Roberto Carlos completa 70 anos de vida nesta terça-feira, 19 de abril de 2011, já definitivamente entronizado no posto de cantor mais popular do Brasil. Em carreira que já totaliza 52 anos, se estabelecido como marco inicial a gravação de seu primeiro compacto em 1959, o Rei da Juventude da década de 60 soube fazer com precisão a transição pós-Jovem Guarda que lhe permitiu continuar reinando ao longo dos anos 70 e - desde então com poder relativamente menor - dos anos 80. Em qualquer época ou década, a crítica musical nunca conseguiu explicar a contento o sucesso incomum de Roberto Carlos. Por que ele, afinal? A chave do mistério - a rigor, insondável - pode estar na sua obra, ela, sim, soberana e com fôlego para alcançar outros 70 anos. Os belos discos gravados pelo artista entre 1965 e 1969 trouxeram grande número de canções que se tornaram clássicos instântaneos da música brasileira. Estes discos - nos quais Roberto se permitiu flertar com a soul music que seduzia os Estados Unidos (e, por tabela, o mundo) - enfileiram músicas que ajudaram a consolidar o reinado do cantor. Entretanto, talvez a força da longevidade popular de Roberto esteja mesmo no cancioneiro que ele compôs com Erasmo Carlos ao longo da década de 70. Esse repertório romântico é habitualmente subestimado pela critica, sobretudo se confrontado com os sucessos de Roberto no fim dos anos 60, época em que o artista se distanciou do universo pueril da Jovem Guarda e deu grande salto qualitativo como compositor, criando obras-primas como o rock Se Você Pensa, o soul As Curvas da Estrada de Santos e a balada Sua Estupidez. Contudo, o cancioneiro dos anos 70 - formatado com doses calculadas de romantismo, erotismo e religiosidade - é que ainda reina soberano na memória afetiva do público que lota os shows de Roberto Carlos. É fato que, a partir da década de 80, os discos e a inspiração do Rei foram perdendo progressivamente o fôlego - ainda que aparecessem eventualmente grandes canções como Você Não Sabe (1983) e Do Fundo do meu Coração (1986). Mas, à essa altura, Roberto Carlos já estava entronizado como o cantor mais popular do Brasil de todos os tempos (um excelente cantor, diga-se, de emissão e afinação exemplares). E o que lhe fez - com maestria e um conservadorismo excessivo - foi se escorar na força dessa obra soberana para continuar reinando. É em essência a obra do compositor que permite que o cantor seja Rei aos 70 anos.
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7 comentários:
Roberto Carlos completa 70 anos de vida nesta terça-feira, 19 de abril de 2011, já definitivamente entronizado no posto de cantor mais popular do Brasil. Em carreira que já totaliza 52 anos, se estabelecido como marco inicial a gravação de seu primeiro compacto em 1959, o Rei da Juventude da década de 60 soube fazer com precisão a transição pós-Jovem Guarda que lhe permitiu continuar reinando ao longo dos anos 70 e - desde então com poder relativamente menor - dos anos 80. Em qualquer época ou década, a crítica musical nunca consegui explicar a contento o sucesso incomum de Roberto Carlos. Por que ele, afinal? A chave do mistério - a rigor, insondável - pode estar na sua obra, ela, sim, soberana e com fôlego para alcançar outros 70 anos. Os discos gravados pelo artista entre 1965 e 1969 trouxeram grande número de canções que se tornaram clássicos instântaneos da música brasileira. Estes discos - nos quais Roberto se permitiu flertar com a soul music que seduziu os Estados Unidos (e por tabela o mundo) - enfileiram músicas que ajudaram a consolidar o reinado do cantor. Entretanto, talvez a força da longevidade popular de Roberto esteja mesmo no cancioneiro que ele compôs com Erasmo Carlos ao longo da década de 70. Esse repertório romântico é habitualmente subestimado pela critica, sobretudo se confrontado com os sucessos de Roberto no fim dos anos 60, época em que o artista se distanciou do universo pueril da Jovem Guarda e deu grande salto qualitativo como compositor, criando obras-primas como o rock Se Você Pensa, o soul As Curvas da Estrada de Santos e a balada Sua Estupidez. Contudo, o cancioneiro dos anos 70 - formatado com doses calculadas de romantismo, erotismo e religiosidade - é que ainda reina soberano na memória afetiva do público que lota os shows de Roberto Carlos. É fato que, a partir da década de 80, os discos e a inspiração do Rei foram perdendo progressivamente o fôlego - ainda que aparecessem eventualmente grandes canções como Você Não Sabe (1983) e Do Fundo do meu Coração (1986). Mas, à essa altura, Roberto Carlos já estava entronizado como o cantor mais popular do Brasil de todos os tempos (um excelente cantor, diga-se, de emissão e afinação exemplares). E o que lhe fez - com maestria e um conservadorismo excessivo - foi se escorar na força dessa obra soberana para continuar reinando. É em essência a obra do compositor que permite que o cantor seja Rei aos 70 anos.
Assino embaixo até das vírgulas.
Parabéns ao Rei, que como todos os mortais leva cacetadas da vida.
As obras primas de Roberto/Erasmo são imortais.
Obrigado, bicho.
Parabéns ao Roberto, quase sempre maravilhoso na voz de qualquer um...
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Esse ano tá cheio de setentões, hein?
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Agosto tem Ney, que chega aos 70 se passando por trintão, no palco! Espero que festeje com a dignidade e respeito que merece!
Roberto tem uma força estranha que vai além da crítica...Parabéns, Rei!
Aracy de Almeida psicografada (e rimada): "Esse negócio de 'rei' não tá com nada!"
Eu,fã,tô curioso pelo projeto Roberto Carlos em Jerusalém.Soube que 50% das musicas serão em português e as demais em inglês,espanhol,italiano e(até) em hebraico.Ele cantará no Sultan Pool, um anfiteatro onde Bob Dylan, Sting e Matisyahu já se apresentaram.
Um abraço a todos.
http://blogdodiogosantos.blogspot.com/
http://blogdodiogosantos.blogspot.com/2011/03/roberto-carlos-vivera-emocoes-na-terra.html
Eu estenderia os melhores discos até 1972. Dos anos 80 para cá, infelizmente decaiu bastante, vivendo só do que foi nos anos anteriores.
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