Mauro Ferreira no G1

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terça-feira, 8 de março de 2011

Chuva, política e orgulho negro marcam Noite dos Tambores Silenciosos

Recife (PE) - Presente na programação oficial do Carnaval do Recife desde 1968, a Noite dos Tambores Silenciosos - tradicional e concorrido evento em que grupos de maracatu de baque virado celebram seus ancestrais negros - foi marcada em 2011 por chuva, exaltação do orgulho negro e ativismo político. "Hoje nos dão aplausos, mas na quinta-feira a polícia pede nossa identidade", disse em inflamado discurso um líder do maracatu Caminho de Estrela, um dos 26 grupos reunidos no Pátio do Terço, no bairro de São José, onde se situa o Pólo Afro do Carnaval Multicultural do Recife 2011. O mesmo líder lembrou que os grupos de maracatu são formados por moradores negros de comunidades carentes em que, às vezes, não há sequer saneamento. Tradicionalmente, a Noite dos Tambores Silenciosos acontece na passagem da segunda para a terça-feira de Carnaval. À meia-noite, as luzes se apagam, os tambores se calam e um grupo - liderado neste ano de 2011 pelo babalorixá Tatá Raminho de Oxossi - entoa cânticos afros em saudação aos orixás e aos ancestrais negros. Nesse momento de forte espiritualidade, os líderes se conectam com as origens africanas, pedem energia positiva e, ao fim, quando as luzes se acendem, soltam pombas da paz. Neste ano, uma chuva torrencial desabou sobre o Centro Histórico do Recife tão logo as luzes se acenderam - o que foi entendido por alguns como uma benção dos orixás para lavar a alma dos integrantes dos grupos de maracatus - como a Nação Estrela Brilhante - e do público que se aglomera na rua que desenboca no Pátio do Terço para ver o já tradicional desfile dos grupos na folia do Recife.

5 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Recife (PE) - Presente na programação oficial do Carnaval do Recife desde 1968, a Noite dos Tambores Silenciosos - tradicional e concorrido evento em que grupos de maracatu de baque virado celebram seus ancestrais negros - foi marcada em 2011 por chuva, exaltação do orgulho negro e ativismo político. "Hoje nos dão aplausos, mas na quinta-feira a polícia pede nossa identidade", disse em inflamado discurso um líder do maracatu Caminho de Estrela, um dos 26 grupos reunidos no Pátio do Terço, no bairro de São José, onde se situa o Pólo Afro do Carnaval Multicultural do Recife 2011. O mesmo líder lembrou que os grupos de maracatu são formados por moradores de comunidades carentes em que, às vezes, não há sequer saneamento. Tradicionalmente, a Noite dos Tambores Silenciosos acontece na passagem da segunda para a terça-feira de Carnaval. À meia-noite, as luzes se apagam, os tambores se calam e um grupo - liderado neste ano de 2011 pelo babalorixá Tatá Raminho de Oxossi - entoa cânticos afros em saudação aos orixás e aos ancestrais negros. Nesse momento de forte espiritualidade, os líderes se conectam com as origens africanas, pedem energia positiva e, ao fim, quando as luzes se acendem, soltam pombas da paz. Neste ano, uma chuva torrencial desabou sobre o Centro Histórico do Recife tão logo as luzes se acenderam - o que foi entendido por alguns como uma benção dos orixás para lavar a alma dos integrantes dos grupos de maracatus - como a Nação Estrela Brilhante - e do público que se aglomera na rua que desenboca no Pátio do Terço para ver o concorrido desfile dos grupos na folia do Recife.

TH disse...

Quantas matérias deliciosas sobre o Carnaval! Verdadeiro arsenal de tudo o que aquele carnaval completo nos presenteia!

Parabens!!

Anônimo disse...

Essa noite dos tambores silenciosos é bem solene e bonita.

PS: Parabéns pela cobertura, Mauro.
Falando em tambores, só vacilou em não ir ao show da Nação. Foi impressionante.
É que é danado mesmo, as vezes vc quer ir a dois/três lugares na mesma hora.

Abraço e fico por aqui.

Fábio Passadisco disse...

Mauro, no Largo na frente da Igreja do Terço eram vendidos os escravos e os que morriam após a longa viagem eram enterrados ali mesmo.

Esse local é mágico e já inspirou cançoes de Moraes Moreira ("Caranguejo Dance") e Lenine/Paulo César Pinheiro ("Leão do Norte").

"... No Carnaval/trabalhador rural/dançado na cidade silenciosos/por um momento não tocaram seus tambores/no Pátio escuro/ali eu juro/eu vi/senhoras e senhores/e a meninada animadamente/celebrando ia..."

(Moraes)

Odimar disse...

A noite dos tambores silenciosos é comemorada na segunda, dia das almas e entidades, é um momento realmente mágico desse carnaval yão singular e plural que ocorre no Recife.
Parabéns pela cobertura Mauro!