Resenha de Show
Evento: Viva Voz
Título: Feito pra Acabar
Artista: Marcelo Jeneci (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 11 de março de 2011
Cotação: * * * * 1/2
Show em cartaz no Oi Futuro Ipanema (RJ) até domingo, 13 de março de 2011
e no Centro Cultural Banco do Brasil (São Paulo, SP) em 15 de março de 2011
Como Marcelo Jeneci não é um cantor nato, pairava no ar a dúvida se o compositor passaria na prova do palco ao estrear o show baseado em seu primoroso primeiro disco, Feito pra Acabar, um dos destaques do ano fonográfico de 2010. Já não há essa dúvida. Ao abrir a segunda temporada do projeto Viva Voz, com belo show que fica em cartaz até 13 de março no teatro do Oi Futuro Ipanema, Jeneci se confirma como uma das grandes sensações da música brasileira. Compositor de aguçado faro pop, o polivamente instrumentista - que em cena se reveza na sanfona, nos teclados, no violão e na guitarra - se revela também um cantor eficiente na apresentação de seu inspirado cancioneiro. No show, as músicas têm outra pegada - e um peso eventual que inexiste no disco - e soam igualmente sedutoras, resultando por vezes até mais envolventes do que no CD. Ora tendendo para o rock (como Copo d'Água, parceria de Jeneci com Arnaldo Antunes, Pedro Baby e Chico Salem), ora roçando a perfeição pop (casos de Felicidade - tema composto por Jeneci com Chico César - e de Show de Estrelas, parceria de Jeneci com Carlos Rennó), o repertório autoral de Jeneci figura entre o que há de mais interessante na música brasileira atual porque não tem medo de ser pop. A habilidade do artista na sanfona dá eventuais toques nordestinos a temas como Café com Leite de Rosas (Jeneci, Ortinho e Arnaldo Antunes), mas a cereja do delicioso bolo são os vocais de Laura Lavieri. O canto suave de Laura se harmoniza com a voz de Jeneci em diversas praias, com destaque para Jardim do Éden (Jeneci, Arnaldo Antunes e Betão Aguiar), tema que abre as portas do paraíso pop em clima havaiano. Por mais que haja peso em algumas músicas do roteiro, como Tempestade Emocional (Paulo Neves e Zé Miguel Wisnik), o cancioneiro de Jeneci é essencialmente pautado pela leveza pop. Não há sequer o pudor de dialogar com o universo da canção popular mais sentimental, inspiração de Quarto de Dormir (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes), por exemplo. Aliás, no show, as influências da Jovem Guarda ficam mais explícitas em temas como Dar-Te-Ei (Jeneci, Helder Lopes, Zé Miguel Wisnik e Verônica Pessoa) e, não por acaso, o roteiro apresenta - na voz de Laura Lavieri, com Jeneci nos teclados - o cover de Do Outro Lado da Cidade, singela canção de Helena dos Santos que Roberto Carlos gravou em seu estupendo álbum de 1969 (o que trouxe As Curvas da Estrada de Santos e Sua Estupidez). Ainda na rota musical dos anos 60, Feito pra Acabar (Jeneci, Paulo Neves e Zé Miguel Wisnik) cresce quando a banda - que inclui Estevan Sinkovitz (guitarra e violão), João Erbetta (guitarra, violão e bandolim), Régis Damasceno (baixo) e Richard Ribeiro (bateria) - ingressa em viagem psicodélica que faz do número um dos grandes destaques do show. No todo, a música de Jeneci cresce e aparece diferente no palco sem que soe necessariamente melhor do que no refinado disco Feito pra Acabar. E, a julgar pelas inéditas inseridas no roteiro (Borboleta - parceria com Zélia Duncan e Arnaldo - e apaixonante balada apresentada na abertura do bis), o pop de Jeneci contradiz o título de seu CD e parece feito para marcar sua época, assinalando o início do reinado do compositor de Amado nas paradas.
