Mauro Ferreira no G1

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sábado, 4 de junho de 2011

Martinho cria clima familiar ao receber seu clã no show 'Lambendo a Cria'

Resenha de show
Título: Lambendo a Cria
Artista: Martinho da Vila (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 2 de junho de 2011
Cotação: * * * 1/2

Lambendo a Cria não é exatamente um show de Martinho da Vila. É, a rigor, show coletivo em que o compositor abre espaço e palco para filhos e amigos, em sintonia com o espírito paternal do projeto homônimo do show, recém-editado em CD e DVD pela MZA Music. Anfitrião generoso, Martinho cria clima familiar para receber seus convidados e deixá-los à vontade. No início, a festa com sua família musical resulta íntima. A sós com o violonista Gabriel de Aquino,  o compositor celebra sua cidade natal Duas Barras (RJ) em Meu Off Rio (Martinho da Vila), transborda sensualidade em Todos os Sentidos (Gabriel de Aquino e Martinho da Vila) e puxa o coro da plateia em Ex-Amor (Martinho da Vila). Na imediata sequência, já sem Aquino, entra em cena Maíra Freitas, a filha pianista do compositor que se revelou cantora e acaba de lançar seu primeiro CD. O entrosamento lúdico entre pai e filha permeia esse set que encadeia Jobiniando (Martinho da Vila e Ivan Lins), Último Desejo (Noel Rosa) e Disritmia (Martinho da Vila). Abre-se então a cortina para que o público veja a banda, composta por integrantes da família musicial. E aí, então, acontece o pior momento do show quando, no intuito de mostrar o suingue da banda, Martinho comanda uma jam samba session que se torna longa e enfadonha - até porque feita bem no início do show. Finda enfim a jam, Lambendo a Cria volta a ganhar pique, embora o volume baixo do microfone de Martinho durante a execução do calango Linha do Ão (Martinho da Vila) tenha prejudicado o número na estreia nacional do show, realizada na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 2 de junho de 2011. O problema somente foi corrigido ao longo do número seguinte, Na Minha Veia (Martinho da Vila e Zé Katimba), um samba típico do compositor, lançado por Simone no álbum Na Veia (2009). Na sequência, o anfitrião volta a dividir o palco com seus convidados, cujas performances soam irregulares. A contribuição da vocalista Paula Tribuzy em Agradeço à Vida - versão de Gracias a la Vida (Violeta Parra), feita por Martinho - resulta inócua. Em contrapartida, Juliana Ferreira - a Juju - marca boa presença ao cantar O Amor da Gente (Martinho da Vila e Roque Ferreira) e Casa de Bamba (Martinho da Vila) no compasso do rap. Com dose menor de carisma, Tunico Ferreira faz o que pode pelo samba romântico Vivo pra Sentir teu Prazer, de sua autoria, mas o melhor momento de Tunico acaba sendo Cuca Maluca (Gracia do Salgueiro) pelo suingue irresitível do tema. No disco Lambendo a Cria, o samba Cuca Maluca é ouvido na voz do recentemente falecido percussionista Ovídio Brito (1945 - 2010), a quem o show é dedicado. Aproveitando o clima quente, Claudio Jorge põe seu bloco em cena ao defender bem a marchinha Volante com Cachaça Não Combina (Cláudio Jorge e Mauro Diniz). É a deixa  para que Analimar Ventapane entre no palco e no clima carnavalizante para cantar Que Bom! (Martinho da Vila e Dudu Nobre) e, em seguida, Tom Maior (Martinho da Vila). A presença manemolente de Mart'nália - que entra em cena ainda no samba-enredo Cruz e Souza, Cria Lambida (Martinho da Vila) para cantar Lara (Martinho da Vila e Zé Katimba) - contagia e prepara o gran finale em que todos cantam outro samba-enredo do anfitrião, Noel - A Presença do Poeta. Fechada a cortina, a sensação é de alegria e bem-estar no palco e na plateia. Martinho da Vila sabe lamber suas crias sem passar do ponto.

