Título: Lambendo a Cria
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA Music
Cotação: * * * * (CD) e * * * 1/2 (DVD)
Embora apresente algumas (boas) composições inéditas de Martinho da Vila, Lambendo a Cria é um projeto fonográfico em que o sambista recria sua criação na companhia de sua família musical. E, no caso, o conceito de família musical não se restringue aos laços de sangue. Lambendo a Cria não abre espaço apenas para os cinco dois oito filhos de Martinho que posam com o patriarca na foto de Débora 70 exposta nas capas do CD e DVD produzidos por Marco Mazzola e editados pela gravadora MZA Music. Saudada na faixa-título Lambendo a Cria, tema instrumental tocado em clima de samba jazzy, a família abrange também músicos amigos. Sozinho, Martinho assina somente as regravações de Na Minha Veia (Martinho da Vila e Zé Katimba) - faixa em que faz pulsar de seu jeito manemolente o samba que deu para Simone em 2009 - e dos (belos) sambas-enredos Noel - A Presença do Poeta (composto por Martinho para o Carnaval de 2010 da escola de samba Unidos de Vila Isabel) e Cruz e Souza, Cria Lambida (outra joia de Martinho no gênero que ele domina como poucos compositores). Se o DVD está dividido entre takes de estúdio e imagens da roda de samba armada e captada ao vivo no estúdio da gravadora MZA Music em março de 2010, o CD alinha coesos 16 registros de estúdio que expõem facetas variadas da obra de Martinho e de sua família. Mart'nália dá sua cara ao inédito samba Lara, composto por ele e Zé Katimba em tributo aos 90 anos de Ivone Lara. O samba seduz ao evocar o estilo da compositora sem deixar de ser um samba de Martinho. Maíra Freitas toca teclado e canta em Jobiniando, bissexta parceria de Martinho com Ivan Lins que se ajusta com perfeição ao universo musical da filha pianista de Martinho, pois Maíra costuma vestir o samba com traje de gala. Já Tunico Ferreira entoa o bonito samba romântico Vivo pra Sentir seu Prazer, de sua autoria. Por sua vez, Analimar Ventapane - a filha que atua há anos como vocalista dos discos e shows do pai - cai animada no carnavalesco Que Bom!, esfuziante parceria de Martinho com Dudu Nobre. Ainda na seara carnavalesca, o violonista Cláudio Jorge põe o bloco na rua com Volante com Cachaça Não Combina (Cláudio Jorge e Mauro Diniz) - tema escrito em sintonia com os rigores da Lei Seca - enquanto o baterista Paulinho Black e o cavaquinista Wanderson Martins defendem alegres a marchinha Melô do Xavier (Martinho da Vila e Wanderson Martins). Em outro universo musical, Juju Ferreira - filha ainda pouco conhecida de Martinho - causa boa surpresa ao sustentar um rap no medley que une O Amor da Gente (Martinho da Vila e Roque Ferreira) com Casa de Bamba (Martinho da Vila). Em faixa de tom mais íntimo, Todos os Sentidos (Gabriel de Aquino e Martinho da Vila), o violonista Gabriel de Aquino - filho de João de Aquino - toca seu violão enquanto Martinho desfia os versos que celebram o amor e a vida. Como faz em última análise este projeto familiar Lambendo a Cria, dedicado ao percussionista Ovídio Brito (1945 - 2010), morto oito meses depois de ter posto voz em Cuca Maluca, samba de Gracia do Salgueiro, gravado por Martinho da Vila em seu álbum Tá Delícia, Tá Gostoso (1995). Seja filho ou seja músico amigo, todo mundo continua sendo muito bamba na casa espaçosa de Martinho da Vila.
3 comentários:
Embora apresente algumas (boas) composições inéditas de Martinho da Vila, Lambendo a Cria é um projeto fonográfico em que o sambista recria sua criação na companhia de sua família musical. E, no caso, o conceito de família musical não se restringue aos laços de sangue. Lambendo a Cria não abre espaço apenas para os cinco dois oito filhos de Martinho que posam com o patriarca na foto de Débora 70 exposta nas capas do CD e DVD produzidos por Marco Mazzola e editados pela gravadora MZA Music. Saudada na faixa-título Lambendo a Cria, tema instrumental tocado em clima de samba jazzy, a família abrange também músicos amigos. Sozinho, Martinho assina somente as regravações de Na Minha Veia (Martinho da Vila e Zé Katimba) - faixa em que faz pulsar de seu jeito manemolente o samba que deu para Simone em 2009 - e dos (belos) sambas-enredos Noel - A Presença do Poeta (composto por Martinho para o Carnaval de 2010 da escola de samba Unidos de Vila Isabel) e Cruz e Souza, Cria Lambida (outra joia de Martinho no gênero que ele domina como poucos compositores). Se o DVD está dividido entre takes de estúdio e imagens da roda de samba armada e captada ao vivo no estúdio da gravadora MZA Music em março de 2010, o CD alinha coesos 16 registros de estúdio que expõem facetas variadas da obra de Martinho e de sua família. Mart'nália dá sua cara ao inédito samba Lara, composto por ele e Zé Katimba em tributo aos 90 anos de Ivone Lara. O samba seduz ao evocar o estilo da compositora sem deixar de ser um samba de Martinho. Maíra Freitas toca teclado e canta em Jobiniando, bissexta parceria de Martinho com Ivan Lins que se ajusta com perfeição ao universo musical da filha pianista de Martinho, pois Maíra costuma vestir o samba com traje de gala. Já Tunico Ferreira entoa o bonito samba romântico Vivo pra Sentir seu Prazer, de sua autoria. Por sua vez, Analimar Ventapane - a filha que atua há anos como vocalista dos discos e shows do pai - cai animada no carnavalesco Que Bom!, esfuziante parceria de Martinho com Dudu Nobre. Ainda na seara carnavalesca, o violonista Cláudio Jorge põe o bloco na rua com Volante com Cachaça Não Combina (Cláudio Jorge e Mauro Diniz) - tema escrito em sintonia com os rigores da Lei Seca - enquanto o baterista Paulinho Black e o cavaquinista Wanderson Martins defendem alegres a marchinha Melô do Xavier (Martinho da Vila e Wanderson Martins). Em outro universo musical, Juju Ferreira - filha ainda pouco conhecida de Martinho - causa boa surpresa ao sustentar um rap no medley que une O Amor da Gente (Martinho da Vila e Roque Ferreira) com Casa de Bamba (Martinho da Vila). Em faixa de tom mais íntimo, Todos os Sentidos (Gabriel de Aquino e Martinho da Vila), o violonista Gabriel de Aquino - filho de João de Aquino - toca seu violão enquanto Martinho desfia os versos que celebram o amor e a vida. Como faz em última análise este projeto familiar Lambendo a Cria, dedicado ao percussionista Ovídio Brito (1945 - 2010), morto oito meses depois de ter posto voz em Cuca Maluca, samba de Gracia do Salgueiro, gravado por Martinho da Vila em seu álbum Tá Delícia, Tá Gostoso (1995). Seja filho ou seja músico amigo, todo mundo continua sendo muito bamba na casa espaçosa de Martinho da Vila.
Tem que ser bamba mesmo pra continuar produzindo tanto com mais de 70 anos.
Amo Martinho e Mart'nália!
E o samba é assim mesmo, não? É meio em casa, na família, sei lá...
acho muito natural e autêntica a abordagem.
Abraço,
Bia
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