Título: Elektra
Artista: RPM (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Credicard Hall (São Paulo, SP)
Data: 20 de maio de 2011
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ), em 4 de junho de 2011
Show de volta ao cartaz no Credicard Hall, em São Paulo (SP), em 12 de agosto de 2011
Saudade foi palavra repetida diversas vezes por Paulo Ricardo na estreia nacional do show da turnê Elektra, que marca o retorno do reativado grupo paulista RPM à cena neste ano de 2011. Sim, um clima de nostalgia envolveu o lotado Credicard Hall na noite de 20 de maio. Era a volta de um grupo que marcou época no pop rock brasileiro dos anos 80. Os quatro músicos provavelmente sentiam saudade da RPMania que mobilizou o Brasil em 1986. Também paulista e nostálgico como o grupo, o público queria (re)ouvir músicas como Olhar 43, Rádio Pirata e Louras Geladas - hits de um álbum genial, Revoluções por Minuto (1985), que nada fica a dever às obras-primas de bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs. E o fato é que a saudade azeitou a máquina tecnopop do RPM na estreia nacional de Elektra. A magia não chegou a se fazer como nos anos 80. Os tempos são outros, Paulo Ricardo já beira os 50 anos e a juvenília que amava o RPM já não é tão jovem. Mas, justiça seja feita, o show é bom. A química e a interação entre os músicos - sobretudo a de Paulo Ricardo com o tecladista Luiz Schiavon (a alma tecnopop que dá identidade ao grupo na cena pop brasileira) e com o guitarrista Fernando Deluqui - ainda põem a máquina para funcionar em cena. Conduzido pelo diretor Ulysses Cruz, hábil na criação de atmosfera levemente teatral, o RPM faz um show azeitado nessa (quinta) volta que ganha credibilidade por conta da boa qualidade das quatro músicas inéditas já disponibilizadas pelo quarteto em seu site oficial. Aliás, duas delas - Muito Tudo (com letra ácida que critica o excesso e a banalização da informação no vasto mundo multimídia) e Dois Olhos Verdes (tecnopop à altura dos hits áureos do RPM) - abrem o roteiro de Elektra para mostrar aos desconfiados que, não, o RPM não quer viver (somente) do seu passado. Na sequência, Vida Real - versão em português de Leef (do holandês Han Van Eijk), gravada em 2001 pelo RPM para ser tema de abertura do reality show Big Brother Brasil - dá ao show pegada mais roqueira que está em sintonia com a iluminação frenética de Marcos Olívio e o cenário de estrutura metálica arquitetado por Zé Carratu. Mais envolvente, Rainha se revela música subestimada do projeto MTV ao Vivo gravado em 2002 pela banda. Mas nada parece empolgar muito o público saudoso por hits dos anos 80. E não é por acaso que a platéia reage de forma mais calorosa quando ouve Louras Geladas, hit seminal de 1985 que é sucedido no roteiro por uma trinca de lados B do álbum Revoluções por Minuto, dos quais Juvenília resulta mais sedutor porque se trata de uma grande música preterida pelo estouro de Olhar 43 (hit estrategicamente alocado no fim do show). Os fãs querem o som e os hits dos anos 80. Para eles, os teclados de Schiavon armam a cama tecnopop com fidelidade à estética da década. Para eles, Paulo Ricardo refaz seus olhares 43 ao reviver London London (Caetano Veloso) - sucesso do show Rádio Pirata (1986) - do alto de um praticável. Mas os tempos são outros e, por isso mesmo, a inédita e sombria Crespúsculo - desvalorizada no show ao ser apresentada no bis, momento em que o público espera a catarse - se diferencia no lote de músicas novas por dialogar com a cena eletrônica contemporânea. Crepúsculo merecia lugar melhor em roteiro que perde tempo com cover insosso de Exagerado - sucesso de Cazuza (1958 - 1990) que o RPM já havia gravado (mal) no projeto ao vivo de 2002 - e que também não desabrocha com a releitura meio dark de Flores Astrais (hit do Secos & Molhados que o RPM já abordara no show Rádio Pirata). Um cover inédito e bem-sacado atenuaria a carga nostálgica de um espetáculo que ganha tom açucarado na balada Onde Está meu Amor? e maior resposta da plateia quando o RPM sintoniza Rádio Pirata, Revoluções por Minuto e Alvorada Voraz - temas que ofereciam visão crítica do Brasil corrompido da década de 80. Decorridos 25 anos do auge do RPM, Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui (grande músico ainda não reconhecido na medida de sua habilidade na guitarra) e Paulo P.A. Pagni (sempre firme na bateria) já sabem que não vão conseguir mais dinamitar o paiol de bobagens ouvidas no rádio e em Brasília (DF). Mas a máquina do RPM ainda funciona movida por essa nostalgia da modernidade e faz de Elektra um show digno da importância da banda.
