Mauro Ferreira no G1

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domingo, 17 de abril de 2011

Mesmo sem os agudos de Marie, Roxette faz bela celebração pop no Rio

Resenha de Show
Título: Charm School World Tour
Artista: Roxette (em foto de Graça Paes)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 16 de abril de 2011
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz em Belo Horizonte (MG) - Chevrolet Hall - 17 de abril de 2011
e em São Paulo (SP) - Credicard Hall - 19 de abril de 2011

Em turnê pelo Brasil, o duo sueco Roxette faz a celebração da música pop por excelência. Seus hits de refrões grudentos são embalados com arranjos que simulam uma pegada roqueira sem jamais trair a natureza pop do som de Marie Fredriksson e Per Gessle. E isso - refrões que alavancam melodias digestivas - é tudo o que queria ouvir o público que encheu as pistas e os camarotes do Citibank Hall carioca na noite de 16 de abril de 2011. Já na música que abriu o roteiro de hits, Dressed for Success (1988), ficou claro que o show teria uma atmosfera festiva, mexendo com a memória afetiva desse público que curtiu tais sucessos entre o fim dos anos 80 e o início dos 90 - o período áureo do Roxette. Ninguém estava ali para tentar resistir a um refrão como o de Sleeping in my Car (1994). E, por isso mesmo, ninguém notou que Marie já não alcança os agudos de outrora. Efeito provável do câncer descoberto e vencido pela artista em batalha que tirou o duo de cena entre 2002 e 2009, o menor alcance da voz da cantora do Roxette ficou especialmente evidente na quarta das 22 músicas do roteiro, Wish I Could Fly (1991). Tanto que a backing-vocal tem atuação destacada ao longo de todo o show. Mas esse pequeno detalhe não diminuiu a animação do público. Gessle encorpou temas como Only When I Dream (2011), música de Charm School, o recente álbum que marcou a volta do Roxette ao mercado fonográfico. Primeiro disco de inéditas da dupla em dez anos, o CD tem tom old school que se ajusta ao som ouvido nos shows de sua turnê promocional. A propósito, o single She’s Got Nothing On (But the Radio) mostrou na apresentação carioca que já se tornou instantaneamente um clássico da dupla. E o fato é que o público ajudou a fazer a festa pop do Roxette. Os fortes coros ouvidos nas baladas It Must Have Been Love (1990) e Spending my Time (1991) deram aos dois números uma aura quase sagrada pela comunhão que se fez entre público e artista. Completando o clima de festa, balões foram passados de mão em mão enquanto o duo revivia Dangerous (1998). Em sintonia com esse tom de celebração, uma Bandeira do Brasil foi posicionada no centro do palco. Outro clichê - que sempre funciona - foi o solo de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) executado pelo guitarrista da banda que sustenta o Roxette nessa simpática jornada pop que inclui músicas como The Big L (1991), Joyride (1991), How Do You Do! (1992). Enfim, tudo em cena pareceu natural e eficientemente arquitetado para garantir a satisfação do público. Até a demora para tocar Listen to your Heart (1988), hit estrategicamente guardado pelo duo para um já programado segundo bis, iniciado de forma fria com Way Out (2011), música que abre o álbum Charm School e que surte pouco ou nenhum efeito no show. No fim, a festa termina em anticlímax com abordagem acústica de Church of my Heart (1991), mais uma música do álbum Joyride. Mas todo mundo sai feliz, satisfeito com a oportunidade ter participado da celebração pop de Marie Fredriksson e Per Gessle nesta turnê que, em essência, festeja a superação da dupla.

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em turnê pelo Brasil, o duo sueco Roxette faz a celebração da música pop por excelência. Seus hits de refrões grudentos são embalados com arranjos que simulam uma pegada roqueira sem jamais trair a natureza pop do som de Marie Fredriksson e Per Gessle. E isso - refrões que alavancam melodias digestivas - é tudo o que queria ouvir o público que encheu as pistas e os camarotes do Citibank Hall carioca na noite de 16 de abril de 2011. Já na música que abriu o roteiro de hits, Dressed for Success (1988), ficou claro que o show teria uma atmosfera festiva, mexendo com a memória afetiva desse público que curtiu tais sucessos entre o fim dos anos 80 e o início dos 90 - o período áureo do Roxette. Ninguém estava ali para tentar resistir a um refrão como o de Sleeping in my Car (1994). E, por isso mesmo, ninguém notou que Marie já não alcança os agudos de outrora. Efeito provável do câncer descoberto e vencido pela artista em batalha que tirou o duo de cena entre 2002 e 2009, o menor alcance da voz da cantora do Roxette ficou especialmente evidente na quarta das 22 músicas do roteiro, Wish I Could Fly (1991). Tanto que a backing-vocal tem atuação destacada ao longo de todo o show. Mas esse pequeno detalhe não diminuiu a animação do público. Gessle encorpou temas como Only When I Dream (2011), música de Charm School, o recente álbum que marcou a volta do Roxette ao mercado fonográfico. Primeiro disco de inéditas da dupla em dez anos, o CD tem tom old school que se ajusta ao som ouvido nos shows de sua turnê promocional. A propósito, o single She’s Got Nothing On (But the Radio) mostrou na apresentação carioca que já se tornou instantaneamente um clássico da dupla. E o fato é que o público ajudou a fazer a festa pop do Roxette. Os fortes coros ouvidos nas baladas It Must Have Been Love (1990) e Spending my Time (1991) deram aos dois números uma aura quase sagrada pela comunhão que se fez entre público e artista. Completando o clima de festa, balões foram passados de mão em mão enquanto o duo revivia Dangerous (1998). Em sintonia com esse tom de celebração, uma Bandeira do Brasil foi posicionada no centro do palco. Outro clichê - que sempre funciona - foi o solo de Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) executado pelo guitarrista da banda que sustenta o Roxette nessa simpática jornada pop que inclui músicas como The Big L (1991), Joyride (1991), How Do You Do! (1992). Enfim, tudo em cena pareceu natural e eficientemente arquitetado para garantir a satisfação do público. Até a demora para tocar Listen to your Heart (1988), hit estrategicamente guardado pelo duo para um já programado segundo bis, iniciado de forma fria com Way Out (2011), música que abre o álbum Charm School e que surte pouco ou nenhum efeito no show. No fim, a festa termina em anticlímax com abordagem acústica de Church of my Heart (1991), mais uma música do álbum Joyride. Mas todo mundo sai feliz, satisfeito com a oportunidade ter participado da celebração pop de Marie Fredriksson e Per Gessle nesta turnê que, em essência, festeja a superação da dupla.

Rafael Teixeira disse...

Podiam ter tocado Crash! Boom! Bang!, a melhor música deles.

Mas foi divertido.

Sandro CS disse...

Que alegria ver o Roxette de volta - e a Marie recuperada, apesar de algumas sequelas. É pop? É! É grudento? É. Mas é muuuiiito bom!!