Título: Mapas do Acaso - 45 Variações sobre um Mesmo Tema
Artista: Humberto Gessinger
Editora: Belas Letras
Cotação: * * 1/2
Todo mundo é uma ilha, já sentenciou o compositor gaúcho Humberto Gessinger no título de uma das 12 músicas do primeiro sincero álbum do Engenheiros do Hawaii (Longe Demais das Capitais, 1986), grupo surgido na onda do pop rock dos anos 80 e subestimado pela crítica por mobilizar tribos de fãs adolescentes. Terceiro livro do autor da música Toda Forma de Poder, Mapas do Acaso é mergulho raso na ilha particular do escritor. Estruturada em textos breves e independentes, alocados na seção Notas Mentais para uma Próxima Vida, a narrativa flui porque Gessinger escreve bem. Mas exatamente pelo fato de os textos serem tão curtos o mergulho acaba sendo rápido. O sucessor de Meu Pequeno Gremista (2008) - livro publicado dentro de coleção infanto-juvenil sobre futebol - e Pra Ser Sincero (2009) esboça fragmentos de ideias e pensamentos extraídos da mente de um artista que nunca se preocupou em afinar o coro dos contentes e dos críticos musicais (sua observação no livro sobre clichês usados pelos críticos - caso de "imagens de letras cinematográficas" - é bem pertinente, aliás). Gessinger diz o que pensa e, normalmente, tem o que dizer. Por serem curtos e formatados como crônicas, os textos reunidos em Mapas do Acaso - as tais Notas Mentais que variam sobre um mesmo tema: observações filosóficas e/ou pragmáticas sobre coisas da vida - às vezes dão a impressão de que interrompem o fluxo de um pensamento que ainda poderia ser desenvolvido. Por outro lado, o livro soa bastante sincero do jeito que está editado. Tais fragmentos de ideias parecem ter sido transcritos como vieram à mente do autor, sem a preocupação de lustrá-los com um verniz intelectual. Talvez seja assim que devem ser lidas as crônicas que versam sobre música, futebol (algumas sobre música e futebol), literatura, Engenheiros do Hawaii (assunto predominante no anterior Pra Ser Sincero), enfim, sobre o cotidiano da vida. Por serem fluxos de pensamento, os textos nem sempre são pautados pela objetividade. Uma ideia leva à outra de forma sempre espontânea. Mas, ao fim do livro, no qual há 45 letras de músicas (algumas em rascunho, outras ainda inéditas em disco), paira a sensação de que o mergulho na ilha de Humberto Gessinger resultaria mais interessante se fosse mais profundo.
2 comentários:
Todo mundo é uma ilha, já sentenciou o compositor gaúcho Humberto Gessinger no título de uma das 12 músicas do primeiro sincero álbum do Engenheiros do Hawaii (Longe Demais das Capitais, 1986), grupo surgido na onda do pop rock dos anos 80 e subestimado pela crítica por mobilizar tribos de fãs adolescentes. Terceiro livro do autor da música Toda Forma de Poder, Mapas do Acaso é mergulho raso na ilha particular do escritor. Estruturada em textos breves e independentes, alocados na seção Notas Mentais para uma Próxima Vida, a narrativa flui porque Gessinger escreve bem. Mas exatamente pelo fato de os textos serem tão curtos o mergulho acaba sendo rápido. O sucessor de Meu Pequeno Gremista (2008) - livro publicado dentro de coleção infanto-juvenil sobre futebol - e Pra Ser Sincero (2009) esboça fragmentos de ideias e pensamentos extraídos da mente de um artista que nunca se preocupou em afinar o coro dos contentes e dos críticos musicais (sua observação no livro sobre clichês usados pelos críticos - caso de "imagens de letras cinematográficas" - é bem pertinente, aliás). Gessinger diz o que pensa e, normalmente, tem o que dizer. Por serem curtos e formatados como crônicas, os textos reunidos em Mapas do Acaso - as tais Notas Mentais que variam sobre um mesmo tema: observações filosóficas e/ou pragmáticas sobre coisas da vida - às vezes dão a impressão de que interrompem o fluxo de um pensamento que ainda poderia ser desenvolvido. Por outro lado, o livro soa bastante sincero do jeito que está editado. Tais fragmentos de ideias parecem ter sido transcritos como vieram à mente do autor, sem a preocupação de lustrá-los com um verniz intelectual. Talvez seja assim que devem ser lidas as crônicas que versam sobre música, futebol (algumas sobre música e futebol), literatura, Engenheiros do Hawaii (assunto predominante no anterior Pra Ser Sincero), enfim, sobre o cotidiano da vida. Por serem fluxos de pensamento, os textos nem sempre são pautados pela objetividade. Uma ideia leva à outra de forma sempre espontânea. Mas, ao fim do livro, no qual há 45 letras de músicas (algumas em rascunho, outras ainda inéditas em disco), paira a sensação de que o mergulho na ilha de Humberto Gessinger resultaria mais interessante se fosse mais profundo.
Gostei muito mais do livro anterior, "Pra ser sincero", mas certamente os dois livros se encontram numa interseção do acaso.
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