domingo, 5 de junho de 2011

Com 'Sexo' à vista, Erasmo chega aos 70 anos jovial e viril como o rock'n'roll

Enquanto se prepara para lançar seu 27º álbum, Sexo, gravado com produção de Liminha e parcerias com nomes como Nelson Motta, Erasmo Carlos completa 70 anos de vida neste domingo, 5 de junho de 2011. O Tremendão entra para o clube dos 70 ainda jovial e viril como o rock'n'roll que alimenta sua alma e sua música. O rock'n'roll que deu título ao seu grandioso álbum de 2009 - prova de que Erasmo se recusa a envelhecer na música. Lançar vigorosos álbuns de inéditas e inaugurar parcerias nessa àltura da vida não é para qualquer cantor. E Erasmo, como diria a Marrom Alcione, não é um qualquer. Ele poderia perfeitamente ter deitado em berço esplêndido e vivido à sombra da obra monumental construída com seu amigo de fé Roberto Carlos. Mas Erasmo - visto em foto de Gilda Midani - sempre se manteve de pé, à altura do Rei, com sua própria identidade musical. Na Jovem Guarda, ele alimentou sua fama de mau - embora todo mundo que conheça minimamente Erasmo saiba de sua fama de bom sujeito - em álbuns como A Pescaria (1965), Você me Acende (1966) e O Tremendão (1968). Com fim das roqueiras tardes dominicais dos anos 60, o Tremendão ficou por um tempo sentado à beira do caminho, sem ter para onde ir. Mas logo encontrou seu rumo musical, distante do romantismo que caracterizou o cancioneiro composto com Roberto nos anos 70. Nesta década, Erasmo esteve ao lado e à frente do parceiro, gravando álbuns que são cultuados ainda hoje pela modernidade e pelo flerte com ritmos então novos como o samba-rock. São desta época títulos emblemáticos de sua discografia como Carlos, Erasmo (1971), Sonhos e Memórias 1941 - 1972 (1972), Projeto Salva Terra (1974), Banda dos Contentes (1976, o do hit noveleiro Filho Único) e Pelas Esquinas de Ipanema (1978). Todos resistem bem ao tempo, em especial os dois primeiros. Contudo, por sutilezas e caprichos do mercado fonográfico, foi anos 80 que a carreira de Erasmo pós-Jovem Guarda conciliou sucesso artístico e comercial. Os álbuns Mulher (1981) e Amar pra Viver ou Morrer de Amor (1982) se ajustaram ao formato pop radiofônico da época, gerando sucessos como Mulher, Minha SuperstarPega na Mentira e Mesmo que Seja Eu - ainda hoje obrigatórios nos shows do cantor. Impulsionado pelo hit CloseBuraco Negro (1984) manteve a sequência de êxitos ao se jogar nesse imenso fliperama que foi a música tecnopop dos 80. Mas o fato é que a sorte começou a mudar para Erasmo a partir de 1985. Problemas pessoais se refletiram na menor inspiração de álbuns como Erasmo Carlos (1985), Abra seus Olhos (1986) e Apesar do Tempo Claro... (1988). Foi fase em que o Tremendão começou a buscar a fórmula do sucesso com mais técnica do que real emoção. Ainda assim, o cantor não merecia ter atravessado a década de 90 novamente à beira do caminho, com apenas um disco de inéditas (Homem de Rua, 1992) e um projeto revisionista tão ao gosto do mercado fonográfico (É Preciso Saber Viver, 1996). A volta aos trilhos aconteceria a partir de 2001, com o lançamento de Pra Falar de Amor, álbum revigorante que inaugurou a parceria de Erasmo com Marisa Monte (Mais Um na Multidão) e apresentou faixa-título assinada por Marcelo Camelo quando ninguém ainda dissociava seu cancioneiro do grupo carioca Los Hermanos. Na sequência, veio o inevitável lançamento do primeiro DVD, Erasmo Carlos ao Vivo (2001). Mas o Tremendão se recusou a viver somente de seu passado de glória - muso inspirador de Erasmo Carlos Convida Volume II (2007), tão bom quanto o primeiro, sucesso de vendas em 1980. Em 2004, o cantor lançou Santa Música (2004), disco de inéditas pautado pela diversidade rítmica. Mas a explosão de energia e vitalidade viria mesmo com Rock'n'Roll, álbum gravado quando Erasmo Carlos já era senhor de seu destino fonográfico, domado por ele com a abertura de sua própria gravadora, Coqueiro Verde. Alimentado pelo rock'n'roll e pelo sexo (a mulher tem sido objeto de culto em toda sua obra), Erasmo completa 70 anos com um som de 20 e o espírito de uma criança que, mesmo já entendendo alguma coisa, permanece criança. Que venha Sexo e que venha o show comemorativo dessas sete décadas de vida, agendado para 2 de julho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a presença de convidados como Marisa Monte. Afinal, dos 70 anos de Erasmo, mais de 50 foram de bons serviços prestados ao pop rock brasileiro. É também por isso que ele merece um (tremendo) parabéns neste domingo feliz. Parabéns para você, Erasmo Carlos!!

