Mauro Ferreira no G1

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domingo, 30 de janeiro de 2011

Sob lona pop carioca, Machete confirma evolução sem armar todo o circo

Resenha de show 
Título: Extravaganza
Artista: Silvia Machete (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de janeiro de 2011
Cotação: * * * *

Incensada pela crítica por conta do álbum Extravaganza, presença recorrente nas listas de melhores discos de 2010, Silvia Machete confirmou sua evolução e justificou os elogios ao entrar em cena sob a lona pop do Circo Voador aos primeiros minutos deste domingo, 30 de janeiro de 2011. A reapresentação do show Extravaganza no Rio de Janeiro - em noite dividida com Tulipa, outra eleita da crítica em 2010 - seduziu o público que não chegou a lotar o Circo, mas ficou satisfeito com a performance da cantora e compositora carioca. Sim, mesmo sem armar todo o circo, como em seu show anterior, Machete continua performática em cena, seja distribuindo gelo para o público ao fim de Toda Bêbada Canta (Silvia Machete), orquestrando de forma lúdica o coro da plateia em Underneath the Mango Tree (Monty Norman) - calypso popularizado na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No (1962) - ou se contorcendo de forma erótica em torno do contrabaixo acústico usado como elemento cênico na sensual O Baixo (Silvia Machete). Contudo, o uso eventual de suas habilidades circenses já não tira o foco do canto seguro da artista e da fina musicalidade posta a serviço de delicioso repertório. A latinidade sem clichês de temas como Tropical Extravaganza - música de Fabiano Krieger, diretor musical do disco que inspirou o show - soa bem na voz afinada de Machete. Nem sempre extravagante, o show abre com pérola da lavra ainda pouco explorada de de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a artista faz caras e bocas ao cantar Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up)  - seu melhor número em tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009 - e entremeia algumas músicas de seu primeiro disco, caso de Foi Ela (Sérgio Sampaio), enquanto apresenta as joias pós-tropicalistas que gravou no álbum Extravaganza, com destaque para Sábado e Domingo (Domenico Lancelotti e Alberto Continentino) e para Manjar de Reis (Nelson Jacobina e Jorge Mautner). Dentro dessa estética pop carnavalizante, cabe tanto um samba como Meu Gato (Rubinho Jacobina) quanto um tema anticlímax como Fim de Festa (Fabiano Krieger), alocado no bis encerrado de forma abrupta. Na comparação com a ótima estreia carioca do show Extravaganza, em 10 agosto de 2010 no Espaço Tom Jobim, a apresentação do Circo Voador omitiu alguns bons números. A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz politizada da cantora argentina Mercedes Sosa (1935 - 2009) - e Feminino Frágil (música de Erasmo Carlos, letrada com sensibilidade por Machete) foram ausências sentidas por quem conhece o cancioneiro do disco Extravaganza. Assim como os comentários espirituosos da artista, mais presentes na estreia carioca. Ainda assim, a oportuna volta do show ao Rio de Janeiro (RJ) reiterou o momento inspirado de Silvia Machete.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Incensada pela crítica por conta do álbum Extravaganza, presença recorrente nas listas de melhores discos de 2010, Silvia Machete confirmou sua evolução e justificou os elogios ao entrar em cena sob a lona pop do Circo Voador aos primeiros minutos deste domingo, 30 de janeiro de 2011. A reapresentação do show Extravaganza no Rio de Janeiro - em noite dividida com Tulipa, outra eleita da crítica em 2010 - seduziu o público que não chegou a lotar o Circo, mas ficou satisfeito com a performance da cantora e compositora carioca. Sim, mesmo sem armar todo o circo, como em seu show anterior, Machete continua performática em cena, seja distribuindo gelo para o público ao fim de Toda Bêbada Canta (Silvia Machete), orquestrando de forma lúdica o coro da plateia em Underneath the Mango Tree (Monty Norman) - calypso popularizado na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No (1962) - ou se contorcendo de forma erótica em torno do contrabaixo acústico usado como elemento cênico na sensual O Baixo (Silvia Machete). Contudo, o uso eventual de suas habilidades circenses já não tira o foco do canto seguro da artista e da fina musicalidade posta a serviço de delicioso repertório. A latinidade sem clichês de temas como Tropical Extravaganza - música de Fabiano Krieger, diretor musical do disco que inspirou o show - soa bem na voz afinada de Machete. Nem sempre extravagante, o show abre com pérola da lavra ainda pouco explorada de de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a artista faz caras e bocas ao cantar Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up) - seu melhor número em tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009 - e entremeia algumas músicas de seu primeiro disco, caso de Foi Ela (Sérgio Sampaio), enquanto apresenta as joias pós-tropicalistas que gravou no álbum Extravaganza, com destaque para Sábado e Domingo (Domenico Lancelotti e Alberto Continentino) e para Manjar de Reis (Nelson Jacobina e Jorge Mautner). Dentro dessa estética pop carnavalizante, cabe tanto um samba como Meu Gato (Rubinho Jacobina) quanto um tema anticlímax como Fim de Festa (Fabiano Krieger), alocado no bis encerrado de forma abrupta. Na comparação com a ótima estreia carioca do show Extravaganza, em 10 agosto de 2010 no Espaço Tom Jobim, a apresentação do Circo Voador omitiu alguns bons números. A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz politizada da cantora argentina Mercedes Sosa (1935 - 2009) - e Feminino Frágil (música de Erasmo Carlos, letrada com sensibilidade por Machete) foram ausências sentidas por quem conhece o cancioneiro do disco Extravaganza. Assim como os comentários espirituosos da artista, mais presentes na estreia carioca. Ainda assim, a oportuna volta do show ao Rio de Janeiro (RJ) reiterou o momento inspirado de Silvia Machete.

Guilherme disse...

Mauro, falando em Circo Voador, vai ter resenha do show do Vampire Weekend? Abraços!

Mauro Ferreira disse...

oi, Guilherme, não descarto a ideia, mas acho que não. Estou numa semana cheia de trabalho e pretendo fazer a resenha do novo show de Thalma de Freitas na quarta e o do Almaz na sexta. Abs, MauroF