Um comentário:

Mauro Ferreira disse...

Lambendo a Cria não é exatamente um show de Martinho da Vila. É, a rigor, show coletivo em que o compositor abre espaço e palco para filhos e amigos, em sintonia com o espírito paternal do projeto homônimo do show, recém-editado em CD e DVD pela MZA Music. Anfitrião generoso, Martinho cria clima familiar para receber seus convidados e deixá-los à vontade. No início, a festa com sua família musical resulta íntima. A sós com o violonista Gabriel de Aquino, o compositor celebra sua cidade natal Duas Barras (RJ) em Meu Off Rio (Martinho da Vila), transborda sensualidade em Todos os Sentidos (Gabriel de Aquino e Martinho da Vila) e puxa o coro da plateia em Ex-Amor (Martinho da Vila). Na imediata sequência, já sem Aquino, entra em cena Maíra Freitas, a filha pianista do compositor que se revelou cantora e acaba de lançar seu primeiro CD. O entrosamento lúdico entre pai e filha permeia esse set que encadeia Jobiniando (Martinho da Vila e Ivan Lins), Último Desejo (Noel Rosa) e Disritmia (Martinho da Vila). Abre-se então a cortina para que o público veja a banda, composta por integrantes da família musicial. E aí, então, acontece o pior momento do show quando, no intuito de mostrar o suingue da banda, Martinho comanda uma jam samba session que se torna longa e enfadonha - até porque feita bem no início do show. Finda enfim a jam, Lambendo a Cria volta a ganhar pique, embora o volume baixo do microfone de Martinho durante a execução do calango Linha do Ão (Martinho da Vila) tenha prejudicado o número na estreia nacional do show, realizada na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 2 de junho de 2011. O problema somente foi corrigido ao longo do número seguinte, Na Minha Veia (Martinho da Vila e Zé Katimba), um samba típico do compositor, lançado por Simone no álbum Na Veia (2009). Na sequência, o anfitrião volta a dividir o palco com seus convidados, cujas performances soam irregulares. A contribuição da vocalista Paula Tribuzy em Agradeço à Vida - versão de Gracias a la Vida (Violeta Parra), feita por Martinho - resulta inócua. Em contrapartida, Juliana Ferreira - a Juju - marca boa presença ao cantar O Amor da Gente (Martinho da Vila e Roque Ferreira) e Casa de Bamba (Martinho da Vila) no compasso do rap. Com dose menor de carisma, Tunico Ferreira faz o que pode pelo samba romântico Vivo pra Sentir teu Prazer, de sua autoria, mas o melhor momento de Tunico acaba sendo Cuca Maluca (Gracia do Salgueiro) pelo suingue irresitível do tema. No disco Lambendo a Cria, o samba Cuca Maluca é ouvido na voz do recentemente falecido percussionista Ovídio Brito (1945 - 2010), a quem o show é dedicado. Aproveitando o clima quente, Claudio Jorge põe seu bloco em cena ao defender bem a marchinha Volante com Cachaça Não Combina (Cláudio Jorge e Mauro Diniz). É a deixa para que Analimar Ventapane entre no palco e no clima carnavalizante para cantar Que Bom! (Martinho da Vila e Dudu Nobre) e, em seguida, Tom Maior (Martinho da Vila). A presença manemolente de Mart'nália - que entra em cena ainda no samba-enredo Cruz e Souza, Cria Lambida (Martinho da Vila) para cantar Lara (Martinho da Vila e Zé Katimba) - contagia e prepara o gran finale em que todos cantam outro samba-enredo do anfitrião, Noel - A Presença do Poeta. Fechada a cortina, a sensação é de alegria e bem-estar no palco e na plateia. Martinho da Vila sabe lamber suas crias sem passar do ponto.