7 comentários:

  1. Enquanto se prepara para lançar seu 27º álbum, Sexo, gravado com produção de Liminha e parcerias com nomes como Nelson Motta, Erasmo Carlos completa 70 anos de vida neste domingo, 5 de junho de 2011. O Tremendão entra para o clube dos 70 ainda jovial e viril como o rock'n'roll que alimenta sua alma e sua música. O rock'n'roll que deu título ao seu grandioso álbum de 2009 - prova de que Erasmo se recusa a envelhecer na música. Lançar vigorosos álbuns de inéditas e inaugurar parcerias nessa àltura da vida não é para qualquer cantor. E Erasmo, como diria a Marrom Alcione, não é um qualquer. Ele poderia perfeitamente ter deitado em berço esplêndido e vivido à sombra da obra monumental construída com seu amigo de fé Roberto Carlos. Mas Erasmo - visto em foto de Gilda Midani - sempre se manteve de pé, à altura do Rei, com sua própria identidade musical. Na Jovem Guarda, ele alimentou sua fama de mau - embora todo mundo que conheça minimamente Erasmo saiba de sua fama de bom sujeito - em álbuns como A Pescaria (1965), Você me Acende (1966) e O Tremendão (1968). Com fim das roqueiras tardes dominicais dos anos 60, o Tremendão ficou por um tempo sentado à beira do caminho, sem ter para onde ir. Mas logo encontrou seu rumo musical, distante do romantismo que caracterizou o cancioneiro composto com Roberto nos anos 70. Nesta década, Erasmo esteve ao lado e à frente do parceiro, gravando álbuns que são cultuados ainda hoje pela modernidade e pelo flerte com ritmos então novos como o samba-rock. São desta época títulos emblemáticos de sua discografia como Carlos, Erasmo (1971), Sonhos e Memórias 1941 - 1972 (1972), Projeto Salva Terra (1974), Banda dos Contentes (1976, o do hit noveleiro Filho Único) e Pelas Esquinas de Ipanema (1978). Todos resistem bem ao tempo, em especial os dois primeiros. Contudo, por sutilezas e caprichos do mercado fonográfico, foi anos 80 que a carreira de Erasmo pós-Jovem Guarda conciliou sucesso artístico e comercial. Os álbuns Mulher (1981) e Amar pra Viver ou Morrer de Amor (1982) se ajustaram ao formato pop radiofônico da época, gerando sucessos como Mulher, Minha Superstar, Pega na Mentira e Mesmo que Seja Eu - ainda hoje obrigatórios nos shows do cantor. Impulsionado pelo hit Close, Buraco Negro (1984) manteve a sequência de êxitos ao se jogar nesse imenso fliperama que foi a música tecnopop dos 80. Mas o fato é que a sorte começou a mudar para Erasmo a partir de 1985. Problemas pessoais se refletiram na menor inspiração de álbuns como Erasmo Carlos (1985), Abra seus Olhos (1986) e Apesar do Tempo Claro... (1988). Foi fase em que o Tremendão começou a buscar a fórmula do sucesso com mais técnica do que real emoção. Ainda assim, o cantor não merecia ter atravessado a década de 90 novamente à beira do caminho, com apenas um disco de inéditas (Homem de Rua, 1992) e um projeto revisionista tão ao gosto do mercado fonográfico (É Preciso Saber Viver, 1996).

