Título: Maria e Bethânia
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * (Maria) e * * * * 1/2 (Bethânia)
Para começo de conversa, um fã de Maria Bethânia não deve comprar Maria e Bethânia - as recém-lançadas caixas que, juntas, embalam 24 álbuns e duas coletâneas da cantora - caso já tenha adquirido os discos na coleção avulsa lançada em 2006 por ocasião dos 60 anos da artista. Pelo simples motivo de que as caixas reproduzem o (alto) padrão de qualidade das reedições avulsas de 2006. Embora o produtor Rodrigo Faour afirme que todos os álbuns passaram por novo processo de remasterização, o ganho na qualidade do som - se houver, de fato - é irrelevante. O padrão gráfico também é rigorosamente o mesmo, com os devidos ajustes em Chico Buarque & Maria Bethânia ao Vivo (1975) - que reproduz na atual reedição o encarte interno omitido na anterior - e Ciclo (1983), cujo libreto farto passa a contar com as páginas Lado A e Lado B tal como no LP original. Os textos escritos por Faour são os mesmos, aliás. E, no caso, deveriam ter passado por processo de revisão, pois permanece a confusa construção gramatical do segundo parágrafo do texto do álbum ao vivo A Cena Muda (1974). Tal deslize acontece na caixa Maria, já prejudicada pelo fato de o álbum Edu & Bethânia (1967) ter sido reeditado sem a capa e a contracapa originais - por conta do veto do fotógrafo Pedro de Moraes, autor das imagens - e pelo fato de a coletânea Anos 70 anunciar três gravações de estúdio dos Doces Bárbaros e apresentar, na realidade, as gravações ao vivo já ouvidas no disco duplo incluído na caixa. Mas tudo isso são detalhes tão pequenos diante da grandiosidade da obra fonográfica da intérprete. E, justiça seja feita, os 24 álbuns de Bethânia - lançados entre 1967 e 1995 - continuam interessantes e reiteram a coerência da intérprete ao longo de seus 46 anos de carreira fonográfica. Não se pode falar que tais discos constituem a melhor fase da cantora porque, a rigor, o nível da obra de Bethânia continua altíssimo - fato comprovado pelas audições de álbuns posteriores ao período enfocado na caixa, casos de Âmbar (1996), A Força que Nunca Seca (1999), Maricotinha (2001), Brasileirinho (2003), dos gêmeos Pirata (2006) e Mar de Sophia (2006) e dos também gêmeos Encanteria (2009) e Tua (2009). Contudo, é fato também que os discos das caixas Maria e Bethânia representam a fase mais popular da intérprete. Se Pássaro Proibido (1976) e Pássaro da Manhã (1977) abriram para Bethânia os caminhos do sucesso popular, Álibi (1978), Mel (1979) e - em menor escala - Talismã (1980) sedimentaram esses caminhos, tendo sido seguidos, anos mais tarde, por As Canções que Você Fez pra mim (1993). Apenas em Alteza (1981) a fórmula deu sinais de cansaço. Mas vale ressaltar que, à medida que se interioriza, o canto de Bethânia se engrandece. Mesmo sendo menos populares, ou talvez até por causa disso, discos instrospectivos como Ciclo (1983), A Beira e o Mar (1984) e Olho d'Água (1992) são títulos fundamentais na obra de Bethânia e, ouvidos em perspectiva, hoje se impõem de certa forma como precursores dos álbuns gravados pela artista em sua atual fase na Biscoito Fino. Enfim, mesmo que seu teor de novidade seja baixo para quem já possui os discos da intérprete, as caixas Maria e Bethânia guardam joias de grande valor. A rigor, ambas são mesmo indispensáveis para quem ainda não tem a obra de Maria Bethânia em formato digital.
