Título: O Samba Carioca de Wilson Baptista
Artista: Claudia Ventura, Rodrigo Alzuguir e convidados
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *
Originado de um espetáculo de teatro protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir, o disco duplo O Samba Carioca de Wilson Baptista dá dimensão nacional à obra de um compositor que caiu em injusto esquecimento. Produzido por Alzuguir sob a direção musical de Nando Duarte, o oportuno projeto fonográfico registra 89 músicas de Wilson Baptista (1913 - 1968) - selecionadas dentro de obra autoral estimada em mais de 600 títulos - e mostra que o compositor merece ser lembrado sobretudo por seus (bons) sambas e não apenas pela (infeliz) polêmica travada com Noel Rosa (1910 - 1937) nos anos 30. O CD 1, Reserva Especial, apresenta gravações de sambas raros - alguns até inéditos - nas vozes de cantores convidados. Com seu suingue que extrapola fronteiras, Elza Soares realça todas as nuances de Artigo Nacional (Wilson Baptista e Germano Augusto), composição de 1940 que transita entre o samba e o fox. O tema nunca tinha sido regravado após seu registro original - assim como Apaguei o Nome Dela (Haroldo Lobo, Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba de 1945, ora revivido por Marcos Sacramento, cantor recorrente no CD 1. Também recorrente na ficha técnica, Cristina Buarque está inteiramente à vontade no partido alto O Teu Riso Tem (Roberto Martins e Wilson Baptista, 1938), no samba Venha Manso (O Tambor do Edgard) (José Baptista e Wilson Baptista, 1948) e no interiorizado tema Timidez (1954), faixa que destaca o piano do arranjador Marcelo Caldi. Destoando do afiado time de intérpretes, Céu empalidece Nega Luzia (Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba lançado em 1956 por Cyro Monteiro (1913 - 1973) e adensado por Paulinho da Viola em magistral gravação de 1973. Com sua bossa particularíssima, Rosa Passos repõe o disco nos trilhos ao regravar Oh, Dona Ignez! (Wilson Baptista e Marino Pinto), samba de 1949, até então esquecido. Na sequência, Zélia Duncan apresenta o melhor título da (ótima) safra de sambas inéditos revelados por Rodrigo Alzuguir, Que Malandro Você É!, tema de 1956 que ganha seu primeiro registro fonográfico em 55 anos. Entrosados, Nina Becker e Wilson das Neves retratam as mazelas conjugais a partir da ótica da mulher - representada por Nina, intérprete do inédito samba Interessante (Wilson Baptista e Erasmo Silva, 1946), unido em medley com Essa Mulher Tem Qualquer Coisa na Cabeça (Cristóvão de Alencar e Wilson Baptista, 1942). Também inédito, o samba Não me Pise o Calo (Wilson Baptista e Carlos de Souza) ganha tom rural no registro de Mart'nália. Outro samba que tem seu primeiro registro fonográfico - no caso, na voz de Tantinho da Mangueira - é Rei Chicão, composto somente por Wilson há mais de 40 anos, com letra que já expõe a criação de poder paralelo nos morros e favelas. Fora da roda de samba, mas dentro da fronteira carioca, Reserva Especial destaca ainda a inédita e linda marcha-rancho Nelson Cavaquinho (Wilson Baptista e Manoel Pereira de Andrade), feita em tributo ao homônimo compositor. Com menor valor documental, embora também registre sambas inéditos como Transplante de Coração e Balzaquiana (La Balzacienne), o CD 2, O Espetáculo, amplia o valioso painel da obra do compositor ao reconstituir o roteiro do musical protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir. Em 24 faixas, algumas com falas, os atores apresentam 55 títulos da obra de Wilson Baptista de Oliveira, compositor que fez samba à moda carioca, com direito a um reconhecimento nacional que começa a vir com este projeto de Rodrigo Alzuguir.
