sábado, 2 de abril de 2011

Em boa hora, Arícia Mess volta à cena para reiterar que 'black is beautiful'

Resenha de Show
Título: Onde Mora o Segredo
Artista: Arícia Mess (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 1º de abril de 2011
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Espaço Sesc Copacabana (Rio de Janeiro, RJ) até 2 de abril de 2011

Sob intensa luz vermelha, Arícia Mess aparece na arena do Espaço Sesc Copacabana como uma entidade afro-brasileira. Essa entrada teatral já expõe de cara o cuidado que cerca o show Onde Mora o Segredo, que teve sua estreia nacional em 1º de abril de 2011, no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde esta cantora de Niterói (RJ), descendente de índios, reinou nos palcos indies ao longo dos anos 90. Álbum lançado em 2010, Onde Mora o Segredo trouxe Arícia de volta à cena com seu suingue black, reprocessado com alta dose de eletrônica desde o primeiro disco da artista, Cabeça Coração (2000). Em cena, Arícia concilia os repertórios dos dois CDs com unidade que anula o hiato de dez anos entre um e outro. As vibrações positivas irmanam Super Legal (Arícia Mess) - tema do primeiro álbum - e Hora Boa (Arícia Mess e Suley Mesquita), destaque da safra de inéditas do segundo, sinalizando coerência na caminhada indie desta artista que dá uma voz e uma cara própria ao balanço do funk e do soul. Onde Mora o Segredo (Ginga Rainha Quilombola de Matamba e Angola) - outra parceria de Arícia com Suely Mesquita - abre o roteiro embebida em programações eletrônicas (a cargo do tecladista Carlos Trilha), em conexão afro-brasileira com o batuque dos terreiros. Na sequência, Porta Aberta (Arícia Mess, Aurélio Dias, Suely Mesquita) reitera o suingue black que dá o tom do show, contagiando em Ginsberg (Arícia Mess, Aurélio Dias e Pedro Stephan), exaltando a mulher negra em Bate Folha Jurema (Arícia Mess e Paula Pretta) e beirando o sublime na abordagem íntima de Black Is Beautiful. Cheia de orgulho, sensualidade e soul, a cantora saboreia cada verso deste clássico da obra dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Na sequência, a balada Gosto Mais (Arícia Mess) preserva o clima minimalista sem sequer roçar a inspiração do tema dos Valle. Vem, então, um dos momentos mais  especiais do show: do alto de uma das escadas que desembocam na arena do Espaço Sesc Copacabana, Arícia entoa O Homem dos Olhos de Raio X -  canção de Lenine que ela gravou no CD Cabeça Coração - com um feixe de luz incidindo sobre seus olhos, em belo efeito visual. A releitura funkeada do samba Dengue, de Leci Brandão, devolve o suingue ao roteiro, que enfileira Dança do Coração (Arícia Mess, Pedro Luís e Lúci) e o já citado funk Hora Boa, alocado com propriedade ao lado de Interesse (Suely Mesquita e Pedro Luís), outro ponto alto do show. No fim, Preto Velho (Marcus Cabeção) reconecta a artista às entidades afro-brasileiras e pede passagem para as boas energias, saudadas com suingue do baixo largo de João Paulo Deogracias em Clariô (Péricles Cavalcanti), já no bis, com Arícia já de volta à cena, após uma saída tão teatral quanto a entrada, fez sob a mesma luz vermelha. Encerrando o bis, o funk Hora Boa é reprisado para deixar as melhores vibrações na plateia amiga que prestigiou a estreia nacional do show Onde Mora o Segredo. Em boa hora, Arícia Mess retorna e reitera em cena que black is beautiful.

