Parafraseando o título da música de Fábio e Paulo Imperial, gravada por Sandra de Sá em 1982, precisamos urgentemente falar com Cassiano e dar as flores em vida a este gênio da soul music à moda brasileira, tão importante quanto Tim Maia (1942 - 1998) na tradução desse ritmo norte-americano para o idioma musical nacional. Ganchos não faltam para providencial redescoberta do autor de Primavera (Vai Chuva) pela mídia neste ano de 2011. Faz 40 anos que Cassiano lançou seu primeiro disco solo, o álbum Imagem e Som (RCA, 1971). Faz 20 que lançou o último, Cedo ou Tarde (Sony Music, 1991), trabalho revisionista gravado ao lado de fãs ilustres como Marisa Monte. A menos que tenha morrido no mesmo silêncio em que passou os últimos anos, Genival Cassiano está com 67 anos, pois nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em 16 de setembro de 1943. Por ser nordestino, poderia ter trilhado com seu suingue os nobres caminhos forrozeiros que deram fama a vários conterrâneos seus. Contudo, Cassiano pautou sua obra por outros caminhos musicais. Embebido do suingue da música negra norte-americana, notadamente a soul music e o rhythm and blues, Cassiano construiu obra original, de harmonias ricas e acento todo próprio que tornaram sua música menos palatável para ouvidos habituados ao padronizado pop radiofônico. Ainda assim, Cassiano emplacou definitivamente nada menos do que três baladas no cancioneiro nacional. Além de Primavera (Vai Chuva), propagada pelo vozeirão de Tim Maia em 1970, Cassiano é o autor de Coleção e A Lua e Eu, sucessos de seu terceiro álbum, Cuban Soul - 18 Kilates (Polydor, 1976), popularizados em novelas exibidas pela TV Globo. Contudo, o relativo sucesso comercial deste disco não impediu a implosão da carreira fonográfica do artista. Talvez por seu temperamento difícil e pela inabilidade de aceitar as regras e leis da indústria da música, Cassiano se retirou no auge. Chega a ser inacreditável que tenha gravado apenas quatro álbuns em 40 anos de carreira solo. Apesar do nome típico de álbuns de estreantes, Apresentamos Nosso Cassiano (Odeon, 1973) foi o segundo título da trilogia fundamental dos anos 70, deixada como legado por este artista singular que não deve permanecer esquecido. Muita música boa também jaz esquecida nestes discos, caso de Onda, revivida por Thalma de Freitas no recente show Asé. Enfim, Cassiano é um gênio e, como tal, merece ser reverenciado. Precisamos urgentemente falar com essa lenda do soul nacional para saber como Cassiano está, o que pensa e o que faz.
13 comentários:
Parafraseando o título da música de Fábio e Paulo Imperial, gravada por Sandra de Sá em 1982, precisamos urgentemente falar com Cassiano e dar as flores em vida a este gênio da soul music à moda brasileira, tão importante quanto Tim Maia (1942 - 1998) na tradução desse ritmo norte-americano para o idioma musical nacional. Ganchos não faltam para providencial redescoberta do autor de Primavera (Vai Chuva) pela mídia neste ano de 2011. Faz 40 anos que Cassiano lançou seu primeiro disco solo, o álbum Imagem e Som (RCA, 1971). Faz 20 que lançou o último, Cedo ou Tarde (Sony Music, 1991), trabalho revisionista gravado ao lado de fãs ilustres como Marisa Monte. A menos que tenha morrido no mesmo silêncio em que passou os últimos anos, Genival Cassiano está com 67 anos, pois nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em 16 de setembro de 1943. Por ser nordestino, poderia ter trilhado com seu suingue os nobres caminhos forrozeiros que deram fama a vários conterrâneos seus. Contudo, Cassiano pautou sua obra por outros caminhos musicais. Embebido do suingue da música negra norte-americana, notadamente a soul music e o rhythm and blues, Cassiano construiu obra original, de harmonias ricas e acento todo próprio que tornaram sua música menos palatável para ouvidos habituados ao padronizado pop radiofônico. Ainda assim, Cassiano emplacou definitivamente nada menos do que três baladas no cancioneiro nacional. Além de Primavera (Vai Chuva), propagada pelo vozeirão de Tim Maia em 1970, Cassiano é o autor de Coleção e A Lua e Eu, sucessos de seu terceiro álbum, Cuban Soul - 18 Kilates (Polydor, 1976), popularizados em novelas exibidas pela TV Globo. Contudo, o relativo sucesso comercial deste disco não impediu a implosão da carreira fonográfica do artista. Talvez por seu temperamento difícil e pela inabilidade de aceitar as regras e leis da indústria da música, Cassiano se retirou no auge. Chega a ser inacreditável que tenha gravado apenas quatro álbuns em 40 anos de carreira solo. Apesar do título típico de álbuns de estreantes, Apresentamos Nosso Cassiano (Odeon, 1973) foi o segundo título da trilogia fundamental dos anos 70, deixada como legado por este artista singular que não deve permanecer esquecido. Muita música boa também jaz esquecida nestes discos, caso de Onda, revivida por Thalma de Freitas no recente show Asé. Enfim, Cassiano é um gênio e, como tal, merece ser reverenciado. Precisamos urgentemente falar com essa lenda do soul nacional para saber como Cassiano está, o que pensa e o que faz.
