Resenha de CD
Título: Junte Tudo que É Seu... - Canções de Custódio Mesquita em Voz e Piano
Artista: Carlos Navas
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2
Quatro anos após dedicar seu CD Quando o Samba Acabou (2007) ao repertório do cantor Mário Reis (1907 - 1981), celebrando o centenário de nascimento desse intérprete de voz macia que desafiou o padrão vocal masculino que imperou até a revolução feita pela Bossa Nova, o cantor paulistano Carlos Navas aborda com classe o repertório de Custódio Mesquita (1910 - 1945), um dos compositores mais refinados dessa época pré-Bossa. Eventualmente lembrado como o "Tom Jobim dos anos 30 e 40" pela sofisticação das melodias e harmonias de seu cancioneiro, o parceiro de Evaldo Ruy no samba-canção Saia do Caminho (1946) não foi devidamente celebrado em 2010 por seu centenário de nascimento. Uma das poucas homenagens foi o show que Navas estreou em setembro de 2010. Lançado neste início de 2011, o CD Junte Tudo que É Seu... - Canções de Custódio Mesquita em Voz e Piano é justamente o oportuno registro de estúdio desse show. A voz, aveludada, é obviamente a de Navas. O piano é o do arranjador Gustavo Sarzi, que, embora virtuoso, soa insuficiente nos sambas como Mentirosa (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1941), Doutor em Samba (1933, sucesso de Mário Reis), Adivinhe Coração (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) - lançado pela cantora Isaura Garcia (1919 - 1993) - e Prazer em Conhecê-lo (1932), única parceria de Custódio com Noel Rosa (1910 - 1937). Não fosse por tal insuficiência, o disco transcorreria irretocável. Somente a faixa de abertura, Velho Realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral, 1940), já valeria o CD. Navas oferece uma das melhores interpretações dessa valsa tão bela quanto triste. Na sequência, o cantor joga luz sobre outra joia - esta até então completamente esquecida - do rico baú do compositor. Trata-se da Valsa do meu Subúrbio (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944), tão triste e (quase) tão bela quanto a Valsa do Realejo. Se o fox Nada Além (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1938) é revivido por Navas em harmonioso dueto com Rosa Marya Collin, o samba-canção Nossa Comédia (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) põe em cena a voz de Alzira E. No todo, temas como o rebuscado Noturno em Tempo de Samba (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) e Enquanto Houver Saudade (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1938) se ajustam bem ao formato voz-e-piano, reiterando o refinamento melódico e poético desse lírico cancioneiro de Custódio, honrado por Carlos Navas.
Quatro anos após dedicar seu CD Quando o Samba Acabou (2007) ao repertório do cantor Mário Reis (1907 - 1981), celebrando o centenário de nascimento desse intérprete de voz macia que desafiou o padrão vocal masculino que imperou até a revolução feita pela Bossa Nova, o cantor paulistano Carlos Navas aborda com classe o repertório de Custódio Mesquita (1910 - 1945), um dos compositores mais refinados dessa época pré-Bossa. Eventualmente lembrado como o "Tom Jobim dos anos 30 e 40" pela sofisticação das melodias e harmonias de seu cancioneiro, o parceiro de Evaldo Ruy no samba-canção Saia do Caminho (1946) não foi devidamente celebrado em 2010 por seu centenário de nascimento. Uma das poucas homenagens foi o show que Navas estreou em setembro de 2010. Lançado neste início de 2011, o CD Junte Tudo que É Seu... - Canções de Custódio Mesquita em Voz e Piano é justamente o oportuno registro de estúdio desse show. A voz, aveludada, é obviamente a de Navas. O piano é o do arranjador Gustavo Sarzi, que, embora virtuoso, soa insuficiente nos sambas como Mentirosa (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1941), Doutor em Samba (1933, sucesso de Mário Reis), Adivinhe Coração (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) - lançado pela cantora Isaura Garcia (1919 - 1993) - e Prazer em Conhecê-lo (1932), única parceria de Custódio com Noel Rosa (1910 - 1937). Não fosse por tal insuficiência, o disco transcorreria irretocável. Somente a faixa de abertura, Velho Realejo (Custódio Mesquita e Sadi Cabral, 1940), já valeria o CD. Navas oferece uma das melhores interpretações dessa valsa tão bela quanto triste. Na sequência, o cantor joga luz sobre outra joia - esta até então completamente esquecida - do rico baú do compositor. Trata-se da Valsa do meu Subúrbio (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944), tão triste e (quase) tão bela quanto a Valsa do Realejo. Se o fox Nada Além (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1938) é revivido por Navas em harmonioso dueto com Rosa Marya Collin, o samba-canção Nossa Comédia (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) põe em cena a voz de Alzira E. No todo, temas como o rebuscado Noturno em Tempo de Samba (Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, 1944) e Enquanto Houver Saudade (Custódio Mesquita e Mário Lago, 1938) se ajustam bem ao formato voz-e-piano, reiterando o refinamento melódico e poético desse lírico cancioneiro de Custódio, honrado por Carlos Navas.