4 comentários:

  1. Sob intensa luz vermelha, Arícia Mess aparece na arena do Espaço Sesc Copacabana como uma entidade afro-brasileira. Essa entrada teatral já expõe de cara o cuidado que cerca o show Onde Mora o Segredo, que teve sua estreia nacional em 1º de abril de 2011, no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde esta cantora de Niterói (RJ), descendente de índios, reinou nos palcos indies ao longo dos anos 90. Álbum lançado em 2010, Onde Mora o Segredo trouxe Arícia de volta à cena com seu suingue black, reprocessado com alta dose de eletrônica desde o primeiro disco da artista, Cabeça Coração (2000). Em cena, Arícia concilia os repertórios dos dois CDs com unidade que anula o hiato de dez anos entre um e outro. As vibrações positivas irmanam Super Legal (Arícia Mess) - tema do primeiro álbum - e Hora Boa (Arícia Mess e Suley Mesquita), destaque da safra de inéditas do segundo, sinalizando coerência na caminhada indie desta artista que dá uma voz e uma cara própria ao balanço do funk e do soul. Onde Mora o Segredo (Ginga Rainha Quilombola de Matamba e Angola) - outra parceria de Arícia com Suely Mesquita - abre o roteiro embebida em programações eletrônicas (a cargo do tecladista Carlos Trilha), em conexão afro-brasileira com o batuque dos terreiros. Na sequência, Porta Aberta (Arícia Mess, Aurélio Dias, Suely Mesquita) reitera o suingue black que dá o tom do show, contagiando em Ginsberg (Arícia Mess, Aurélio Dias e Pedro Stephan), exaltando a mulher negra em Bate Folha Jurema (Arícia Mess e Paula Pretta) e beirando o sublime na abordagem íntima de Black Is Beautiful. Cheia de orgulho, sensualidade e soul, a cantora saboreia cada verso deste clássico da obra dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Na sequência, a balada Gosto Mais (Arícia Mess) preserva o clima minimalista sem sequer roçar a inspiração do tema dos Valle. Vem, então, um dos momentos mais especiais do show: do alto de uma das escadas que desembocam na arena do Espaço Sesc Copacabana, Arícia entoa O Homem dos Olhos de Raio X - canção de Lenine que ela gravou no CD Cabeça Coração - com um feixe de luz incidindo sobre seus olhos, em belo efeito visual. A releitura funkeada do samba Dengue, de Leci Brandão, devolve o suingue ao roteiro, que enfileira Dança do Coração (Arícia Mess, Pedro Luís e Lúci) e o já citado funk Hora Boa, alocado com propriedade ao lado de Interesse (Suely Mesquita e Pedro Luís), outro ponto alto do show. No fim, Preto Velho (Marcus Cabeção) reconecta a artista às entidades afro-brasileiras e pede passagem para as boas energias, saudadas com suingue do baixo largo de João Paulo Deogracias em Clariô (Péricles Cavalcanti), já no bis, com Arícia já de volta à cena, após uma saída tão teatral quanto a entrada, fez sob a mesma luz vermelha. Encerrando o bis, o funk Hora Boa é reprisado para deixar as melhores vibrações na plateia amiga que prestigiou a estreia nacional do show Onde Mora o Segredo. Em boa hora, Arícia Mess retorna e reitera em cena que black is beautiful.

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  2. Clariô não é daquele disco roqueiro da Gal, o Caras e bocas?

    Dengue, da Leci, eu nunca ouvi,

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  3. O mais importante na música de Arícia Mess é sua insistência em percorrer os caminhos que acredita. Não tem medo de descasos do mercado e nem vai atrás de turmas consagradas. Aricia sabe o que quer e não apressa o passo em busca do sucesso imediato e vazio. Isso é fundamental para ser fazer boa música.

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  4. MAURO, CONCORDEI 100% COM AS TUAS PALAVRAS.
    ARICIA ESTA MARAVILHOSA COMO SEMPRE E REALMENTE ARRAZOU!!!
    A TEATRALIDADE SEMPRE PRESENTE EM SUAS APRESENTAÇOES DÁ JUSTAMENTE TODO O MOLHO, O TEMPERO DO SHOW
    UM LUXO!!!
    SEMPRE ACHEI QUE O CANTOR DEVE TER BOA NOÇÃO DE PALCO E SER UM POUCO ATOR TB.
    EU SEMPRE CONCILIEI AS DUAS ARTES(QUE AMO) NOS MEUS SHOWS, POIS SOU ATRIZ E CANTORA.
    PARABENS PELO SEU TEXTO EXTREMAMENTE BEM ESCRITO E MUITO VERDADEIRO.
    BJS SUZIE THOMPSON

    AXÉ BABÁ ARÍCIA MESS.....FOREVER!

    WWW.SUZIETHOMPSON.COM

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