Resenha de livro
Título: Elvis Presley a a Revolução do Rock
Autor: Sebastian Danchin
Editora: Agir
Cotação: * * * *
Lançado no Brasil no fim de 2010, o livro Elvis Presley e a Revolução do Rock foi ofuscado pelas edições quase simultâneas de biografias de David Bowie (Bowie), Lobão (50 Anos a Mil) e Keith Richards (Vida). Contudo, merece atenção. A história escrita por Sebastian Danchin já é conhecida, mas o autor reconta a saga de Elvis Presley (1935 - 1977) com olhar sociológico que faz toda a diferença. Estão lá relatos da infância miserável, da revolução causada nos anos 50 (quando a figura incendiária de Elvis detonou a explosão mundial do rock'n'roll), da involução dos anos 60 (com filmes e músicas de baixa qualidade) e da agonia existencial dos 70, década que culmina com um Elvis inchado e morto no banheiro porque seu coração não suportou as doses de pílulas diárias e a consciência de que o Rei do Rock havia perdido a coroa ao se transformar numa paródia de si mesmo. Mesmo sendo em essência uma biografia, Elvis Presley e a Revolução do Rock analisa a ascensão e queda do cantor à luz dos preconceitos raciais e sociais que pautam historicamente os Estados Unidos. Como Danchin ressalta ao longo das 496 páginas do livro, Elvis fazia parte do poor white trash - em bom português, o lixo branco pobre - que lutava pela sobrevivência no Sul negro. Ao ascender socialmente quando os Estados Unidos se deixam seduzir por esse branco bonito que cantava o rhythm and blues com voz e alma de um negro, Elvis de certa forma conquista e afronta ao mesmo tempo o Norte branco embebido em preconceitos. Nesse jogo social, Elvis era a carta não marcada pelas elites. Que então se encarregam de moldá-lo de acordo com a rígida moral norte-americana. A involução de Elvis se concretiza rapidamente porque o empresário manipulador e ambicioso do cantor, o coronel Tom Parker (1909 - 1997), faz o jogo das elites e apaga a chama revolucionária que inflamava as apresentações de Elvis. É quando o cantor vai para o exército - e não por acaso John Lennon (1940 - 1980) certa vez afirmou que Elvis morreu quando se integrou às tropas norte-americanas - e, na volta, passa a fazer sucessivos filmes que nada acrescentam à sua biografia musical e cinematográfica. Começa aí o refúgio do cantor nas pílulas que acabariam por tirá-lo definitivamente de cena em agosto de 1977. Olhar sociológico à parte, Elvis Presley e a Revolução do Rock expõe a relação quase incestuosa do cantor com sua mãe, Gladys Presley (1912 - 1958), e analisa a discografia do artista à medida em que narra suas idas aos estúdios, cada vez menos proveitosas a partir da década de 60, e as armações do coronel Parker para manter Elvis sob seu controle. Enfim, a história é velha, mas o olhar renovado de Danchin sobre a revolução e a involução de Elvis Presley, valorizam o livro.
Lançado no Brasil no fim de 2010, o livro Elvis Presley e a Revolução do Rock foi ofuscado pelas edições quase simultâneas de biografias de David Bowie (Bowie), Lobão (50 Anos a Mil) e Keith Richards (Vida). Contudo, merece atenção. A história escrita por Sebastian Danchin já é conhecida, mas o autor reconta a saga de Elvis Presley (1935 - 1977) com olhar sociológico que faz toda a diferença. Estão lá relatos da infância miserável, da revolução causada nos anos 50 (quando a figura incendiária de Elvis detonou a explosão mundial do rock'n'roll), da involução dos anos 60 (com filmes e músicas de baixa qualidade) e da agonia existencial dos 70, década que culmina com um Elvis inchado e morto no banheiro porque seu coração não suportou as doses de pílulas diárias e a consciência de que o Rei do Rock havia perdido a coroa ao se transformar numa paródia de si mesmo. Mesmo sendo em essência uma biografia, Elvis Presley e a Revolução do Rock analisa a ascensão e queda do cantor à luz dos preconceitos raciais e sociais que pautam historicamente os Estados Unidos. Como Danchin ressalta ao longo das 496 páginas do livro, Elvis fazia parte do poor white trash - em bom português, o lixo branco pobre - que lutava pela sobrevivência no Sul negro. Ao ascender socialmente quando os Estados Unidos se deixam seduzir por esse branco bonito que cantava o rhythm and blues com voz e alma de um negro, Elvis de certa forma conquista e afronta ao mesmo tempo o Norte branco embebido em preconceitos. Nesse jogo social, Elvis era a carta não marcada pelas elites. Que então se encarregam de moldá-lo de acordo com a rígida moral norte-americana. A involução de Elvis se concretiza rapidamente porque o empresário manipulador e ambicioso do cantor, o coronel Tom Parker (1909 - 1997), faz o jogo das elites e apaga a chama revolucionária que inflamava as apresentações de Elvis. É quando o cantor vai para o exército - e não por acaso John Lennon (1940 - 1980) certa vez afirmou que Elvis morreu quando se integrou às tropas norte-americanas - e, na volta, passa a fazer sucessivos filmes que nada acrescentam à sua biografia musical e cinematográfica. Começa aí o refúgio do cantor nas pílulas que acabariam por tirá-lo definitivamente de cena em agosto de 1977. Olhar sociológico à parte, Elvis Presley e a Revolução do Rock expõe a relação quase incestuosa do cantor com sua mãe, Gladys Presley (1912 - 1958), e analisa a discografia do artista à medida em que narra suas idas aos estúdios, cada vez menos proveitosas a partir da década de 60, e as armações do coronel Parker para manter Elvis sob seu controle. Enfim, a história é velha, mas o olhar renovado de Danchin sobre a revolução e a involução de Elvis Presley, valorizam o livro.
ResponderExcluirLI O LIVRO E AMEI , FINALMENTE SAI NO BRASIL UM LIVRO SERIO SOBRE ELVIS . TO LENDO OUTRO SOBRE ELVIS ELVIS PRESLEY A VIDA NA MUSICA - ERNST JORGENSEN .
ResponderExcluirBoa tarde, Mauro,
ResponderExcluirEngraçado é ver pela capa algumas das influências que Michael Jackson teve...
Abraços!
Elvis foi o branco que ocupou o lugar dos negros
ResponderExcluir"Elvis foi o branco que ocupou o lugar dos negros"
ResponderExcluirMais uma vez a inveja mesclada por racismo politicamente correto tenta desmerecer Elvis.
Elvis foi o responsável por abrir a Black Music para o mundo e acabou a tornando a força hegemônica da música Pop como Danchin genialmente mostra nesse livro!
“Quando alguém quebra a janela as pessoas atrás entram com facilidade; Elvis quebrou a vidraçaria inteira para todos que viriam depois” - Cher