Mauro Ferreira no G1

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Garoto que amou os Stones expõe bastidores do grupo em livro sincero

Resenha de livro
Título: Under Their Thumb
- Como um Bom Garoto se misturou com os Rolling Stones e Sobreviveu para Contar
Autor: Bill German
Editora: Nova Fronteira
Cotação: * * * *

Under Their Thumb conta, sobretudo, uma história de amor. A história de um garoto norte-americano de origem judaica que amou profundamente os Rolling Stones a ponto de nortear sua vida ao longo de 17 anos pelos rumos do grupo inglês. O livro relata sua odisséia com Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood. Nascido em 1962, Bill German conheceu o som dos Stones em 1972. Foi amor à primeira audição. Seis anos depois, em setembro de 1978, o adolescente fundou um fanzine, Beggar's Banquet, que cresceu a ponto de se tornar por uns tempos o boletim oficial dos Stones. A dedicação extrema de German ao seu fanzine - que dava notícias em primeira mão sobre o grupo numa era pré-virtual em que as informações não circulavam com tanta facilidade e velocidade - acabou por lhe abrir as portas dos bastidores das turnês do grupo. Com objetividade jornalística, Under Their Thumb - cujo título alude a uma música da banda, Under my Thumb - narra de forma cronológica as aventuras de German no mundo dos Stones. O livro é saboroso porque German desvenda toda a engrenagem e jogos de poder armados nos bastidores de uma turnê como a Steel Wheels (1989 / 1990). Esses jogos de poder podem não ser novidades para jornalistas e profissionais ligados à indústria da música, mas são desconhecidos pelo público em geral. Aquele que paga por seus ingressos e vai embora assim que o show acaba, sem ter acesso a camarins ou às áreas reservadas do backstage. Bill German teve acesso a tudo isso e a um pouco mais, tendo frequentado casas e quartos de hotéis em que viveram Keith Richards e Ronnie Wood, os dois Stones com os quais travou alguma intimidade ao longo dos 17 anos em que viveu pelo e para o gurpo. Por mais que por vezes caia na tentação de esboçar um perfil idealizado de si mesmo (e de seu fanzine), o autor expõe também seus erros, suas fraquezas - como a fase em que cogitou seriamente a ideia de se suicidar durante um show solo de Keith Richards por estar desiludido com o mundo stoniano - e detalha todas as vezes em que foi tratado como um Zé Ninguém por membros da organização grandiosa erguida em torno dos Stones. Mick Jagger, a propósito, é retratado em Under Their Thumb como o Stone mais esnobe e de temperamento mais instável. Enfim, o livro expõe os Rolling Stones sob a ótica pessoal de Bill German - com direito a doses de sexo, drogas e rock'n'roll em suas 448 páginas. Há uma ou outra passagem maçante, como o relato do trabalho de German com Ronnie Wood, mas, no todo, a narrativa é cativante até para quem já sabe como funciona a indústria da música e do show business.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Under Their Thumb conta, sobretudo, uma história de amor. A história de um garoto norte-americano de origem judaica que amou profundamente os Rolling Stones a ponto de nortear sua vida ao longo de 17 anos pelos rumos do grupo inglês. O livro relata sua odisséia com Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood. Nascido em 1962, Bill German conheceu o som dos Stones em 1972. Foi amor à primeira audição. Seis anos depois, em setembro de 1978, o adolescente fundou um fanzine, Beggar's Banquet, que cresceu a ponto de se tornar por uns tempos o boletim oficial dos Stones. A dedicação extrema de German ao seu fanzine - que dava notícias em primeira mão sobre o grupo numa era pré-virtual em que as informações não circulavam com tanta facilidade e velocidade - acabou por lhe abrir as portas dos bastidores das turnês do grupo. Com objetividade jornalística, Under Their Thumb - cujo título alude a uma música da banda, Under my Thumb - narra de forma cronológica as aventuras de German no mundo dos Stones. O livro é saboroso porque German desvenda toda a engrenagem e jogos de poder armados nos bastidores de uma turnê como a Steel Wheels (1989 / 1990). Esses jogos de poder podem não ser novidades para jornalistas e profissionais ligados à indústria da música, mas são desconhecidos pelo público em geral. Aquele que paga por seus ingressos e vai embora assim que o show acaba, sem ter acesso a camarins ou às áreas reservadas do backstage. Bill German teve acesso a tudo isso e a um pouco mais, tendo frequentado casas e quartos de hotéis em que viveram Keith Ricards e Ronnie Wood, os dois Stones com os quais travou alguma intimidade ao longo dos 17 anos em que viveu pelo e para o gurpo. Por mais que por vezes caia na tentação de esboçar um perfil idealizado de si mesmo (e de seu fanzine), o autor expõe também seus erros, suas fraquezas - como a fase em que cogitou seriamente a ideia de se suicidar durante um show solo de Richards por estar desiludido com o mundo stoniano - e detalha todas as vezes em que foi tratado como um Zé Ninguém por membros da organização grandiosa erguida em torno dos Stones. Mick Jagger, a propósito, é retratado em Under Their Thumb como o Stone mais esnobe e de temperamento mais instável. Enfim, o livro expõe os Rolling Stones sob a ótica pessoal de Bill German - com direito a doses de sexo, drogas e rock'n'roll em suas 448 páginas. Há uma ou outra passagem maçante, como o relato do trabalho de German com Ronnie Wood, mas, no todo, a narrativa é cativante até para quem já sabe como funciona a indústria da música e do show business.