Resenha de CD
Título: Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa
Artista: Anelis Assumpção
Gravadora: Scubidu Records
Cotação: * * * 1/2
Presença recorrente no circuito paulista de shows ao longo dos anos 2000, Anelis Assumpção lança, enfim, seu primeiro álbum solo, Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa, produzido pela artista com o tecladista Zé Nigro. De título incomum, extraído da canção acústica Deita, o disco honra a dinastia da artista, filha de Itamar Assumpção (1949 - 2003), cuja voz é ouvida logo na abertura. Sampleada pela baterista Simone Sou, a voz de Itamar anuncia Mulher Segundo meu Pai - música da lavra do compositor, um dos pilares da vanguarda paulista - e se faz ouvir também nos beatboxs que pontuam a faixa. Na sequência, Bola com os Amigos (Anelis Assumpção) flerta com o dub e, ao expor o trabalho autoral da cantora, sinaliza o parentesco eventual do som de Anelis com o de Céu - nome, não por acaso, recorrente na ficha técnica do disco. Céu faz, por exemplo, alguns vocais de Secret, faixa em inglês assinada por Anelis com a guitarrista Cris Scabello que desagua na praia do reggae. Aliás, o ritmo jamaicano também embala Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares), faixa de tom onírico que ostenta as vozes da mesma Céu e de Thalma de Freitas, colegas de Anelis no trio Negresko Sis e convidadas também da jazzy Alta Madrugada (Anelis Assumpção). De poética inusitada ("Eu quero ter uma vida sustentável com o meu amor / Consumir conscientemente gozo e angústias"), Amor Sustentável (Anelis Assumpção e Cris Scabello) combina a voz incidental do ator Gero Camilo com a guitarra de Gustavo Ruiz enquanto Passando a Vez (Anelis Assumpção) cai bem no samba com suave arsenal percussivo. Fora da seara autoral, Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa surpreende ao flertar com o afrobeat em Sonhando, tema de Karina Burh, gravado por Anelis com apropriada citação de fonograma de Fela Kuti (1938 - 1997), pioneiro ícone do gênero. Os metais esquentam a faixa. Já a temperatura de Estrela (Anelis Assumpção) - canção que soa quase como vinheta, por conta da letra próxima de um hai kai - é intencionalmente mais baixa. E por falar em poesia, Quaresmeira (Anelis Assumpção e Jerry Espíndola) salpica fina poesia no tempo da delicadeza, quase como se a música estivesse suspensa no ar. O encontro da voz de Anelis com a da convidada Alzira E resulta bonito. Entre faixa em inglês cantada em clima de cabaré (One Day, de Anelis Assumpção) e tema que recorre ao canto falado do rap (Como É Gostoso, faixa-bônus da edição digital e do vinil), Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa apresenta a sequência da faixa Deita e reitera a assinatura musical da artista em Luz nos Meus Olhinhos (Anelis Assumpção, Rubi Assumpção e Jerry Espíndola). No todo, ao longo de suas 17 faixas (O Importante É o que Interessa é faixa-bônus turbinada com rap de Rodrigo Brandão e alocada somente no vinil e na edição digital), o inquieto disco confirma a força de Anelis Assumpção independentemente de sua nobre origem.
Presença recorrente no circuito paulista de shows ao longo dos anos 2000, Anelis Assumpção lança, enfim, seu primeiro álbum solo, Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa, produzido pela artista com o tecladista Zé Nigro. De título incomum, extraído da canção acústica Deita, o disco honra a dinastia da artista, filha de Itamar Assumpção (1949 - 2003), cuja voz é ouvida logo na abertura. Sampleada pela baterisa Simone Sou, a voz de Itamar anuncia Mulher Segundo meu Pai - inédita da lavra do compositor, um dos pilares da vanguarda paulista - e se faz ouvir também nos beatboxs que pontuam a faixa. Na sequência, Bola com os Amigos (Anelis Assumpção) flerta com o dub e, ao expor o trabalho autoral da cantora, sinaliza o parentesco eventual do som de Anelis com o de Céu - nome, não por acaso, recorrente na ficha técnica do disco. Céu faz, por exemplo, alguns vocais de Secret, faixa em inglês assinada por Anelis com a guitarrista Cris Scabello que desagua na praia do reggae. Aliás, o ritmo jamaicano também embala Neverland (Anelis Assumpção e Beto Villares), faixa de tom onírico que ostenta as vozes da mesma Céu e de Thalma de Freitas, colegas de Anelis no trio Negresko Sis e convidadas também da jazzy Alta Madrugada (Anelis Assumpção). De poética inusitada ("Eu quero ter uma vida sustentável com o meu amor / Consumir conscientemente gozo e angústias"), Amor Sustentável (Anelis Assumpção e Cris Scabello) combina a voz incidental do ator Gero Camilo com a guitarra de Gustavo Ruiz enquanto Passando a Vez (Anelis Assumpção) cai bem no samba com suave arsenal percussivo. Fora da seara autoral, Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa surpreende ao flertar com o afrobeat em Sonhando, tema de Karina Burh, gravado por Anelis com apropriada citação de fonograma de Fela Kuti (1938 - 1997), pioneiro ícone do gênero. Os metais esquentam a faixa. Já a temperatura de Estrela (Anelis Assumpção) - canção que soa quase como vinheta, por conta da letra próxima de um hai kai - é intencionalmente mais baixa. E por falar em poesia, Quaresmeira (Anelis Assumpção e Jerry Espíndola) salpica fina poesia no tempo da delicadeza, quase como se a música estivesse suspensa no ar. O encontro da voz de Anelis com a da convidada Alzira E resulta bonito. Entre faixa em inglês cantada em clima de cabaré (One Day, de Anelis Assumpção) e tema que recorre ao canto falado do rap (Como É Gostoso, faixa-bônus da edição digital e do vinil), Sou Suspeita Estou Sujeita Não Sou Santa apresenta a sequência da faixa Deita e reitera a assinatura musical da artista em Luz nos Meus Olhinhos (Anelis Assumpção, Rubi Assumpção e Jerry Espíndola). No todo, ao longo de suas 17 faixas (O Importante É o que Interessa é faixa-bônus turbinada com rap de Rodrigo Brandão e alocada somente no vinil e na edição digital), o inquieto disco confirma a força de Anelis Assumpção independentemente de sua nobre origem.
