Mauro Ferreira no G1

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domingo, 10 de abril de 2011

Obra de Meriti sustenta CD em que Sapucahy adere ao samba romântico

Resenha de CD
Título: Malandro Também Ama
Artista: Leandro Sapucahy
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * 1/2

Em 2009, Leandro Sapucahy prestou reverente tributo à obra de Roberto Ribeiro (1940 - 1996) em disco feito sem o tom de crítica social que pautou os dois primeiros CDs de Sapucahy, Cotidiano (2006) e o ao vivo Favela Brasil (2008). Já havia romantismo no repertório selecionado pelo artista para o disco Cantando Roberto Ribeiro, mas era um romantismo elegante, enraizado nas melhores tradições do samba. Em Malandro Também Ama, o álbum ora lançado pela EMI Music, Sapucahy adere radicalmente ao samba romântico com a experiência de quem entrou no mercado fonográfico pela porta da produção de discos de grupos de pagode. Há no disco o flerte com o romantismo e o samba mais ralo de tais grupos, notadamente em faixas como Militante do Amor (Leandro Fab e André Renato), Vivendo e Aprendendo (Claudemir e Dinei) e Trilha sem Fim (André Renato, Gilson Bernini e Xande de Pilares), sambas infestados de teclados. Contudo, justiça seja feita, Sapucahy também flerta com um romantismo de melhor estirpe, sobretudo quando aposta na produção autoral de Serginho Meriti. Autor de Deixa a Vida me Levar, sucesso de Zeca Pagodinho (a quem Sapucahy dedica Malandro Também Ama), Meriti é autor - sozinho ou com parceiros - de seis das 14 faixas do disco. As melhores, diga-se. Ótimo samba de tom feliz, Ê, Coração (Serginho Meriti, Bruno Meriti e Rodrigo Leite) mostra que amor não necessariamente rima com dor. Ê, Coração poderia figurar no repertório de um disco do grupo Fundo de Quintal - assim como Eu Não Quero Saber de Nada (Serginho Meriti e Mariozinho Lago) e Depois Daquele Adeus (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães). Da boa safra de Meriti, vale mencionar também A Que Mais Deixa Saudade - um samba que passou despercebido no repertório irregular gravado por Alcione em seu álbum Faz uma Loucura por Mim (2004) - e Disse me Disse (É Caô), samba em que Meriti e Claudinho Guimarães fazem crônica de costumes à moda do bom pagode carioca projetado nos anos 80. Nessa linha, aliás, a descontraída Favela Fashion Week (Nego Branco, Cleitinho Persona e Manu) sobressai no disco ao encarar e analisar o vaivém das moças das comunidades como um desfile de moda e corpos. Malandro também quer somente se divertir... Enfim, apesar de sinalizar certo retrocesso na carreira de um artista que já tinha tido upgrade no mundo do samba ao produzir discos de Maria Rita (Samba Meu, 2007) e Marcelo D2 (Canta Bezerra da Silva, 2010), Malandro Também Ama alcança bons momentos por conta da ainda subestimada obra do compositor Serginho Meriti. Tal obra valoriza o disco.

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Em 2009, Leandro Sapucahy prestou reverente tributo à obra de Roberto Ribeiro (1940 - 1996) em disco feito sem o tom de crítica social que pautou os dois primeiros CDs de Sapucahy, Cotidiano (2006) e o ao vivo Favela Brasil (2008). Já havia romantismo no repertório selecionado pelo artista para o disco Cantando Roberto Ribeiro, mas era um romantismo elegante, enraizado nas melhores tradições do samba. Em Malandro Também Ama, o álbum ora lançado pela EMI Music, Sapucahy adere radicalmente ao samba romântico com a experiência de quem entrou no mercado fonográfico pela porta da produção de discos de grupos de pagode. Há no disco o flerte com o romantismo e o samba mais ralo de tais grupos, notadamente em faixas como Militante do Amor (Leandro Fab e André Renato), Vivendo e Aprendendo (Claudemir e Dinei) e Trilha sem Fim (André Renato, Gilson Bernini e Xande de Pilares), sambas infestados de teclados. Contudo, justiça seja feita, Sapucahy também flerta com um romantismo de melhor estirpe, sobretudo quando aposta na produção autoral de Serginho Meriti. Autor de Deixa a Vida me Levar, sucesso de Zeca Pagodinho (a quem Sapucahy dedica Malandro Também Ama), Meriti é autor - sozinho ou com parceiros - de seis das 14 faixas do disco. As melhores, diga-se. Ótimo samba de tom feliz, Ê, Coração (Serginho Meriti, Bruno Meriti e Rodrigo Leite) mostra que amor não necessariamente rima com dor. Ê, Coração poderia figurar no repertório de um disco do grupo Fundo de Quintal - assim como Eu Não Quero Saber de Nada (Serginho Meriti e Mariozinho Lago) e Depois Daquele Adeus (Serginho Meriti e Claudinho Guimarães). Da boa safra de Meriti, vale mencionar também A Que Mais Deixa Saudade - um samba que passou despercebido no repertório irregular gravado por Alcione em seu álbum Faz uma Loucura por Mim (2004) - e Disse me Disse (É Caô), samba em que Meriti e Claudinho Guimarães fazem crônica de costumes à moda do bom pagode carioca projetado nos anos 80. Nessa linha, aliás, a descontraída Favela Fashion Week (Nego Branco, Cleitinho Persona e Manu) sobressai no disco ao encarar e analisar o vaivém das moças das comunidades como um desfile de moda e corpos. Malandro também quer somente se divertir... Enfim, apesar de sinalizar certo retrocesso na carreira de um artista que já tinha tido upgrade no mundo do samba ao produzir discos de Maria Rita (Samba Meu, 2007) e Marcelo D2 (Canta Bezerra da Silva, 2010), Malandro Também Ama alcança bons momentos por conta da ainda subestimada obra do compositor Serginho Meriti. Tal obra valoriza o disco.

sambaclube disse...

Mauro, sempre leio seu blog, é show de bola. Estou aqui com meu parceiro Serginho Meriti e gostaríamos de agradecer pelos elogios. Grande abraço, Rodrigo Leite.

musicas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
musicas disse...

Parece que você não gosta da nova geração né.Está metendo o pau em todas as faixas da nova geração, mas pra sua infelicidade a melhor música do disco e a de trabalho foi da nova geração que por sinal anda arrebentando fazendo belas canções e melodias.