Resenha de CD
Título: The Baggios
Artista: The Baggios
Gravadora: Vigilante / Deck
Cotação: * * * 1/2
Duo formado em 2004 em São Cristóvão, cidade do interior de Sergipe, The Baggios chega ao primeiro álbum -
The Baggios, lançado pelo selo Vigilante, da gravadora Deck, neste mês de agosto de 2011 - após edições de EPs, participações em festivais e gravações em coletâneas de repercussão restrita à cena
indie nacional. Já disponível para
download no
site oficial da banda, o álbum alinha 14 músicas da lavra do guitarrista e vocalista Júlio Andrade, que forma a dupla com o baterista Gabriel Carvalho. O som da banda é apresentado como uma mistura de rock, blues e soul. Mas o que se ouve é um disco de rock, timbrado nas guitarras afiadas de Júlio, com algo de blues e nada de soul. Um rock de sabor retrô.
Aqui Vou Eu reverbera a pegada do rock'n'roll dos anos 50. A ótima
Pare e Repare se diferencia por abordar as festas juninas do Nordeste no compasso do rock (tais imagens do cotidiano interiorano se repetem mais tarde na menos inspirada
Meu Eu). Em
Pare e Repare, aliás, o canto de Júlio remete à voz de Alceu Valença, compositor pernambucano que sempre focou os sons do Nordeste com atitude de um
popstar do rock. Mas talvez a referência mais explícita do som do The Baggios seja mesmo Raul Seixas (1945 - 1989). Há algo da poética corrosiva do
Maluco Beleza no obsessivo e quase paranoico rock
Em Outras.
"As coisas não estão dando certo para mim / Mas não vou desistir, eu não vou desistir", avisa Júlio logo nos versos iniciais do rock
O Azar me Consome, urdido na mesma
vibe paranoica. Todo pontuado por
riffs vigorosos de guitarra, o álbum gira quase conceitual.
"Num tempo tão curto, / O azar me consome, pessoa", repete, em tom reiterativo, o cantor em
Oh Cigana, tema que expõe o fim de um relacionamento com resignação que, ao fim, se revela aparente. A intervenção do trompete de André Lima na faixa é marcante, tanto quanto a do órgão de Léo Airplane em
Não Estou Aqui. Trompete e sax (soprado por Mário Augusto) amenizam com suingue o tom cru do disco em
Quanto Mais Eu Rezo. O duo de metais retorna em
Candango's Bar, faixa de tom festeiro. A pegada do blues aparece mais evidente em
Seu Cristóvão, cuja letra alude a imagens da cidade natal do duo sergipano. Na sequência, ainda em clima
blueseiro, a influência do imortal rock'n'roll nordestino de
Raulzito volta ainda mais explícita em
Morro da Saudade, faixa que conta a voz de Hélio Flanders e a gaita de Mateus Santana. Na
stoniana Get Out Now! (faixa cantada em inglês, assim como
Josie Magnólia e
You Never Walk Alone), o álbum reitera a energia jovial do som do duo The Baggios, situado em algum lugar do passado do rock dos anos 50, 60 e 70.
Duo formado em 2004 em São Cristóvão, cidade do interior de Sergipe, The Baggios chega ao primeiro álbum - The Baggios, lançado pelo selo Vigilante, da gravadora Deck, neste mês de agosto de 2011 - após edições de EPs, participações em festivais e gravações em coletâneas de repercussão restrita à cena indie nacional. Já disponível para download no site oficial da banda, o álbum alinha 14 músicas da lavra do guitarrista e vocalista Júlio Andrade, que forma a dupla com o baterista Gabriel Carvalho. O som da banda é apresentado como uma mistura de rock, blues e soul. Mas o que se ouve é um disco de rock, timbrado nas guitarras afiadas de Júlio, com algo de blues e nada de soul. Um rock de sabor retrô. Aqui Vou Eu reverbera a pegada do rock'n'roll dos anos 50. A ótima Pare e Repare se diferencia por abordar as festas juninas do Nordeste no compasso do rock (tais imagens do cotidiano interiorano se repetem mais tarde na menos inspirada Meu Eu). Em Pare e Repare, aliás, o canto de Júlio remete à voz de Alceu Valença, compositor pernambucano que sempre focou os sons do Nordeste com atitude de um popstar do rock. Mas talvez a referência mais explícita do som do The Baggios seja mesmo Raul Seixas (1945 - 1989). Há algo da poética corrosiva do Maluco Beleza no obsessivo e quase paranoico rock Em Outras. "As coisas não estão dando certo para mim / Mas não vou desistir / Eu não vou desistir", avisa Júlio nos versos iniciais do rock O Azar me Consome, urdido na mesma vibe paranoica. Todo pontuado por riffs vigorosos de guitarra, o álbum gira quase conceitual. "Num tempo tão curto, / O azar me consome, pessoa", repete, em tom reiterativo, o cantor em Oh Cigana, tema que expõe o fim de um relacionamento com resignação que, ao fim, se revela aparente. A intervenção do trompete de André Lima na faixa é marcante, tanto quanto a do órgão de Léo Airplane em Não Estou Aqui. Trompete e sax (soprado por Mário Augusto) amenizam com suingue o tom cru do disco em Quanto Mais Eu Rezo. O duo de metais retorna em Candango's Bar, faixa de tom festeiro. A pegada do blues aparece mais evidente em Seu Cristóvão, cuja letra alude a imagens da cidade natal do duo sergipano. Na sequência, ainda em clima blueseiro, a influência do rock'n'roll nordestino de Raulzito volta ainda mais explícita em Morro da Saudade, faixa que conta a voz de Hélio Flanders e a gaita de Mateus Santana. Na stoniana Get Out Now! (faixa cantada em inglês, assim como Josie Magnólia e You Never Walk Alone), o álbum reitera a energia jovial do som do duo The Baggios, situado em algum lugar do passado do rock dos anos 50, 60 e 70.
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