Enquanto se prepara para lançar seu 27º álbum, Sexo, gravado com produção de Liminha e parcerias com nomes como Nelson Motta, Erasmo Carlos completa 70 anos de vida neste domingo, 5 de junho de 2011. O Tremendão entra para o clube dos 70 ainda jovial e viril como o rock'n'roll que alimenta sua alma e sua música. O rock'n'roll que deu título ao seu grandioso álbum de 2009 - prova de que Erasmo se recusa a envelhecer na música. Lançar vigorosos álbuns de inéditas e inaugurar parcerias nessa àltura da vida não é para qualquer cantor. E Erasmo, como diria a Marrom Alcione, não é um qualquer. Ele poderia perfeitamente ter deitado em berço esplêndido e vivido à sombra da obra monumental construída com seu amigo de fé Roberto Carlos. Mas Erasmo - visto em foto de Gilda Midani - sempre se manteve de pé, à altura do Rei, com sua própria identidade musical. Na Jovem Guarda, ele alimentou sua fama de mau - embora todo mundo que conheça minimamente Erasmo saiba de sua fama de bom sujeito - em álbuns como A Pescaria (1965), Você me Acende (1966) e O Tremendão (1968). Com fim das roqueiras tardes dominicais dos anos 60, o Tremendão ficou por um tempo sentado à beira do caminho, sem ter para onde ir. Mas logo encontrou seu rumo musical, distante do romantismo que caracterizou o cancioneiro composto com Roberto nos anos 70. Nesta década, Erasmo esteve ao lado e à frente do parceiro, gravando álbuns que são cultuados ainda hoje pela modernidade e pelo flerte com ritmos então novos como o samba-rock. São desta época títulos emblemáticos de sua discografia como Carlos, Erasmo (1971), Sonhos e Memórias 1941 - 1972 (1972), Projeto Salva Terra (1974), Banda dos Contentes (1976, o do hit noveleiro Filho Único) e Pelas Esquinas de Ipanema (1978). Todos resistem bem ao tempo, em especial os dois primeiros. Contudo, por sutilezas e caprichos do mercado fonográfico, foi anos 80 que a carreira de Erasmo pós-Jovem Guarda conciliou sucesso artístico e comercial. Os álbuns Mulher (1981) e Amar pra Viver ou Morrer de Amor (1982) se ajustaram ao formato pop radiofônico da época, gerando sucessos como Mulher, Minha Superstar, Pega na Mentira e Mesmo que Seja Eu - ainda hoje obrigatórios nos shows do cantor. Impulsionado pelo hit Close, Buraco Negro (1984) manteve a sequência de êxitos ao se jogar nesse imenso fliperama que foi a música tecnopop dos 80. Mas o fato é que a sorte começou a mudar para Erasmo a partir de 1985. Problemas pessoais se refletiram na menor inspiração de álbuns como Erasmo Carlos (1985), Abra seus Olhos (1986) e Apesar do Tempo Claro... (1988). Foi fase em que o Tremendão começou a buscar a fórmula do sucesso com mais técnica do que real emoção. Ainda assim, o cantor não merecia ter atravessado a década de 90 novamente à beira do caminho, com apenas um disco de inéditas (Homem de Rua, 1992) e um projeto revisionista tão ao gosto do mercado fonográfico (É Preciso Saber Viver, 1996). A volta aos trilhos aconteceria a partir de 2001, com o lançamento de Pra Falar de Amor, álbum revigorante que inaugurou a parceria de Erasmo com Marisa Monte (Mais Um na Multidão) e apresentou faixa-título assinada por Marcelo Camelo quando ninguém ainda dissociava seu cancioneiro do grupo carioca Los Hermanos. Na sequência, veio o inevitável lançamento do primeiro DVD, Erasmo Carlos ao Vivo (2001). Mas o Tremendão se recusou a viver somente de seu passado de glória - muso inspirador de Erasmo Carlos Convida Volume II (2007), tão bom quanto o primeiro, sucesso de vendas em 1980. Em 2004, o cantor lançou Santa Música (2004), disco de inéditas pautado pela diversidade rítmica. Mas a explosão de energia e vitalidade viria mesmo com Rock'n'Roll, álbum gravado quando Erasmo Carlos já era senhor de seu destino fonográfico, domado por ele com a abertura de sua própria gravadora, Coqueiro Verde. Alimentado pelo rock'n'roll e pelo sexo (a mulher tem sido objeto de culto em toda sua obra), Erasmo completa 70 anos com um som de 20 e o espírito de uma criança que, mesmo já entendendo alguma coisa, permanece criança. Que venha Sexo e que venha o show comemorativo dessas sete décadas de vida, agendado para 2 de julho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a presença de convidados como Marisa Monte. Afinal, dos 70 anos de Erasmo, mais de 50 foram de bons serviços prestados ao pop rock brasileiro. É também por isso que ele merece um (tremendo) parabéns neste domingo feliz. Parabéns para você, Erasmo Carlos!!