Como Marcelo Jeneci não é um cantor nato, pairava no ar a dúvida se o compositor passaria na prova do palco ao estrear o show baseado em seu primoroso primeiro disco, Feito pra Acabar, um dos destaques do ano fonográfico de 2010. Já não há essa dúvida. Ao abrir a segunda temporada do projeto Viva Voz, com belo show que fica em cartaz até 13 de março no teatro do Oi Futuro Ipanema, Jeneci se confirma como uma das grandes sensações da música brasileira. Compositor de aguçado faro pop, o polivamente instrumentista - que em cena se reveza na sanfona, nos teclados, no violão e na guitarra - se revela também um cantor eficiente na apresentação de seu inspirado cancioneiro. No show, as músicas têm outra pegada - e um peso eventual que inexiste no disco - e soam igualmente sedutoras, resultando por vezes até mais envolventes do que no CD. Ora tendendo para o rock (como Copo d'Água, parceria de Jeneci com Arnaldo Antunes, Pedro Baby e Chico Salem), ora roçando a perfeição pop (casos de Felicidade - tema composto por Jeneci com Chico César - e de Show de Estrelas, parceria de Jeneci com Carlos Rennó), o repertório autoral de Jeneci figura entre o que há de mais interessante na música brasileira atual porque não tem medo de ser pop. A habilidade do artista na sanfona dá eventuais toques nordestinos a temas como Café com Leite de Rosas (Jeneci, Ortinho e Arnaldo Antunes), mas a cereja do delicioso bolo são os vocais de Laura Lavieri. O canto suave de Laura se harmoniza com a voz de Jeneci em diversas praias, com destaque para Jardim do Éden (Jeneci, Arnaldo Antunes e Betão Aguiar), tema que abre as portas do paraíso pop em clima havaiano. Por mais que haja peso em algumas músicas do roteiro, como Tempestade Emocional (Paulo Neves e Zé Miguel Wisnik), o cancioneiro de Jeneci é essencialmente pautado pela leveza pop. Não há sequer o pudor de dialogar com o universo da canção popular mais sentimental, inspiração de Quarto de Dormir (Marcelo Jeneci e Arnaldo Antunes), por exemplo. Aliás, no show, as influências da Jovem Guarda ficam mais explícitas em temas como Dar-Te-Ei (Jeneci, Helder Lopes, Zé Miguel Wisnik e Verônica Pessoa) e, não por acaso, o roteiro apresenta - na voz de Laura Lavieri, com Jeneci nos teclados - o cover de Do Outro Lado da Cidade, singela canção de Helena dos Santos que Roberto Carlos gravou em seu estupendo álbum de 1969 (o que trouxe As Curvas da Estrada de Santos e Sua Estupidez). Ainda na rota musical dos anos 60, Feito pra Acabar (Jeneci, Paulo Neves e Zé Miguel Wisnik) cresce quando a banda - que inclui Estevan Sinkovitz (guitarra e violão), João Erbetta (guitarra, violão e bandolim), Régis Damasceno (baixo) e Richard Ribeiro (bateria) - ingressa em viagem psicodélica que faz do número um dos grandes destaques do show. No todo, a música de Jeneci cresce e aparece diferente no palco sem que soe necessariamente melhor do que no refinado disco Feito pra Acabar. E, a julgar pelas inéditas inseridas no roteiro (Borboleta - parceria com Zélia Duncan - e uma linda e apaixonante balada apresentada na abertura do bis), o pop de Jeneci contradiz o título de seu CD e parece feito para marcar sua época, marcando o começo do reinado do compositor de Amado nas paradas.
ResponderExcluirNa boa, Mauro, detesto essa mania sua e da crítica toda de ficar elegendo a 'sensação' do momento. Parece que todo mundo quer mostrar poder, já falei isso aqui uma vez. Uma carreira se constrói com muitos anos, muitos discos. Não se faz uma obra com um disco só. O Jeneci lançou só um disco, quantos lançaram um disco e sumiram? é cedo pra falar em reinado... menos, por favor
ResponderExcluirLuca, na boa, vc tá querendo tirar um dos maiores prazeres de um crítico/amante de música, meu chapa!
ResponderExcluirTem alguns críticos que querem impor bandas/artistas(hoje em dia, coitados), aí de fato é bem sacal.
Não é o caso.
PS: Sex Pistols só fez um disco e abalou geral. Chico Science com dois, idem.
Conferi o show hoje. Delícia! Pena que a música de qualidade na zona sul do Rio hoje esteja restrita a um teatro tão pequeno. Como é dificil conseguir um ingresso no Oi!
ResponderExcluircríticos adoram apostar em novas sensações .
ResponderExcluirpena que nao soube desse show do jeneci no rio tava loco desde janeiro pra ver ele
agora ficar ai na cola dele pra nao perder o proximo show
Mauro, vai ter Marcia Castro no Oi Futuro nessa sexta, além do sábado e domingo, em que acontecerá a gravação do DVD de Zélia Duncan. Você vai?
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