Título: Aqui
Artista: Tatiana Parra & Andrés Beeuwsaert
Gravadora: Borandá
Cotação: * * * * 1/2
País das cantoras, o Brasil precisa ouvir Tatiana Parra. A cantora e compositora paulistana já havia demonstrado talento e afinação acima da média em seu primeiro CD, Inteira, lançado em 2010 pela mesma gravadora Borandá que edita Aqui neste ano de 2011. Aqui é disco dividido por Parra com o argentino Andrés Beeuwsaert, pianista e vocalista do Aca Seca Trio, grupo portenho que participou de faixa de Inteira (Choro das Águas, de Ivan Lins e Vitor Martins). Ele toca piano e solta a voz em espanhol em Cueca de Água (da lavra do chileno Javier Cornejo). Ela encanta com sua voz límpida, instrumento preciso posto a serviço de repertório que inclui seis temas instrumentais em 13 faixas. Segura nos vocalises, Parra se garante no andamento veloz de Milonga Gris - tema do argentino Carlos Aguirre turbinado com toques de baião e maracatu - enquanto realça toda a sensibilidade de temas mais calmos como Sonora (André Beeuwsaert) e Jardim (Conrado Goys). Pena que, nas faixas cantadas, Aqui soe menos surpreendente. Parra brilha ao iluminar Estrela da Terra - bela e pouco ouvida parceria de Dori Caymmi com Paulo César Pinheiro - e ao se deixar levar pela melodia envolvente de Vento Bom (André Mehmari e Sérgio Santos). Em contrapartida, por mais que seja uma cantora de rigor estilístico, Parra nada acrescenta a Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) e a Luzes da Ribalta (Charles Chaplin em versão de Braguinha e Antonio Almeida) - duas canções já exaustivamente batidas que seriam dispensáveis no disco. Aqui cresce quando cantora e pianista revelam o brilho de joias raras como Tankas, linda música composta pelo argentino Pedro Aznar sobre poema de Jorge Luis Borges (1899 - 1986). É a faixa em que o piano de Andrés se revela mais minimalista e preciso. No fim, Corrida de Jangada (Edu Lobo e Capinam) expõe a destreza rítmica da intérprete em registro que rivaliza com a gravação de Elis Regina (1945 - 1982). No todo, Aqui se impõe como um dos melhores CDs do primeiro semestre de 2011. O país das cantoras precisa ouvir Tatiana Parra com zelo...
9 comentários:
País das cantoras, o Brasil precisa ouvir Tatiana Parra. A cantora e compositora paulistana já havia demonstrado talento e afinação acima da média em seu primeiro CD, Inteira, lançado em 2010 pela mesma gravadora Borandá que edita Aqui neste ano de 2011. Aqui é disco dividido por Parra com o argentino Andrés Beeuwsaert, pianista e vocalista do Aca Seca Trio, grupo portenho que participou de faixa de Inteira (Choro das Águas, de Ivan Lins e Vitor Martins). Ele toca piano e solta a voz em espanhol em Cueca de Água (da lavra do chileno Javier Cornejo). Ela encanta com sua voz límpida, instrumento preciso posto a serviço de repertório que inclui seis temas instrumentais em 13 faixas. Segura nos vocalises, Parra se garante no andamento veloz de Milonga Gris - tema do argentino Carlos Aguirre turbinado com toques de baião e maracatu - enquanto realça a sensibilidade de temas mais calmos como Sonora (André Beeuwsaert) e Jardim (Conrado Goys). Pena que, nas faixas cantadas, Aqui soe menos surpreendente. Parra brilha ao iluminar Estrela da Terra - bela e pouco ouvida parceria de Dori Caymmi com Paulo César Pinheiro - e ao se deixar levar pela melodia envolvente de Vento Bom (André Mehmari e Sérgio Santos). Em contrapartida, por mais que seja uma cantora de rigor estilístico, Parra nada acrescenta a Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) e a Luzes da Ribalta (Charles Chaplin em versão de Braguinha e Antonio Almeida) - duas canções já exaustivamente batidas que seriam dispensáveis no disco. Aqui cresce quando cantora e pianista revelam o brilho de joias raras como Tankas, linda música composta pelo argentino Pedro Aznar sobre poema de Jorge Luis Borges (1899 - 1986). É a faixa em que o piano de Andrés se revela mais minimalista e preciso. No fim, Corrida de Jangada (Edu Lobo e Capinam) expõe a destreza rítmica da intérprete em registro que rivaliza com a gravação de Elis Regina (1945 - 1982). No todo, Aqui se impõe como um dos melhores CDs do primeiro semestre de 2011. O país das cantoras precisa ouvir Tatiana Parra com zelo...
Tatiana é uma cantora excelente, o primeiro disco dela é incrível, pena que não foi objeto de uma resenha do Mauro. Às vezes eu acho que o Mauro deixa passar grandes discos, que dariam belas resenhas, sei que não é possível escrever sobre tudo, mas a Tatiana, a Renata Rosa, o Chico Pinheiro, Ceumar, lançaram ótimos discos ano passado que não tiveram espaço aqui.
Mauro, desta vez não entendi sua cotação. Com estes 'senões" (duas faixas dispensáveis no total das seis que são cantadas), você só retirou meia estrela?!
Nada grave...just in case!
"Estrela da terra" pouco conhecida Mauro? Só pra quem pouco conhece o repertório de Nana Caymmi, pois ela sempre figura entre as coletâneas de Nana. Aliás, é uma gravação histórica que juntou Nana ao Boca Livre, nesse tema que trazia prenúncios de fim da ditadura. (E quem seria o cavaleiro de guerra, trazendo a estrela da terra? Guevara?)
Ao ler a resenha ficou uma sensação bem estranha de muita estrela pra um cd com vários pontos negativos destacados e vim justamente comentar disso. Ainda bem que não estou sozinho e outro comentou a mesma coisa
Adoro ouvir Tatiana Parra.Seu primeiro cd, é realmente lindo.Lindas canções, arranjos e a voz afinadíssima da Tati.Estou ansiosa para ouvir este.
Wilma Araújo
Bacana, o disco tem a mesma cotação q o "Tua" da Bethânia, e é superior ao "Infinito particular" da Marisa.
Vou tratar de ouví-lo o mais rápido possível! :)
Minha gente... melhor ouvir antes de dizer sobre. Tatiana Parra é exemplo de uma cantora que prima pelo bom gosto e pelo aprimoramento por meio de muita dedicação. Andrés, idem.
Parra cantou em diversos discos, os mais variados gêneros e estilos. Talento e bagagem numa bela voz! Procurem ouvir tudo o que puderem.
Quero muito achar para ouvir, antes de comentar
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