Muito bom, Mauro!
É realmente inacreditável um cara como esse ficar escanteado.
Eu tô sempre ouvindo, o som dele quando pega não larga mais.
Lembro que o Ed Motta(grande fã dele) fez uma coletânea do cara caprichada há uns 10 anos.
As vezes quando ouço seu som, pensava: Por que o cara não aparece? Ninguém fala dele? Será que morreu?
O Hyldon de vez em quando dá as caras...
É estranho, pois hoje em dia com tantos selos, com tantos caminhos... E ninguém querer gravar um cd com o cara.
Ninguém mais depende de meia dúzia de gravadoras escrotas(com o perdão da palavra) como antigamente.
Só posso pensar que ele que não quer mais.
Enfim, VALEU o post!!!
"No hall da fama nem todos são e nem todos estão"
Repito um comentário que Luc, um leitor deste blog que anda sumido (acho que não é o luc_aguiar), fez sobre Gonzaguinha. Cabe à perfeição para comentar este oportuno post:
"Chapeau, Mauro. É isso mesmo."
Vou além: eu me lembro de uma Ivete Sangalo novinha, ali por 1997, dizendo que havia chapado, assistindo ao clipe de "Coleção", no Fantástico, em 1976. Dali para frente, ficou doida por Cassiano.
A mesma "Coleção" que a Banda Eva gravaria, em 1997. Quando Ivete já era uma artista popular, fazia sucesso (que a levaria à carreira solo, dois anos mais tarde), mas ainda dava esperanças de que não seria a artista populistóide que hoje é.
Pena não ter seguido o exemplo de Cassiano. Discreto até demais, mas um artista lendário. Assim como o "companheiro de reclusão" Elomar.
Felipe dos Santos Souza
Kracas, Mauro. Você falou absolutamente tudo o que eu penso sobre essa lenda do soul, um dos maiores gênios da nossa música. Impressionante: os três discos que ele lançou nos anos 70 são brilhantes!!!
Do primeiro (1971), pinço "Já", "O caso das bossas" (de Zil Rosendo, que Cassiano transformou num belíssimo soul) e "Primavera (Vai chuva)".
Do segundo (1973), "O vale", "A casa de pedra" e "Cedo ou tarde".
E do terceiro (1976), "Hoje é Natal", "Salve esta flor", "Onda", "Coleção" e, claro, a obra-prima "A lua e eu".
Que eu saiba, Cassiano não morreu, ainda. Apenas está recluso, provavelmente não concordando com os rumos da indústria fonográfica, que nos impõe coisas descartáveis em doses cavalares.
Viva Cassiano! Simplesmente O KRA. =)
- Já -
"Seiiiii que já é, aquilo que ontem foi, o amor, entre nós dois...
Massss, uma vez mais..."
Putzzz, já pensaram a Céu cantando isso?!
PS: Sua pinça tá afiada, Luis.
Realmente, a lenda sumiu. Ano passado, eu e demais membros do fã-clube do Ed Motta (que é fã confesso do grande Genival Cassiano) jogamos perguntas no Twitter e na web: Onde está Cassiano??? Mas só obtivemos o silêncio como resposta.
Algumas más línguas dizem que se perdeu em meio à substâncias não saudáveis.
Ainda hoje, recebo sempre a pergunta, qdo mostro meus CDs do Cassiano: "Quando ele morreu?"
É, pessoal, morreu sim, morreu pra mídia, infelizmente.
Precisamos achar o gênio e ressuscitá-lo pro povo!!!
Tb procurei informaçoes sobre ele e nada. O Mauro que é jornalista e tem mais contatos poderia pegar pra si essa missao de encontrar o mestre e publicar uma entrevista aqui no blog caso a missao seja positiva. Fica a idéia.
Boa a ideía do Vitor.
Pô, Mauro, tu cheio de contatos...
Acha o homem!
Abraço
Sou Ronaldo, grande apreciador da Soul music, e tambem tenho muita curiosidade de saber onde está Cassiano, agenda de show, etc
Grande texto temos mesmo que relembrar o Cassiano enquanto ele ainda esta vivo. Criei uma página no Facebook pra ele no intuito de relembra-lo, vou deixar o link pra quem quiser participar.
http://www.facebook.com/pages/Cassiano/180409635324726
Além disso estou montando junto com minha namorada uma pesquisa sobre a influência do Cassiano na MPB. Sendo assim quando soubermos novidades sobre o Cassiano colocaremos na página do Facebook.
https://www.facebook.com/Cassianobraziliansoul
Cassiano vive. Está com 72 anos.
Mauro, procede a informação de que Cassiano teve que retirar um dos pulmões em 1978 e, por isso, teria deixado de gravar?
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