ResponderExcluirO revoltante é que um intérprete como Carlos Navas passa despercebido pela maior parte da mídia enquanto rola tanta coisa de baixa qualidade por aí...
ResponderExcluirmaravilhoso é pouco para definir tanta beleza...Enquanto houver saudade...é demais!!!
ResponderExcluirNão conheço todo o repertório, mas creio que Navas não incluiu uma parceria de Mesquita com meu avô, Edgar Proença, aqui do Pará, chamada "Mês de Maio", gravada, creio, por Orlando Silva e Carlos Galhardo. Uma pena, para mim, claro, e para o público, penso, pois é muito bonita.
ResponderExcluirESTE CD CONTÉM TEXTO DE MINHA AUTORIA, PUBLICADO SEM AUTORIZAÇÃO, ALÉM DA UTILIZAÇÃO DE ARRANJOS CRIADOS PELO PIANISTA DE MINHA EQUIPE ARTÍSTICA - GUSTAVO SARZI, QUE TAMBÉM ATUA EM DUO COM O REFERIDO CANTOR -, PARCERIA NÃO-EFETIVADA CONTRATUALMENTE, QUE DEVERÁ IMPLICAR PROCESSO FUTURO (LEIA-SE, NESSA SEMANA).
ResponderExcluirTAL INFORMAÇÃO SEGUE À GUISA DE ALERTA PARA QUE JOVENS ARTISTAS TALENTOSOS NÃO CAIAM EM PROPOSTAS DE TRABALHO COM REMUMERAÇÃO APALAVRADA, COMO, DENTRE OUTROS FATOS, OCORRERA COM SARZI (CUJA QUALIDADE DE TRABALHO E HONESTIDADE PROFISSIONAL JÁ FORAM RECONHECIDOS POR AMELIA RABELLO, OLIVIA BYINGTON, FRANCIS HIME, NOVELLI E DEMAIS ARTISTAS COM QUEM TRABALHOU NO ÁLBUM CACASO - QUE SAIRÁ NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2011 - DENTRE OUTROS PROJETOS COM MARQUES LUIZ EM MUSICAIS E CDS.
OUTRO PONTO: A IDEIA ORIGINAL DESSE PROJETO FORA MINHA, CONFORME SE RATIFICA POR TESTEMUNHAS QUE GRAVARIAM UM ÁLBUM TEMÁTICO PELA CPC-UMES SOBRE A OBRA DE C. MESQUITA.
PARA QUEM SE INTERESSAR NO ASSUNTO - O QUE ACHO POUCO PROVÁVEL -, MAIS INFORMAÇÕES NO SEGMENTO MUSICAL SOVACO DE COBRA, DO UOL, E NA REVISTA RETRADOS DO BRASIL, PARA QUAL DAREMOS UM DEPOIMENTO NESTA SEMANA, PARA PRÓXIMA EDIÇÃO.
ATENCIOSAMENTE
HERON COELHO
PRODUTOR E DIRETOR TEATRAL/MUSICAL