Mauro Ferreira no G1

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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Karen Souza mostra classe e (certa) linearidade em seu show pop 'jazzy'

Resenha de show
Título: Karen Souza
Artista: Karen Souza (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Bradesco (São Paulo, SP)
Data: 29 de agosto de 2011
Cotação: * * *

Na maior parte da apresentação que fez em São Paulo (SP) na noite de segunda-feira, 29 de agosto de 2011, a cantora  Karen Souza cantou com os olhos dirigidos ao pianista do Coltrane Quartet, Hernan Fernandez Miguez, e não ao público que encheu a maior parte das cadeiras do Teatro Bradesco. Tal atitude mostra a interação da artista com o trio de músicos que a acompanham em cena. Voz do Coltrane Quartet, Karen Souza nasceu na Argentina, mas o inglês é o idioma que usa para se dirigir à plateia, reforçando a impressão de que se está diante de uma cantora norte-americana de pop jazz. No caso, de jazz bem pop. Ou de pop de clima jazzy. Adequada  à atmosfera cool que ambienta o show da artista, a voz de Karen exala sensualidade detectável logo no primeiro número cantado, Lie to me, uma das inéditas autorais que a compositora promove enquanto divulga seu CD Essentials, recém-lançado no Brasil pela Music Brokers. Por ora, entretanto, a voz de Karen Souza está mais identificada com standards do universo pop, repaginados por ela em clima jazzy. Foi nesse estilo que a cantora começou a ganhar alguma projeção ao gravar faixas para a série de compilações Jazz and the '70s, Jazz and the '80s e Jazz and the '90s. Foi nesse estilo que a cantora desenvolveu sua apresentação no belo teatro de São Paulo (SP). No show, Karen Souza mostra classe, musicalidade e uma certa linearidade em suas interpretações. Ao pôr sua musicalidade em absoluto primeiro plano, a intérprete dilui - por exemplo - toda a angústia contida nos versos de Creep, o clássico do Radiohead (abordado com mais sensibilidade por Marina Lima em apresentações do show Clímax). Talvez por isso temas naturalmente mais suaves, como Corcovado (Antonio Carlos Jobim), caiam melhor na voz quase lânguida da cantora. Quanto mais se distancia do jazz (como em Every Breath You Take, sucesso do grupo inglês The Police),  mais banalizado soa o canto de Karen Souza. Sorte é que o repertório inédito da compositora é de bom nível. What If the Only Night? - sensual número em que as luzes piscam, sugerindo o ambiente de um cabaré -  é destaque nessa seara autoral. Já Why Don’t You do Right?- standard de 1936 propagado por vozes como a de Peggy Lee (1920 - 2002) - ressalta a pulsação do baixo de Jorge Lagos. Na sequência, todo o Coltrane Quartet cresce em cena ao transitar com segurança pelo ritmo suingante de Steppin' Out with my Baby, um dos clássicos do repertório do compositor Irving Berlin (1888 - 1989). No bis, uma surpresa: entram em cena dois violonistas, Ivan Mendes e Germando Leite, para acompanhar a cantora em Bette Davis Eyes, sucesso de Kim Carnes em 1981. Distante da atmosfera cool do show, o número até flui bem. Contudo, vale repetir: Karen Souza seduz (muito) mais quando se afasta do pop.

Notas Musicais viajou a São Paulo (SP) para ver o show de Karen Souza a convite da Music Brokers

2 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Na maior parte da apresentação que fez em São Paulo (SP) na noite de segunda-feira, 29 de agosto de 2011, a cantora Karen Souza cantou com os olhos dirigidos ao pianista do Coltrane Quartet, Hernan Fernandez Miguez, e não ao público que encheu a maior parte das cadeiras do Teatro Bradesco. Tal atitude mostra a interação da artista com o trio de músicos que a acompanham em cena. Voz do Coltrane Quartet, Karen Souza nasceu na Argentina, mas o inglês é o idioma que usa para se dirigir à plateia, reforçando a impressão de que se está diante de uma cantora norte-americana de pop jazz. No caso, de jazz bem pop. Ou de pop de clima jazzy. Adequada à atmosfera cool que ambienta o show da artista, a voz de Karen exala sensualidade detectável logo no primeiro número cantado, Lie to me, uma das inéditas autorais que a compositora promove enquanto divulga seu CD Essentials, recém-lançado no Brasil pela Music Brokers. Por ora, entretanto, a voz de Karen Souza está mais identificada com standards do universo pop, repaginados por ela em clima jazzy. Foi nesse estilo que a cantora começou a ganhar alguma projeção ao gravar faixas para a série de compilações Jazz and the '70s, Jazz and the '80s e Jazz and the '90s. Foi nesse estilo que a cantora desenvolveu sua apresentação no belo teatro de São Paulo (SP). No show, Karen Souza mostra classe, musicalidade e uma certa linearidade em suas interpretações. Ao pôr sua musicalidade em absoluto primeiro plano, a intérprete dilui - por exemplo - toda a angústia contida nos versos de Creep, o clássico do Radiohead (abordado com mais sensibilidade por Marina Lima em apresentações do show Clímax). Talvez por isso temas naturalmente mais suaves, como Corcovado (Antonio Carlos Jobim), caiam melhor na voz quase lânguida da cantora. Quanto mais se distancia do jazz (como em Every Breath You Take, sucesso do grupo inglês The Police), mais banalizado soa o canto de Karen Souza. Sorte é que o repertório inédito da compositora é de bom nível. What If the Only Night? - sensual número em que as luzes piscam, sugerindo o ambiente de um cabaré - é destaque nessa seara autoral. Já Why Don’t You do Right?- standard de 1936 propagado por vozes como a de Peggy Lee (1920 - 2002) - ressalta a pulsação do baixo de Jorge Lagos. Na sequência, todo o Coltrane Quartet cresce em cena ao transitar com segurança pelo ritmo suingante de Steppin' Out with my Baby, um dos clássicos do repertório do compositor Irving Berlin (1888 - 1989). No bis, uma surpresa: entram em cena dois violonistas, Ivan Mendes e Germando Leite, para acompanhar a cantora em Bette Davis Eyes, sucesso de Kim Carnes em 1981. Distante da atmosfera cool do show, o número até flui bem. Contudo, vale repetir: Karen Souza seduz (muito) mais quando se afasta do pop.

Notas Musicais viajou a São Paulo (SP) para ver o show de Karen Souza a convite da Music Brokers

Luca disse...

gostei da imparcialidade, foi bancado para São Paulo, mas fez uma crítica sem babação...