13 comentários:
Para começo de conversa, um fã de Maria Bethânia não deve comprar Maria e Bethânia - as recém-lançadas caixas que, juntas, embalam 24 álbuns e duas coletâneas da cantora - caso já tenha adquirido os discos na coleção avulsa lançada em 2006 por ocasião dos 60 anos da artista. Pelo simples motivo de que as caixas reproduzem o (alto) padrão de qualidade das reedições avulsas de 2006. Embora o produtor Rodrigo Faour afirme que todos os álbuns passaram por novo processo de remasterização, o ganho na qualidade do som - se houver, de fato - é irrelevante. O padrão gráfico também é rigorosamente o mesmo, com os devidos ajustes em Chico Buarque & Maria Bethânia ao Vivo (1975) - que reproduz na atual reedição o encarte interno omitido na anterior - e Ciclo (1983), cujo libreto farto passa a contar com as páginas Lado A e Lado B tal como no LP original. Os textos escritos por Faour são os mesmos, aliás. E, no caso, deveriam ter passado por processo de revisão, pois permanece a confusa construção gramatical do segundo parágrafo do texto do álbum ao vivo A Cena Muda (1974). Tal deslize acontece na caixa Maria, já prejudicada pelo fato de o álbum Edu & Bethânia (1967) ter sido reeditado sem a capa e a contracapa originais - por conta do veto do fotógrafo Pedro de Moraes, autor das imagens - e pelo fato de a coletânea Anos 70 anunciar três gravações de estúdio dos Doces Bárbaros e apresentar, na realidade, as gravações ao vivo já ouvidas no disco duplo incluído na caixa. Mas tudo isso são detalhes tão pequenos diante da grandiosidade da obra fonográfica da intérprete. E, justiça seja feita, os 24 álbuns de Bethânia - lançados entre 1967 e 1995 - continuam interessantes e reiteram a coerência da intérprete ao longo de seus 46 anos de carreira fonográfica. Não se pode falar que tais discos constituem a melhor fase da cantora porque, a rigor, o nível da obra de Bethânia continua altíssimo - fato comprovado pelas audições de álbuns posteriores ao período enfocado na caixa, casos de Âmbar (1996), A Força que Nunca Seca (1999), Maricotinha (2001), Brasileirinho (2003), dos gêmeos Pirata (2006) e Mar de Sophia (2006) e dos também gêmeos Encanteria (2009) e Tua (2009). Contudo, é fato também que os discos das caixas Maria e Bethânia representam a fase mais popular da intérprete. Se Pássaro Proibido (1976) e Pássaro da Manhã (1977) abriram para Bethânia os caminhos do sucesso popular, Álibi (1978), Mel (1979) e - em menor escala - Talismã (1980) sedimentaram esses caminhos, tendo sido seguidos, anos mais tarde, por As Canções que Você Fez pra mim (1993). Apenas em Alteza (1981) a fórmula deu sinais de cansaço. Mas vale ressaltar que, à medida que se interioriza, o canto de Bethânia se engrandece. Mesmo sendo menos populares, ou talvez até por causa disso, discos instrospectivos como Ciclo (1983), A Beira e o Mar (1984) e Olho d'Água (1992) são títulos fundamentais na obra de Bethânia e, ouvidos em perspectiva, hoje se impõem de certa forma como precursores dos álbuns gravados pela artista em sua atual fase na Biscoito Fino. Enfim, mesmo que seu teor de novidade seja baixo para quem já possui os discos da intérprete, as caixas Maria e Bethânia guardam joias de grande valor. A rigor, ambas são mesmo indispensáveis para quem ainda não tem a obra de Maria Bethânia em formato digital.
De qualquer forma é valido por disponibilizar parte da discografia de uma grande artista brasileira. Nos EUA, até pelo site da Amazon, é possivel comprar quase tudo das artistas americanas. Aqui no Brasil tava muito dificil manter a história musical viva, pois muita coisa não existia mais. Agora aos poucos os albuns estão voltando. Falta muita coisa ainda da Elba, Fafa, Elza ...mas pelo menos já começou.
Cinco anos podem fazer diferença numa remasterização.
Mauro, e sobre novas gravações ? Bethânia já está gravando ? Ou por enquanto será apenas o DVD deste sarau que ela está fazendo - Bethânia e as palavras ? Sabe de alguma coisa ?
Estas caixas servem como caça-níqueis. Jogaram a isca (álbuns de raridades) e sabem que os fãs sempre mordem estas iscas. A indústria fonográfica não é boba; sabe o que fazer pra ganhar dindin.
Mesmo tendo toda a obra dela, essa caixa é realmente tentadora.. Já quero rs...
Mesmo tendo toda a obra dela, essa caixa é realmente tentadora rs... Já quero...
Agora quem sabe um box da Fafá fase Philips... Esperar (sentado) não custa...
É impressionante ver que um monte de gente vai pagar mais de R$550,00 por causa de um único CD e uma embalagem de papelão.Que coisa!
Se não tem no mercado é desleixo; se tem é caça níquel. Realmente...
Na reedição em 2006 eu não comprei nenhum! Baita preguiça de caçar disco por disco. Vou aproveitar agora pq quero todos os discos de Bethânia. Não tem nada de caça níquel nisso.
legal o relançamento, pois os álbuns já tinham sumido das lojas. Mas, com certeza, a única obrigatória é "Maria", fase 60-70.
Realmente, Tiago. Concordo contigo!
Eu comprei, e estou tão feliz quanto sem palavras para dizer.
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