Enquanto se prepara para lançar seu 27º álbum, Sexo, gravado com produção de Liminha e parcerias com nomes como Nelson Motta, Erasmo Carlos completa 70 anos de vida neste domingo, 5 de junho de 2011. O Tremendão entra para o clube dos 70 ainda jovial e viril como o rock'n'roll que alimenta sua alma e sua música. O rock'n'roll que deu título ao seu grandioso álbum de 2009 - prova de que Erasmo se recusa a envelhecer na música. Lançar vigorosos álbuns de inéditas e inaugurar parcerias nessa àltura da vida não é para qualquer cantor. E Erasmo, como diria a Marrom Alcione, não é um qualquer. Ele poderia perfeitamente ter deitado em berço esplêndido e vivido à sombra da obra monumental construída com seu amigo de fé Roberto Carlos. Mas Erasmo - visto em foto de Gilda Midani - sempre se manteve de pé, à altura do Rei, com sua própria identidade musical. Na Jovem Guarda, ele alimentou sua fama de mau - embora todo mundo que conheça minimamente Erasmo saiba de sua fama de bom sujeito - em álbuns como A Pescaria (1965), Você me Acende (1966) e O Tremendão (1968). Com fim das roqueiras tardes dominicais dos anos 60, o Tremendão ficou por um tempo sentado à beira do caminho, sem ter para onde ir. Mas logo encontrou seu rumo musical, distante do romantismo que caracterizou o cancioneiro composto com Roberto nos anos 70. Nesta década, Erasmo esteve ao lado e à frente do parceiro, gravando álbuns que são cultuados ainda hoje pela modernidade e pelo flerte com ritmos então novos como o samba-rock. São desta época títulos emblemáticos de sua discografia como Carlos, Erasmo (1971), Sonhos e Memórias 1941 - 1972 (1972), Projeto Salva Terra (1974), Banda dos Contentes (1976, o do hit noveleiro Filho Único) e Pelas Esquinas de Ipanema (1978). Todos resistem bem ao tempo, em especial os dois primeiros. Contudo, por sutilezas e caprichos do mercado fonográfico, foi anos 80 que a carreira de Erasmo pós-Jovem Guarda conciliou sucesso artístico e comercial. Os álbuns Mulher (1981) e Amar pra Viver ou Morrer de Amor (1982) se ajustaram ao formato pop radiofônico da época, gerando sucessos como Mulher, Minha Superstar, Pega na Mentira e Mesmo que Seja Eu - ainda hoje obrigatórios nos shows do cantor. Impulsionado pelo hit Close, Buraco Negro (1984) manteve a sequência de êxitos ao se jogar nesse imenso fliperama que foi a música tecnopop dos 80. Mas o fato é que a sorte começou a mudar para Erasmo a partir de 1985. Problemas pessoais se refletiram na menor inspiração de álbuns como Erasmo Carlos (1985), Abra seus Olhos (1986) e Apesar do Tempo Claro... (1988). Foi fase em que o Tremendão começou a buscar a fórmula do sucesso com mais técnica do que real emoção. Ainda assim, o cantor não merecia ter atravessado a década de 90 novamente à beira do caminho, com apenas um disco de inéditas (Homem de Rua, 1992) e um projeto revisionista tão ao gosto do mercado fonográfico (É Preciso Saber Viver, 1996).