ResponderExcluirPela turma envolvida no disco, só pode ser mesmo bom. Sai em cd normal, pra comprar na loja?
ResponderExcluirAcabei de ouvir o CD inaugural de Anelis: merece repeat muitas vezes. E a resenha de MF — sempre antenado com a cena musical — serviu-me de orientação e deleite para a audição. Valeu!
ResponderExcluirBaixei e acabei de ouvir.
ResponderExcluirSe fosse eu teria dado uma enxugada(tá muito longo), mas gostei bastante!
As boas são realmente boas!
Sou fã dos discos com 12 faixas.
PS: Pra mim junto com o disco do Criolo, até agora, são os melhores do ano.
O show aqui em São Paulo no Sesc Pinheiros foi arrasador. Coisa de gente grande e competente. Anelis sabe o que faz e faz a diferença.
ResponderExcluirTambém daria uma enxugada. Achei um pouco acima da média, não é daqueles que vc não para de ouvir, mas é um disco interessante, sobretudo "Neverland", uma das melhores do disco.
ResponderExcluirNesse momento o que tem me pegado de jeito é o novo da Marina Lima que precisa de audições e audições pra se ambientar ao som da (ainda) gata!
Se enxugar vira daqueles que não se para de ouvir.
ResponderExcluirEnxuguei e fiz um cdr nota 10.
Eis como ficou:
- Mulher segundo meu pai
- Bola com os amigos
- Amor sustentável
- Neverland
- Passando a vez
- Sonhando
- Estrela
- Quaresmeira
- Alta madrugada
- Luz dos meus olhinhos
- O importante é o que interessa
- Como é gostoso
PS: Anelis não a de se importar, quando ela vier fazer show em Recife eu vou e levo uma cópia pra ela. rsrsrs
Ouçammmm, muito bom!
Quem ouviu (e curtiu) o por hora desativado Donazica já sabia do talento de Anelis.
ResponderExcluirAliás, dela e de tantos outros(as): Gustavo Ruiz, Guizado, Andreia Dias, Iara Rennó, Mariá Portugal...
Obrigatório ouvir. "Mulher segundo meu pai" deve ter ficado uma belezoca de versão.
Felipe dos Santos Souza
P.S.: A participação das Negresko Sis era pule de dez. Mais certo do que ela, só o fato de que o encarte do CD de final de ano do Robertão terá a cor azul. (risos)
Eu adorei o cd... Como eu sou fã de cd com bastante músicae discordo que ele tenha que ser enxuto.
ResponderExcluirA surpresa pra mim foi Sonhando, já tinha essa música canta somente pela Karina Buhr, mas a versão desse aĺbum fico massa pra kraio.
Outra coisa que gostei foi a presença da Negresko Sis, pois eu só tenho Bubuia em boa qualidade agora tem mais duas ou três (em Nerverland só a CéU canta)...to loko prum álbum dessas moçoilas!!!
Mauro, vc disse que mulher segundo meu pai é inédita, mas já havia sido gravada pela Luiza Possi no CD ao vivo.
ResponderExcluirQuanto ao CD, baixei mas ainda não dei a devida atenção a ele, depois preciso arrumar tempo pra ouvir com mais atenção.
Felipe, grato por me lembrar da gravação da Luiza. De fato, tinha esquecido dela. Abs, MauroF
ResponderExcluirDigo mais. Mulher Segundo Meu Pai também está no álbum Filme Brasileiro da DonaZica, grupo cujas vocalistas eram (são?) a própria Anelis, Andreia Dias e Iara Rennó. Sendo assim, as três possuem músicas gravadas primeiramente pela DonaZica em seus belíssimos álbuns solos.
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