Título: Meu Segredo Mais Sincero - Músicas de Renato Russo e Legião Urbana
Artista: Leila Pinheiro (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 10 de setembro de 2010
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Sesc Pinheiros (São Paulo, SP) em 22 e 23 de janeiro de 2011
Disco em que Leila Pinheiro aborda a obra de Renato Russo (1960 - 1996), Meu Segredo Mais Sincero (2010) resultou quase monocromático, mas ganhou cores no palco. Faltou ao CD editado pela gravadora Biscoito Fino o tom pop que dá frescor ao show inspirado no álbum. De volta ao cartaz neste fim de semana, em duas apresentações no Sesc Pinheiros de São Paulo (SP), o show foi feito sob a direção da atriz e escritora Denise Bandeira, autora do roteiro urdido com climas variados que permite interpretações mais ensolaradas e mais exteriorizadas de Leila. Como visto na feliz estreia carioca de Meu Segredo Mais Sincero - Músicas de Renato Russo e Legião Urbana, no Teatro Rival em 10 de setembro de 2010, a cantora faz o show quase sempre de pé e, em alguns números, empunha até uma guitarra. O preto e o branco dão o tom apenas em algumas projeções de filmes e fotos que expressam o universo artístico e pessoal de Renato Russo, cuja voz abre e fecha o show através da reprodução de sua gravação de Let's Face the Music and Dance (Irving Berlin, 1936) extraída do primeiro disco solo do cantor, The Stonewall Celebration Concert (1994), do qual, aliás, Leila também pinçou Cherish (1989), sucesso de Madonna, iluminado instante pop de show que peca somente pelo tom bem artificial do primeiro dispensável texto dito pela cantora em cena. Leila entra em cena com a vinheta a capella de Perfeição (1993). Já nos primeiros números, Ainda É Cedo (1985) e Quase sem Querer (1986), já se percebe que a intérprete está cantando para fora. A habitual segurança vocal permite a cantora encarar bem tanto o dueto virtual com Russo em La Solitudine - sucesso da cantora italiana Laura Pausini que o cantor regravou em seu segundo disco solo, Equilíbrio Distante (1995) - quanto os versos quilométricos de Índios (1986). Dentro dessa atmosfera solar, Leila ainda apresenta Daniel na Cova dos Leões (1986) antes de se dirigir ao piano para entoar O Teatro dos Vampiros (1991) e, extrapolando a seleção do disco, Mais uma Vez. Sozinha com seu piano, Leila realça com sua voz e sua alma toda a beleza melódica e poética desta única parceria de Renato com o mineiro Flávio Venturini, (mal) gravada pelo 14 Bis em seu álbum Sete (1987). Na sequência, Leila sublinha - nos tons mais urgentes de registro nervoso - o inconformismo elétrico de Conexão Amazônica (1980 - 1987), tema de Renato e Fê Lemos que pertencia ao cancioneiro da banda Aborto Elétrico. É ainda nesse clima que Leila revive os anseios da Geração Coca-Cola (1985) e que mergulha em Angra dos Reis (1987), tema em que o diretor musical do show, Cláudio Faria, consegue fazer um bom uso dos teclados e programações. Abundantes no disco, os teclados têm sua onipresença diluída no show pela guitarra de Webster Santos, especialmente notável em Tempo Perdido (1986), outro grande momento do roteiro que tangencia o rock com a mesma naturalidade com que esboça leve clima bossa-novista para Leila narrar a saga de Eduardo e Mônica (1986) em dueto de vozes e violões com Maurício Oliveira, cujo baixo largo pontua Por Enquanto (1985), outra boa surpresa do repertório. Em seguida, o hit Pais e Filhos (1989) chega à cena extremamente sedutor, reiterando a supremacia do show sobre o disco. O perfeito equilíbrio de climas do roteiro faz com que o show nunca fique linear. Se Boomerang Blues (1986) pega rota estradeira para evocar um blues primitivo, quase rural, Música Urbana 2 (1986) capta a efervescência urgente das metrópoles. E, já no fim, a bateria de João Viana sublinha o peso do medley que costura a citação de Que País É Este? (1978 - 1987) com Será (1985). Aos 50 anos de vida e 30 anos e alguns meses de carreira sincera (embora já irregular), Leila Pinheiro ainda tem segredos para revelar ao seu público no palco...