ResponderExcluirA volta aos trilhos aconteceria a partir de 2001, com o lançamento de Pra Falar de Amor, álbum revigorante que inaugurou a parceria de Erasmo com Marisa Monte (Mais Um na Multidão) e apresentou faixa-título assinada por Marcelo Camelo quando ninguém ainda dissociava seu cancioneiro do grupo carioca Los Hermanos. Na sequência, veio o inevitável lançamento do primeiro DVD, Erasmo Carlos ao Vivo (2001). Mas o Tremendão se recusou a viver somente de seu passado de glória - muso inspirador de Erasmo Carlos Convida Volume II (2007), tão bom quanto o primeiro, sucesso de vendas em 1980. Em 2004, o cantor lançou Santa Música (2004), disco de inéditas pautado pela diversidade rítmica. Mas a explosão de energia e vitalidade viria mesmo com Rock'n'Roll, álbum gravado quando Erasmo Carlos já era senhor de seu destino fonográfico, domado por ele com a abertura de sua própria gravadora, Coqueiro Verde. Alimentado pelo rock'n'roll e pelo sexo (a mulher tem sido objeto de culto em toda sua obra), Erasmo completa 70 anos com um som de 20 e o espírito de uma criança que, mesmo já entendendo alguma coisa, permanece criança. Que venha Sexo e que venha o show comemorativo dessas sete décadas de vida, agendado para 2 de julho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com a presença de convidados como Marisa Monte. Afinal, dos 70 anos de Erasmo, mais de 50 foram de bons serviços prestados ao pop rock brasileiro. É também por isso que ele merece um tremendo parabéns neste domingo. Parabéns para você, Erasmo Carlos!
ResponderExcluirMerece mesmo festa, a música do Roberto envelheceu, a do Erasmo tá sempre jovem. Bom título pra um disco, Sexo, embora já usado pelo Ultraje a Rigor.
ResponderExcluirVida longa ao verdadeiro Rei, título esse que Roberto lhe surrupiou... Ele é o verdadeiro Rei, porque sempre está se reinventando e inventando novas parcerias musicais, não fica estacionado no tempo como Roberto ficou.
ResponderExcluirQue venha milhares e milhares de discos!!!
Um compositor extraordinário. Muito além de Roberto e Erasmo
ResponderExcluirA fase que mais gosto - sou fã de carteirinha mesmo - do Erasmo é a dos anos 70. Mais existêncial, densa e por vezes melancólica.
ResponderExcluirMúsicas lindas que infelizmente o grande público desconhece.
Já a fase dos anos 80 - a que ele é associado - é a que menos gosto.
Tirando a belíssima MULHER os outros sucessos vão linha engraçadinha.
Ótimo texto, Mauro.
Felicidades ao grande - em todos os sentidos - Erasmo.
- É daqueles tipos que transparece ser gente boa -
Sorte, saúde e sexo!
PS: Pra elogiar o Erasmo não precisa depreciar o Rei.
Roberto deitou em berço esplêndido, sim. Que berço!!!
Cada um tem seus caminhos, suas circunstâncias...
Conheço mais ou menos da obra de Erasmo.
ResponderExcluirMas a impressão que tenho é a mesma de Zé Henrique: a fase dos anos 1970 é a mais frutífera do Erasmão. O que há de gente que valoriza trabalhos como "Carlos, Erasmo" e "Projeto Salva Terra"...
Enfim, parabéns ao Tremendão. Dá a impressão de ser esses caras que são amigos para toda hora - e toda a vida.
Felipe dos Santos Souza