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  2. A volta aos trilhos aconteceria a partir de 2001, com o lançamento de Pra Falar de Amor, álbum revigorante que inaugurou a parceria de Erasmo com Marisa Monte (Mais Um na Multidão) e apresentou faixa-título assinada por Marcelo Camelo quando ninguém ainda dissociava seu cancioneiro do grupo carioca Los Hermanos. Na sequência, veio o inevitável lançamento do primeiro DVD, Erasmo Carlos ao Vivo (2001). Mas o Tremendão se recusou a viver somente de seu passado de glória - muso inspirador de Erasmo Carlos Convida Volume II (2007), tão bom quanto o primeiro, sucesso de vendas em 1980. Em 2004, o cantor lançou Santa Música (2004), disco de inéditas pautado pela diversidade rítmica. Mas a explosão de energia e vitalidade viria mesmo com Rock'n'Roll, álbum gravado quando Erasmo Carlos já era senhor de seu destino fonográfico, domado por ele com a abertura de sua própria gravadora, Coqueiro Verde. Alimentado pelo rock'n'roll e pelo sexo (a mulher tem sido objeto de culto em toda sua obra), Erasmo completa 70 anos com um som de 20 e o espírito de uma criança que, mesmo já entendendo alguma coisa, permanece criança. Que venha Sexo e que venha o show comemorativo dessas sete décadas de vida, agendado para 2 de julho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a presença de convidados como Marisa Monte. Afinal, dos 70 anos de Erasmo, mais de 50 foram de bons serviços prestados ao pop rock brasileiro. É também por isso que ele merece um tremendo parabéns neste domingo. Parabéns para você, Erasmo Carlos!

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  3. Merece mesmo festa, a música do Roberto envelheceu, a do Erasmo tá sempre jovem. Bom título pra um disco, Sexo, embora já usado pelo Ultraje a Rigor.

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  4. Vida longa ao verdadeiro Rei, título esse que Roberto lhe surrupiou... Ele é o verdadeiro Rei, porque sempre está se reinventando e inventando novas parcerias musicais, não fica estacionado no tempo como Roberto ficou.

    Que venha milhares e milhares de discos!!!

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  5. Um compositor extraordinário. Muito além de Roberto e Erasmo

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  6. A fase que mais gosto - sou fã de carteirinha mesmo - do Erasmo é a dos anos 70. Mais existêncial, densa e por vezes melancólica.
    Músicas lindas que infelizmente o grande público desconhece.
    Já a fase dos anos 80 - a que ele é associado - é a que menos gosto.
    Tirando a belíssima MULHER os outros sucessos vão linha engraçadinha.
    Ótimo texto, Mauro.
    Felicidades ao grande - em todos os sentidos - Erasmo.
    - É daqueles tipos que transparece ser gente boa -
    Sorte, saúde e sexo!

    PS: Pra elogiar o Erasmo não precisa depreciar o Rei.
    Roberto deitou em berço esplêndido, sim. Que berço!!!
    Cada um tem seus caminhos, suas circunstâncias...

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  7. Conheço mais ou menos da obra de Erasmo.

    Mas a impressão que tenho é a mesma de Zé Henrique: a fase dos anos 1970 é a mais frutífera do Erasmão. O que há de gente que valoriza trabalhos como "Carlos, Erasmo" e "Projeto Salva Terra"...

    Enfim, parabéns ao Tremendão. Dá a impressão de ser esses caras que são amigos para toda hora - e toda a vida.

    Felipe dos Santos Souza

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