais sábias do rock brazuca.
"Já", "Agora", "Não é por não falar"
são bem boas.
Enfim, bom papear contigo.