domingo, 6 de março de 2011

Sem pudor, Quanta Ladeira brinca com letras famosas na folia de Recife

Recife (PE) - Tradicional atração extra-oficial da programação do Carnaval de Recife, o show do Quanta Ladeira - um bloco fundado por compositores de Pernambuco que desfila somente no palco uma vez por ano com despudoradas (sub)versões de letras de músicas famosas - arrastou uma multidão para o Pólo Mangue no fim da tarde deste domingo de Carnaval, 6 de março de 2011. Artistas locais - entre eles, Silvério Pessoa (à direita na montagem de fotos de Mauro Ferreira), Lula Queiroga, DJ Dolores e Zé da Flauta, entre outros - receberam convidados forasteiros como Chico César (à esquerda) e Fafá de Belém. As versões são brincadeiras de Carnaval. Mas o som é de verdade. Os tambores ressoam com força para sustentar paródias como Fura Gay e Fura Gol, que usa a melodia de Should I Stay or Should I Go? (do grupo inglês The Clash) para gozar o jogador Ronaldo Nazário por seus controvertidos passes em campo e na cama. Vale brincar com tudo e todos. Quando a Maré Encher, música da Nação Zumbi, vira Se a Mulé Encher. Maracatu Atômico, o maior sucesso do cancioneiro de Jorge Mautner, se transforma em Caixa Eletrônico para brincar com a bancarrota dos bancos. Algumas piadas são locais, caso de João, a subversão de Drão que fala das desavenças de dois políticos de Pernambuco. Mas a maioria das (sub)versões fala de sexo ou droga com direito a muitos palavrões. Se Meu Maracatu Pesa uma Tonelada - outro tema lançado pela Nação Zumbi em sua fase com Chico Science - vira Pr'Eu Comer teu Cu (Falta uma Polegada), Meia Lua Inteira (a música de Carlinhos Brown que chamou a atenção para a obra do compositor baiano em 1989 ao ser gravada por Caetano Veloso) subverte até a regra gramatical e ganha o título de Meia Grama Inteira. Já O Segundo Sol, hit de Nando Reis na voz de Cássia Eller em 1999, vira O Segundo Pau enquanto Beat It, sucesso de Michael Jackson em 1982, passa a se chamar Pires. Tudo é feito pelo Quanta Ladeira na base do politicamente incorreto, mas as versões são construídas com seriedade, geralmente dentro da métrica da melodia original. Banheiro Químico - versão de Construção que brinca com a dificuldade que o folião tem de urinar no Carnaval de Olinda - às vezes foge dela, mas se dá ao luxo até de terminar cada verso com palavras proparóxitonas, tal como a letra magistral apresentada por Chico Buarque em 1971. Contudo, o clima de improviso do show está em sintonia com a informalidade da folia. E o fato é que difícil resistir a paródias como Lírio me Masturbou (Eu Também Quero Beijar) e Pozinho Doce (subversão Beijinho Doce, com direito a verso sobre Amy Winehouse). O riso é sempre garantido. "Quanta ladeira / Olinda, quanta ladeira / Quanta ladeira ...".

4 comentários:

  1. Recife (PE) - Tradicional atração extra-oficial da programação do Carnaval de Recife, o show do Quanta Ladeira - um bloco fundado por compositores de Pernambuco que desfila somente no palco uma vez por ano com despudoradas (sub)versões de letras de músicas famosas - arrastou uma multidão para o Pólo Mangue no fim da tarde deste domingo de Carnaval, 6 de março de 2011. Artistas locais - entre eles, Silvério Pessoa (à direita na montagem de fotos de Mauro Ferreira), Lula Queiroga, DJ Dolores e Zé da Flauta, entre outros - receberam convidados forasteiros como Chico César (à esquerda) e Fafá de Belém. As versões são brincadeiras de Carnaval. Mas o som é de verdade. Os tambores ressoam com força para sustentar paródias como Fura Gay e Fura Gol, que usa a melodia de Should I Stay or Should I Go? (do grupo inglês The Clash) para gozar o jogador Ronaldo Nazário por seus controvertidos passes em campo e na cama. Vale brincar com tudo e todos. Quando a Maré Encher, música da Nação Zumbi, vira Se a Mulé Encher. Maracatu Atômico, o maior sucesso do cancioneiro de Jorge Mautner, se transforma em Caixa Eletrônico para brincar com a bancarrota dos bancos. Algumas piadas são locais, caso de João, a subversão de Drão que fala das desavenças de dois políticos de Pernambuco. Mas a maioria das (sub)versões fala de sexo ou droga com direito a muitos palavrões. Se Meu Maracatu Pesa uma Tonelada - outro tema lançado pela Nação Zumbi em sua fase com Chico Science - vira Pr'Eu Comer teu Cu (Falta uma Polegada), Meia Lua Inteira (a música de Carlinhos Brown que chamou a atenção para a obra do compositor baiano em 1989 ao ser gravada por Caetano Veloso) subverte até a regra gramatical e ganha o título de Meia Grama Inteira. Já O Segundo Sol, hit de Nando Reis na voz de Cássia Eller em 1999, vira O Segundo Pau enquanto Beat It, sucesso de Michael Jackson em 1982, passa a se chamar Pires. Tudo é feito pelo Quanta Ladeira na base do politicamente incorreto, mas as versões são construídas com seriedade, geralmente dentro da métrica da melodia original. Banheiro Químico - versão de Construção que brinca com a dificuldade que o folião tem de urinar no Carnaval de Olinda - às vezes foge dela, mas se dá ao luxo até de terminar cada verso com palavras proparóxitonas, tal como a letra magistral apresentada por Chico Buarque em 1971. Contudo, o clima de improviso do show está em sintonia com a informalidade da folia. E o fato é que difícil resistir a paródias como Lírio me Masturbou (Eu Também Quero Beijar) e Pozinho Doce (subversão Beijinho Doce, com direito a verso sobre Amy Winehouse). O riso é sempre garantido. "Quanta ladeira / Olinda, quanta ladeira / Quanta ladeira ...".

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  2. Posso estar enganado mas o próprio título do bloco é uma (sub)versão do classico latino " Guantanamera ".



    Neto de avô pernambucano, eu tenho por Recife uma saudade estranha - daquelas que se tem sem nunca ter ido ...

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  3. Mauro... foi um grande prazer te conhecer no Quanta; quando vi uma careca suada com um bloquinho anotando tudo; pensei logo: Esse é o Mauro Ferreira.

    Abraços e parabéns pela bela cobertura que você está fazendo do nosso Carnaval.

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  4. Chico César devia aparecer mais...

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