Resenha de CD
Título: Collectiu - Encontros Occitans
Artista: Silvério Pessoa
Gravadora: Casa de Farinha Produções
Cotação: * * *
Nação sem Estado da Europa, a Occitânia - situada entre Espanha, Itália e o sul da França - tem sua própria cultura. São as informações musicais dessa cultura, de forte influência latina, que o cantor e compositor pernambucano Silvério Pessoa cruza com o universo musical da Nação Nordestina no CD Collectiu - Encontros Occitans, expondo e ressaltando as afinidades entre as culturas das duas nações. Lançado simultaneamente com outro álbum de Silvério, No Grau, Collectiu se apresenta como um disco embebido da vivacidade da música nordestina. Um disco de tom forrozeiro, só que os ritmos do forró são tocados com instrumentos da cultura occitã e cantados tanto em português como em francês, já que cada faixa assinala um encontro de Silvério com um grupo ou artista da Occitânia. Contudo, não há ranços folclóricos ou acadêmicos entre as 12 faixas. Lo Viatjaire, por exemplo, tem pegada contemporânea e loops que se ajustariam ao som de grupos como Nação Zumbi ou Cascabulho (no qual emergiu Silvério). A faixa junta o artista pernambucano com Nux Vomica. Apesar do caráter conceitual e do trabalho de pesquisa que pautam o disco, Collectiu - coletivo, em dialeto occitã - aglutina alguns temas de apelo popular, notadamente Maratge, Na Boléia da Toyota, Tropical OC e Coco Sambado - faixas gravadas por Silvério, respectivamente, com Moussu T e Lei Jovents, La Talvera, Lou Seriol e Fabulous Trobadors. Em essência, Collectiu enfileira emboladas, cocos, cirandas, baiões e maracatus filtrados pela ótica occitã. E, se tudo resulta natural no disco, é porque as afinidades são muitas e reais. Não tanto entre repentistas nordestinos e trovadores occitãs, mas sobretudo entre as danças e os instrumentos. O acordeom diatônico da cultura Occitânia, por exemplo, é primo-irmão da sanfona de oito baixos - assim como o pifre occitã e o pífano brasileiro também guardam certa semelhança. Se Collectiu não chega a ser um grande disco, é por conta do desequilíbrio entre suas metades, uma vez que as seis primeiras faixas resultam bem mais sedutoras do que as seis últimas. Ainda assim, Collectiu é - no todo - interessante e reitera a sagacidade do raciocínio da cabeça sempre elétrica de Silvério Pessoa.
Nação sem Estado da Europa, a Occitânia - situada entre Espanha, Itália e o sul da França - tem sua própria cultura. São as informações musicais dessa cultura, de forte influência latina, que o cantor e compositor pernambucano Silvério Pessoa cruza com o universo musical da Nação Nordestina no CD Collectiu - Encontros Occitans, expondo e ressaltando as afinidades entre as culturas das duas nações. Lançado simultaneamente com outro álbum de Silvério, No Grau, Collectiu se apresenta como um disco embebido da vivacidade da música nordestina. Um disco de tom forrozeiro, só que os ritmos do forró são tocados com instrumentos da cultura occitã e cantados tanto em português como em francês, já que cada faixa assinala um encontro de Silvério com um grupo ou artista da Occitânia. Contudo, não há ranços folclóricos ou acadêmicos entre as 12 faixas. Lo Viatjaire, por exemplo, tem pegada contemporânea e loops que se ajustariam ao som de grupos como Nação Zumbi ou Cascabulho (no qual emergiu Silvério). A faixa junta o artista pernambucano com Nux Vomica. Apesar do caráter conceitual e do trabalho de pesquisa que pautam o disco, Collectiu - coletivo, em dialeto occitã - aglutina alguns temas de apelo popular, notadamente Maratge, Na Boléia da Toyota, Tropical OC e Coco Sambado - faixas gravadas por Silvério, respectivamente, com Moussu T e Lei Jovents, La Talvera, Lou Seriol e Fabulous Trobadors. Em essência, Collectiu enfileira emboladas, cocos, cirandas, baiões e maracatus filtrados pela ótica occitã. E, se tudo resulta natural no disco, é porque as afinidades são muitas e reais. Não tanto entre repentistas nordestinos e trovadores occitãs, mas sobretudo entre as danças e os instrumentos. O acordeom diatônico da cultura Occitânia, por exemplo, é primo-irmão da sanfona de oito baixos - assim como o pifre occitã e o pífano brasileiro também guardam certa semelhança. Se Collectiu não chega a ser um grande disco, é por conta do desequilíbrio entre suas metades, uma vez que as seis primeiras faixas resultam bem mais sedutoras do que as seis últimas. Ainda assim, Collectiu é - no todo - interessante e reitera a sagacidade do raciocínio da cabeça sempre elétrica de Silvério Pessoa.
ResponderExcluirSilvério Pessoa é interessante. Gosto muito do " Cabeça Elétrica, Coração Acústico " de 2007. Silvério no inicio lembrava muito Alceu Valença - que em 2008/9 lançou seu " Ciranda Mourisca " com sotaque ibéricos e árabes - mas agora me lembra mais o Lenine ...
ResponderExcluirÉ, Diogo, concordo, só que Silvério não tem o talento do Alceu e do Lenine,,,
ResponderExcluirTalento cada um tem o seu, comparações é que não cabe aqui.
ResponderExcluirNo Grau é uma referência clara a Alceu, é um disco que poderia ter sido feito por Alceu!
ResponderExcluirMauro, nessa tua fase pernambucana...
ResponderExcluirJá ouviu o novo do Ortinho(Herói Trancado)?
A começar pela título, é bem bom. Pop da melhor qualidade.
PS: Acho legais as comparações de talento quando artistas trilham caminhos já pisados por outros.
Quem tá na chuva...
Luca,
ResponderExcluirO talento de Alceu é do Alceu. O do Silvério só pertence a ele. Como Lenine,idem. Declaradas ou não,são ótimas referências.
Bem vindas as semelhanças,referências, comparar é que diminui, restringe. Pernambuco é poço profundo,de água boa, tem mais é que beber dessa água.
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