segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entre hits dos 80, Cyndi emerge elétrica das águas lamacentas do blues

Resenha de Show
Título: Memphis Blues
Artista: Cyndi Lauper (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 20 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * *
Agenda da turnê nacional do show Memphis Blues, de Cyndi Lauper
22 e 23 de fevereiro de 2011 - Via Funchal (São Paulo, SP)
25 de fevereiro de 2011 - Atlanta Music Hall (Goiânia, GO)
26 de fevereiro de 2011 - Centro de Convenções Pantanal (Cuiabá, MT)
27 de fevereiro de 2011 - Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília, DF)
1º de março de 2011 - Teatro do Bourbon Country (Porto Alegre, RS)

Já se foram as cores berrantes dos anos 80. No palco, Cyndi Lauper prefere o preto, mais de acordo com o blues que propaga em seu 11º álbum de estúdio, Memphis Blues (2010), lançado no Brasil pelo selo Lab 344. Mas a voz - potente, enérgica, aguda - continua com a mesma força da década que projetou a artista norte-americana, como ficou comprovado na ótima apresentação carioca da turnê nacional que estreou no Recife (PE) em 19 de fevereiro de 2011 e passa esta semana por São Paulo (SP), Goiânia (GO), Cuiabá (MT) e Brasília (DF), culminando com show em Porto Alegre (RS) em 1º de março. Numa era em que boa parte das intérpretes dos Estados Unidos soterra seu canto sob as batidas estéreis dos produtores do momento, Lauper se garante com sua voz, sua banda azeitadissíma - apresentada com orgulho pela artista no início e no fim do show que animou o público que encheu a casa Vivo Rio na noite de 20 de fevereiro - e sua capacidade de se renovar. Até mesmo os hits inevitáveis em seus shows são apresentados com arranjos cheios de frescor - caso de The Goonies 'R' Good Enough, envolvido numa suingante batida percussiva que destacou a presença da brasileira Lan Lan na banda, que incorporou o saxofonista Leo Gandelman em números como I Don't Want to Cry (balada gravada por Lauper com Gandelman para a edição brasileira de Memphis Blues), Don't Cry no More e a sempre irresistível Girls Just Want to Have Fun, repaginada no longo bis que teve Sally's Pigeons (em versão a capella), True Colors e Time After Time. Além da voz na melhor das formas, Lauper mostrou energia e vitalidade que desmentem os 58 anos que vai completar neste ano de 2011. Já no primeiro número, o blues Just Your Fool, ela se mostrou elétrica. E assim, elétrica,  permaneceu durante todo o show, se movimentando pelo palco e eventualmente até descendo para a plateia, como em Crossroads.  Em cena, Lauper se mostrou uma convicente blueswoman, simulando com interpretações vigorosas o sentimento jorrado nesses temas pelos compositores imersos desde sempre nas águas lamacentas do blues. E, justiça seja feita, Lauper consegue equilibrar no roteiro as músicas de Memphis Blues - "Ninguém comprou o disco, né?", brincou à certa altura do show - com os sucessos que seus fãs querem ouvir. Dos hits, apenas I Drove All Night foi esquecido. Lauper cantou She Bop, All Through the Night e os hinos que, em meados dos anos 80, fizeram da cantora uma rival para Madonna. Os anos 80 e 90 se passaram, Madonna foi entronizada como rainha do pop e Cyndi Lauper nem sempre permaneceu sob os holofotes. Contudo, o tempo tem lhe feito muito bem, como reitera este show tão vigoroso quanto o feito pela artista em sua última passagem pelo Brasil, em 2008. Aos 57 anos, Lauper continua uma garota divertida no palco.

4 comentários:

  1. Já se foram as cores berrantes dos anos 80. No palco, Cyndi Lauper prefere o preto, mais de acordo com o blues que propaga em seu 11º álbum de estúdio, Memphis Blues (2010), lançado no Brasil pelo selo Lab 344. Mas a voz - potente, enérgica, aguda - continua com a mesma força da década que projetou a artista norte-americana, como ficou comprovado na ótima apresentação carioca da turnê nacional que estreou no Recife (PE) em 19 de fevereiro de 2011 e passa esta semana por São Paulo (SP), Goiânia (GO), Cuiabá (MT) e Brasília (DF), culminando com show em Porto Alegre (RS) em 1º de março. Numa era em que boa parte das intérpretes dos Estados Unidos soterra seu canto sob as batidas estéreis dos produtores do momento, Lauper se garante com sua voz, sua banda azeitadissíma - apresentada com orgulho pela artista no início e no fim do show que animou o público que encheu a casa Vivo Rio na noite de 20 de fevereiro - e sua capacidade de se renovar. Até mesmo os hits inevitáveis em seus shows são apresentados com arranjos cheios de frescor - caso de The Goonies 'R' Good Enough, envolvido numa suingante batida percussiva que destacou a presença da brasileira Lan Lan na banda, que incorporou o saxofonista Leo Gandelman em números como I Don't Want to Cry (balada gravada por Lauper com Gandelman para a edição brasileira de Memphis Blues), Don't Cry no More e a sempre irresistível Girls Just Want to Have Fun, repaginada no longo bis que teve Sally Pigeons (em versão a capella), True Colors e Time After Time. Além da voz na melhor das formas, Lauper mostrou energia e vitalidade que desmentem os 58 anos que vai completar neste ano de 2011. Já no primeiro número, o blues Just Your Fool, ela se mostrou elétrica. E assim, elétrica, permaneceu durante todo o show, se movimentando pelo palco e eventualmente até descendo para a plateia, como em Crossroads. Em cena, Lauper se mostrou uma convicente blueswoman, simulando com interpretações vigorosas o sentimento jorrado nesses temas pelos compositores imersos desde sempre nas águas lamacentas do blues. E, justiça seja feita, Lauper consegue equilibrar no roteiro as músicas de Memphis Blues - "Ninguém comprou o disco, né?", brincou à certa altura do show - com os sucessos que seus fãs querem ouvir. Dos hits, apenas I Drove All Night foi esquecido. Lauper cantou She Bop, All Through the Night e os hinos que, em meados dos anos 80, fizeram da cantora uma rival para Madonna. Os anos 80 e 90 se passaram, Madonna foi entronizada como rainha do pop e Cyndi Lauper nem sempre permaneceu sob os holofotes. Contudo, o tempo tem lhe feito muito bem, como reitera este show tão vigoroso quanto o feito pela artista em sua última passagem pelo Brasil, em 2008. Aos 57 anos, Lauper continua uma garota divertida no palco.

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  2. cyndi se apagou porque seu terceiro disco não foi como os dois primeiros. madonna segui lançando discos cada vez mais inovadores.

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  3. C. Lauper cedeu menos ao mercado e à pressão do sucesso fácil. Creio Luca que você não conheça bem a discografia de Cyndi, pois esta sempre foi muito mais diversa que Madonna: pois tem além de pop, disco natalino, de clássicos, eletrônico, blues, new wage... Madonna sempre fez um pop muito bem feito, superexplorando a imagem, mas pouco se arriscou fora dessa seara pois não tem o que sobra a Cyndi: voz!

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  4. Fui nesse ultimo show, e a garota de 57 anos arrasou mais uma vez, e com uma proeza, sem back vocals, ela fez questão de realmente mostrar a que veio, soltou a voz sem dó...
    Coitada da Madonna, q continua usando de artifícios eletrônicos pra enganar que tem voz!

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