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Disco em que Leila Pinheiro aborda a obra de Renato Russo (1960 - 1996), Meu Segredo Mais Sincero (2010) resultou quase monocromático, mas ganhou cores no palco. Faltou ao CD editado pela gravadora Biscoito Fino o tom pop que dá frescor ao show inspirado no álbum. De volta ao cartaz neste fim de semana, em duas apresentações no Sesc Pinheiros de São Paulo (SP), o show foi feito sob a direção da atriz e escritora Denise Bandeira, autora do roteiro urdido com climas variados que permite interpretações mais ensolaradas e exteriorizadas de Leila. Como visto na feliz estreia carioca de Meu Segredo Mais Sincero - Músicas de Renato Russo e Legião Urbana, no Teatro Rival em 10 de setembro de 2010, a cantora faz o show quase sempre de pé e, em alguns números, empunha até uma guitarra. O preto e o branco dão o tom apenas em algumas projeções de filmes e fotos que expressam o universo artístico e pessoal de Renato Russo, cuja voz abre e fecha o show através da reprodução de sua gravação de Let's Face the Music and Dance (Irving Berlin, 1936) extraída do primeiro disco solo do cantor, The Stonewall Celebration Concert (1994), do qual, aliás, Leila também pinçou Cherish (1989), sucesso de Madonna, iluminado instante pop de show que peca somente pelo tom bem artificial do primeiro dispensável texto dito pela cantora em cena.
É com a vinheta a capella de Perfeição (1993) que Leila entra em cena. Já nos primeiros números, Ainda É Cedo (1985) e Quase sem Querer (1986), já se percebe que a intérprete está cantando para fora. A habitual segurança vocal permite a cantora encarar bem tanto o dueto virtual com Russo em La Solitudine - sucesso da cantora italiana Laura Pausini que o cantor regravou em seu segundo disco solo, Equilíbrio Distante (1995) - quanto os versos quilométricos de Índios (1986). Dentro dessa atmosfera solar, Leila ainda apresenta Daniel na Cova dos Leões (1986) antes de se dirigir ao piano para entoar O Teatro dos Vampiros (1991) e, extrapolando a seleção do disco, Mais uma Vez. Sozinha com seu piano, Leila realça com sua voz e sua alma toda a beleza melódica e poética desta única parceria de Renato com o mineiro Flávio Venturini, (mal) gravada pelo 14 Bis em seu álbum Sete (1987). Na sequência, Leila sublinha - nos tons mais urgentes de registro nervoso - o inconformismo elétrico de Conexão Amazônica (1980 - 1987), tema de Renato e Fê Lemos que pertencia ao cancioneiro da banda Aborto Elétrico. É ainda nesse clima que Leila revive os anseios da Geração Coca-Cola (1985) e que mergulha em Angra dos Reis (1987), tema em que o diretor musical do show, Cláudio Faria, consegue fazer um bom uso dos teclados e programações. Abundantes no disco, os teclados têm sua onipresença diluída no show pela guitarra de Webster Santos, especialmente notável em Tempo Perdido (1986), outro grande momento do roteiro que tangencia o rock com a mesma naturalidade com que esboça leve clima bossa-novista para Leila narrar a saga de Eduardo e Mônica (1986) em dueto de vozes e violões com Maurício Oliveira, cujo baixo largo pontua Por Enquanto (1985), outra boa surpresa do repertório. Em seguida, o hit Pais e Filhos (1989) chega à cena extremamente sedutor, reiterando a supremacia do show sobre o disco. O perfeito equilíbrio de climas do roteiro faz com que o show nunca fique linear. Se Boomerang Blues (1986) pega rota estradeira para evocar um blues primitivo, quase rural, Música Urbana 2 (1986) capta a efervescência urgente das metrópoles. E, já no fim, a bateria de João Viana sublinha o peso do medley que costura a citação de Que País É Este? (1978 - 1987) com Será (1985). Aos 50 anos de vida e 30 anos e alguns meses de carreira sincera (embora já irregular), Leila Pinheiro ainda tem segredos para revelar ao seu público no palco.
Eu realmente queria assistir esse show *-*
Espero que venha a Recife. Gostei do disco de estúdio... Deve ser lindo ela começar com Perfeição.
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