7 comentários:
Originado de um espetáculo de teatro protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir, o disco duplo O Samba Carioca de Wilson Baptista dá dimensão nacional à obra de um compositor que caiu em injusto esquecimento. Produzido por Alzuguir sob a direção musical de Nando Duarte, o oportuno projeto fonográfico registra 89 músicas de Wilson Baptista (1913 - 1968) - selecionadas dentro de obra autoral estimada em mais de 600 títulos - e mostra que o compositor merece ser lembrado sobretudo por seus sambas e não apenas pela (infeliz) polêmica travada com Noel Rosa (1910 - 1937) nos anos 30. O CD 1, Reserva Especial, apresenta gravações de sambas raros - alguns até inéditos - nas vozes de cantores convidados. Com seu suingue que extrapola fronteiras, Elza Soares realça todas as nuances de Artigo Nacional (Wilson Baptista e Germano Augusto), composição de 1940 que transita entre o samba e o fox. O tema nunca tinha sido regravado após seu registro original - assim como Apaguei o Nome Dela (Haroldo Lobo, Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba de 1945, ora revivido por Marcos Sacramento, cantor recorrente no CD 1. Também recorrente na ficha técnica, Cristina Buarque está inteiramente à vontade no partido alto O Teu Riso Tem (Roberto Martins e Wilson Baptista, 1938), no samba Venha Manso (O Tambor do Edgard) (José Baptista e Wilson Baptista, 1948) e no interiorizado tema Timidez (1954), faixa que destaca o piano do arranjador Marcelo Caldi. Destoando do afiado time de intérpretes, Céu empalidece Nega Luzia (Wilson Baptista e Jorge de Castro), samba lançado em 1956 por Cyro Monteiro (1913 - 1973) e adensado por Paulinho da Viola em magistral gravação de 1973. Com sua bossa particularíssima, Rosa Passos repõe o disco nos trilhos ao regravar Oh, Dona Ignez! (Wilson Baptista e Marino Pinto), samba de 1949, até então esquecido. Na sequência, Zélia Duncan apresenta o melhor título da (ótima) safra de sambas inéditos revelados por Rodrigo Alzuguir, Que Malandro Você É!, tema de 1956 que ganha seu primeiro registro fonográfico em 55 anos. Entrosados, Nina Becker e Wilson das Neves retratam as mazelas conjugais a partir da ótica da mulher - representada por Nina, intérprete do inédito samba Interessante (Wilson Baptista e Erasmo Silva, 1946), unido em medley com Essa Mulher Tem Qualquer Coisa na Cabeça (Cristóvão de Alencar e Wilson Baptista, 1942). Também inédito, o samba Não me Pise o Calo (Wilson Baptista e Carlos de Souza) ganha tom rural no registro de Mart'nália. Outro samba que tem seu primeiro registro fonográfico - no caso, na voz de Tantinho da Mangueira - é Rei Chicão, composto somente por Wilson há mais de 40 anos, com letra que já expõe a criação de poder paralelo nos morros e favelas. Fora da roda de samba, mas dentro da fronteira carioca, Reserva Especial destaca ainda a inédita e linda marcha-rancho Nelson Cavaquinho (Wilson Baptista e Manoel Pereira de Andrade), feita em tributo ao homônimo compositor. Com menor valor documental, embora também registre sambas inéditos como Transplante de Coração e Balzaquiana (La Balzacienne), o CD 2, O Espetáculo, amplia o valioso painel da obra do compositor ao reconstituir o roteiro do musical protagonizado por Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir. Em 24 faixas, algumas com falas, os atores apresentam 55 títulos da obra de Wilson Baptista de Oliveira, compositor que fez samba à moda carioca, com direito a um reconhecimento nacional que começa a vir com este projeto de Rodrigo Alzuguir.
Céu não empalidece nadica de nada.
Nega Luzia toca fogo no morro e vai presa sob céu de brigadeiro.
Quanto ao Wilson, é sempre bom ver seus sambas em evidência.
O "Rapaz Folgado" merece.
Engraçado, adoro música, mas odeio musicais.
não ouvi o disco mas concordo com o que o Zé Henrique falou da Céu. Deixa a menina sambar, Mauro
E viva Wilson Baptista! Um compositor que nunca teve o seu devido valor reconhecido pela crítica e pela sociedade também! esse lançamento só traduz que a sua obra e o mesmo continuam grandes!!!
O CD é tão bom que a primeira tiragem já está esgotada na Biscoito Fino.
E ainda dizem que brasileiro não compram mais CDs.
Valeu Mauro! Adorei conhecer sua opinião sobre o disco! Que bom que gostou! Já publiquei no blog do projeto o link para sua resenha. Aliás, convido Zé Henrique, Luca, Rafael, Fabio e os seguidores do NOTAS MUSICAIS a darem uma passada lá: http://osambacariocadewilsonbaptista.blogspot.com
Grande abraço e parabéns pelo blog!
Rodrigo
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