Mauro Ferreira no G1

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

'Sinfonia & Batuques' expõe a versatilidade da percussão genial de Naná

Resenha de CD
Título: Sinfonia & Batuques
Artista: Naná Vasconcelos
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * * * 1/2

Naná Vasconcelos é um percussionista genial até debaixo d'água. Em seu disco Sinfonia & Batuques, recém-lançado de forma independente, o músico pernambucano combina o baticum com cordas sinfônicas e experimenta o uso de células rítmicas obtidas a partir da fricção da água. As experiências aquáticas moldam faixas como Lamentos, Menininha Mãe - em que um coral infantil de vozes femininas saúda a ialorixá baiana Maria Escolástica da Conceição Nazaré (1894 - 1986), a lendária Mãe Menininha de Gantois - e Batuque das Águas, esta unida em medley com Aquela do Milton, tema que Naná gravou originalmente em seu álbum Bush Dance (1987) e que, de fato, evoca o universo musical de Milton Nascimento. Em Lamentos, a ideia foi evocar o som das águas revolvidas por um navio negreiro que singra no mar revolto da escravidão. Fora do universo aquático, Sinfonia & Batuques transita em águas mais plácidas por samba (Mistério), peça camerística (Canção para Naniti, criação de Luz Morena, a filha pianista de Naná) e xaxado (Pó de Chinelo, urdido a partir da fricção do chinelo de Naná em piso de madeira). A faixa-título é a que sintetiza de forma mais clara a fusão da batucada com o universo sinfônico nesta viagem que parece iniciar e terminar na África. Em Santa Maria, Naná se vale de seu berimbau magistral para tocar o tema do compositor angolano Kituche. Já em Chorrindo o músico recorre somente a sua voz, usada como percussão para simular sons de choro e riso. E tudo acaba no tom percussivo do maracatu, mote da recriação de Recife Nagô, tema do compositor J. Michiles. Seja na África ou em Pernambuco, a sinfonia percussiva de Naná Vasconcelos soa nobre neste CD que expõe toda a versatilidade do músico.

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Naná Vasconcelos é um percussionista genial até debaixo d'água. Em seu disco Sinfonia & Batuques, recém-lançado de forma independente, o músico pernambucano combina o baticum com cordas sinfônicas e experimenta o uso de células rítmicas obtidas a partir da fricção da água. As experiências aquáticas moldam faixas como Lamentos, Menininha Mãe - em que um coral infantil de vozes femininas saúda a ialorixá baiana Maria Escolástica da Conceição Nazaré (1894 - 1986), a lendária Mãe Menininha de Gantois - e Batuque das Águas, esta unida em medley com Aquela do Milton, tema que Naná gravou originalmente em seu álbum Bush Dance (1987) e que, de fato, evoca o universo musical de Milton Nascimento. Em Lamentos, a ideia foi evocar o som das águas revolvidas por um navio negreiro que singra no mar revolto da escravidão. Fora do universo aquático, Sinfonia & Batuques transita em águas mais plácidas por samba (Mistério), peça camerística (Canção para Naniti, criação de Luz Morena, a filha pianista de Naná) e xaxado (Pó de Chinelo, urdido a partir da fricção do chinelo de Naná em piso de madeira). A faixa-título é a que sintetiza de forma mais clara a fusão da batucada com o universo sinfônico nesta viagem que parece iniciar e terminar na África. Em Santa Maria, Naná se vale de seu berimbau magistral para tocar o tema do compositor angolano Kituche. Já em Chorrindo o músico recorre somente a sua voz, usada como percussão para simular sons de choro e riso. E tudo acaba no tom percussivo do maracatu, mote da recriação de Recife Nagô, tema do compositor J. Michiles. Seja na África ou em Pernambuco, a sinfonia percussiva de Naná Vasconcelos soa nobre neste CD que expõe toda a versatilidade do músico.

Fábio Passadisco disse...

Mais um disco genial do maior percussionista do mundo!