Mauro Ferreira no G1

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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Instrumental da Cor do Som não desbota na volta do grupo à cena do Rio

Resenha de show
Título: A Cor do Som
Artista: A Cor do Som
Participação: Nivaldo Ornelas (com Dadi e Armandinho na foto de Rodrigo Amaral)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 14 de julho de 2011
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz até 16 de julho no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), às 19h30m

Na segunda metade da década de 70, A Cor do Som era uma das poucas traduções de pop disponíveis na música brasileira. Semente que brotou do grupo Novos Baianos em 1977, a Cor logo se impôs no mercado tupiniquim com sua mistura vivaz de sons progressivos e ritmos nativos. Decorridos 34 anos, com idas e vindas no currículo já irregular, o grupo se reuniu com sua formação original - Armandinho (guitarras), Ary Dias (percussão), Dadi (baixo), Gustavo Schroeter (bateria) e Mu (teclados) - para uma minitemporada de três shows que fica em cartaz no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), até sábado, 16 de julho de 2011. O tom foi de saudade, com capas de LPs do grupo sendo expostas pela plateia formada em sua maioria por fãs de primeira hora. Embora Armandinho tenha anunciado no palco que a Cor do Som arquiteta a gravação de disco de músicas inéditas, com direito a um tema de Carlinhos Brown, o roteiro do show A Cor do Som é essencialmente retrospectivo. E, como ficou nítido a cada número, sobretudo nos temas instrumentais, o som da Cor não desbotou com o tempo. Já o mesmo não pode ser dito das vozes de Dadi e, sobretudo, Armandinho. À medida que ia avançando a letra de Zero (Armandinho e Fausto Nilo), para citar somente um exemplo quase constrangedor, ficou evidente que o mestre da guitarra baiana não nasceu com o dom de cantar. Mas o fato é que isso pouco importa em show da Cor do Som. Não por acaso uma das músicas do repertório do quinteto se chama Alto Astral (Mú, Dadi e Evandro Mesquita). Sim, o astral deste grupo ainda jovial continua altíssimo nessa minitemporada carioca. Algo evidente desde o número instrumental da abertura que citou Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso). Na sequência, Abri a Porta (Gilberto Gil e Dominguinhos) navegou na mesma praia do reggae que abarcou Swingue Menina (Mu e Moraes Moreira) em solo de Mu, autor do belo tema instrumental Frutificar, pretexto para a volta do saxofonista Nivaldo Ornelas - convidado do primeiro dos três dias da temporada - entrar novamente em cena e improvisar em clima progressivo juntamente com os músicos da Cor. E que músicos! O suingue da percussão de Ary Dias é inebriante - assim como a pulsação da bateria do ex-Bolha Gustavo Schroeter. Mas, justiça seja feita, se Dadi aparece mais como (fraco) cantor ao solar sucessos como Menino Deus (Caetano Veloso), Armandinho domina a cena ao se revezar com raro virtuosimo entre a guitarra e a guitarra baiana, o "bandolim do futuro", como ele definiu seu instrumento antes de tocar Noites Cariocas, choro de Jacob do Bandolim (1918 - 1969), veículo para a exposição das habilidades dos cinco músicos. No bis, dado após Beleza Pura (Caetano Veloso) e Dentro da Minha Cabeça (Gerônimo), Zanzibar (Fausto Nilo e Armandinho) acentuou ainda mais o clima de festa e alto astral que regeu a volta da Cor do Som aos palcos cariocas. Que venha o disco!!!

3 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Na segunda metade da década de 70, A Cor do Som era uma das poucas traduções de pop disponíveis na música brasileira. Semente que brotou do grupo Novos Baianos em 1977, a Cor logo se impôs no mercado tupiniquim com sua mistura vivaz de sons progressivos e ritmos nativos. Decorridos 34 anos, com idas e vindas no currículo já irregular, o grupo se reuniu com sua formação original - Armandinho (guitarras), Ary Dias (percussão), Dadi (baixo), Gustavo Schroeter (bateria) e Mu (teclados) - para uma minitemporada de três shows que fica em cartaz no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), até sábado, 16 de junho de 2011. O tom foi de saudade, com capas de LPs do grupo sendo expostas pela plateia formada em sua maioria por fãs de primeira hora. Embora Armandinho tenha anunciado no palco que a Cor do Som arquiteta a gravação de disco de músicas inéditas, com direito a um tema de Carlinhos Brown, o roteiro do show A Cor do Som é essencialmente retrospectivo. E, como ficou nítido a cada número, sobretudo nos temas instrumentais, o som da Cor não desbotou com o tempo. Já o mesmo não pode ser dito das vozes de Dadi e, sobretudo, Armandinho. À medida que ia avançando a letra de Zero (Armandinho e Fausto Nilo), para citar somente um exemplo quase constrangedor, ficou evidente que o mestre da guitarra baiana não nasceu com o dom de cantar. Mas o fato é isso pouco importa em um show da Cor do Som. Não por acaso uma das músicas do repertório do quinteto se chama Alto Astral (Mú, Dadi e Evandro Mesquita). Sim, o astral deste grupo ainda jovial continua altíssimo nessa minitemporada carioca. Algo evidente desde o número instrumental da abertura que citou Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso). Na sequência, Abri a Porta (Gilberto Gil e Dominguinhos) navegou na mesma praia do reggae que abarcou Swingue Menina (Mu e Moraes Moreira) em solo de Mu, autor do belo tema instrumental Frutificar, pretexto para a volta do saxofonista Nivaldo Ornelas - convidado do primeiro dos três dias da temporada - entrar novamente em cena e improvisar em clima progressivo juntamente com os músicos da Cor. E que músicos! O suingue da percussão de Ary Dias é inebriante - assim como a pulsação da bateria do ex-Bolha Gustavo Schroeter. Mas, justiça seja feita, se Dadi aparece mais como (fraco) cantor ao solar sucessos como Menino Deus (Caetano Veloso), Armandinho domina a cena ao se revezar com raro virtuosimo entre a guitarra e a guitarra baiana, o "bandolim do futuro", como ele definiu seu instrumento antes de tocar Noites Cariocas, choro de Jacob do Bandolim (1918 - 1969), veículo para a exposição das habilidades dos cinco músicos. No bis, dado após Beleza Pura (Caetano Veloso) e Dentro da Minha Cabeça (Gerônimo), Zanzibar (Fausto Nilo e Armandinho) acentuou ainda mais o clima de festa e alto astral que regeu a volta da Cor do Som aos palcos cariocas. Que venha o disco!!!

Alexandre Siqueira disse...

Mauro,

Me permita uma correção: o mês saiu grafado como junho, quando na verdade você quis dizer julho, confere?
Quanto a nota, excelente notícia a volta do A Cor Do Som, importante grupo do pop nacional!

Abraços.

Mauro Ferreira disse...

Oi, Alexandre, obrigado. Todas as correções são permitidas. Na pressa de postar a resenha a tempo de sair para o show do Paulinho da Viola, acabei confundindo os meses.
Abs, obrigado, MauroF