Saudade foi palavra repetida diversas vezes por Paulo Ricardo na estreia nacional do show da turnê Elektra, que marca o retorno do reativado grupo paulista RPM à cena neste ano de 2011. Sim, um clima de nostalgia envolveu o lotado Credicard Hall na noite de 20 de maio. Era a volta de um grupo que marcou época no pop rock brasileiro dos anos 80. Os quatro músicos provavelmente sentiam saudade da RPMania que mobilizou o Brasil em 1986. Também paulista e nostálgico como o grupo, o público queria (re)ouvir músicas como Olhar 43, Rádio Pirata e Louras Geladas - hits de um álbum genial, Revoluções por Minuto (1985), que nada fica a dever às obras-primas de bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs. E o fato é que a saudade azeitou a máquina tecnopop do RPM na estreia nacional de Elektra. A magia não chegou a se fazer como nos anos 80. Os tempos são outros, Paulo Ricardo já beira os 50 anos e a juvenília que amava o RPM já não é tão jovem. Mas, justiça seja feita, o show é bom. A química e a interação entre os músicos - sobretudo a de Paulo Ricardo com o tecladista Luiz Schiavon (a alma tecnopop que dá identidade ao grupo na cena pop brasileira) e com o guitarrista Fernando Deluqui - ainda põem a máquina para funcionar em cena. Conduzido pelo diretor Ulysses Cruz, hábil na criação de atmosfera levemente teatral, o RPM faz um show azeitado nessa (quinta) volta que ganha credibilidade por conta da boa qualidade das quatro músicas inéditas já disponibilizadas pelo quarteto em seu site oficial. Aliás, duas delas - Muito Tudo (com letra ácida que critica o excesso e a banalização da informação no vasto mundo multimídia) e Dois Olhos Verdes (tecnopop à altura dos hits áureos do RPM) - abrem o roteiro de Elektra para mostrar aos desconfiados que, não, o RPM não quer viver (somente) do seu passado. Na sequência, Vida Real - versão em português de Leef (do holandês Han Van Eijk), gravada em 2001 pelo RPM para ser tema de abertura do reality show Big Brother Brasil - dá ao show pegada mais roqueira que está em sintonia com a iluminação frenética de Marcos Olívio e o cenário de estrutura metálica arquitetado por Zé Carratu. Mais envolvente, Rainha se revela música subestimada do projeto MTV ao Vivo gravado em 2002 pela banda. Mas nada parece empolgar muito o público saudoso por hits dos anos 80. E não é por acaso que a platéia reage de forma mais calorosa quando ouve Louras Geladas, hit seminal de 1985 que é sucedido no roteiro por uma trinca de lados B do álbum Revoluções por Minuto, dos quais Juvenília resulta mais sedutor porque se trata de uma grande música preterida pelo estouro de Olhar 43 (hit estrategicamente alocado no fim do show).
ResponderExcluirOs fãs querem o som e os hits dos anos 80. Para eles, os teclados de Schiavon armam a cama tecnopop com fidelidade à estética da década. Para eles, Paulo Ricardo refaz seus olhares 43 ao reviver London London (Caetano Veloso) - sucesso do show Rádio Pirata (1986) - do alto de um praticável. Mas os tempos são outros e, por isso mesmo, a inédita e sombria Crespúsculo - desvalorizada no show ao ser apresentada no bis, momento em que o público espera a catarse - se diferencia no lote de músicas novas por dialogar com a cena eletrônica contemporânea. Crepúsculo merecia lugar melhor em roteiro que perde tempo com cover insosso de Exagerado - sucesso de Cazuza (1958 - 1990) que o RPM já havia gravado (mal) no projeto ao vivo de 2002 - e que também não desabrocha com a abordagem meio dark de Flores Astrais (hit do Secos & Molhados que o RPM abordou no show Rádio Pirata). Um cover inédito e bem-sacado atenuaria a carga nostálgica de um espetáculo que ganha tom açucarado na balada Onde Está meu Amor? e maior resposta da plateia quando o RPM sintoniza Rádio Pirata, Revoluções por Minuto e Alvorada Voraz - temas que ofereciam visão crítica do Brasil corrompido da década de 80. Decorridos 25 anos do auge do RPM, Paulo Ricardo, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui (grande músico ainda não reconhecido na medida de sua habilidade na guitarra) e Paulo P.A. Pagni (sempre firme na bateria) já sabem que não vão conseguir mais dinamitar o paiol de bobagens ouvidas no rádio e em Brasília (DF). Mas a máquina do RPM ainda funciona movida por essa nostalgia da modernidade e faz de Elektra um show digno da importância da banda.
ResponderExcluirElektra vai ser editado em cd ou só na internet?
ResponderExcluirLegal.. Nostaugia e nostaugia e blablabla ... Se não valorizamos o nossos artistas. Não reclamem a crescente expansão de Luan Santana e a multitimidia copiadora Lady Gagá.
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