domingo, 28 de agosto de 2011

Show sensual de Ricky cativa mais pelo jogo de cena do que pela música

Resenha de show
Título: Música+Alma+Sexo World Tour
Artista: Ricky Martin (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de agosto de 2007
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre (RS), em 30 de agosto de 2011

É preso a correntes que Ricky Martin aparece, em vídeo, para seu público na abertura do show da Música+Alma+Sexo World Tour ao som de baticum gringo que tenta clonar a batida do samba. Ao se libertar das tais correntes, o cantor aparece em cena no alto da estrutura metálica que compõe o cenário do espetáculo. Símbolo da coragem do artista de se assumir homossexual, a libertação das correntes é a senha para o entendimento do show, marcado pela postura mais honesta do cantor perante a vida e o público. Já sem amarras, o astro porto-riquenho começa a dar propriamente seu show em explosão de sensualidade que seduz o público mais pelo jogo de cena do que pela música em si. Longe da originalidade, o som de Ricky alterna baladas melosas com músicas turbinadas com padronizada latinidade. Contudo, o show se revela vibrante. Em cena, Música+Alma+Sexo World Tour expõe um verdadeiro popstar, que canta, dança (muito, em interação sensual com os oito bailarinos do show), representa (dizendo textos ensaiados que criam aura de simpatia que, por mais que seja sincera, é alimentada de acordo com os cânones mercadológicos) e sai vitorioso no jogo de sedução armado no palco. Os figurinos exploram a sensualidade do artista e evocam o universo gay, mote do show. A cada intervalo para troca de figurino, aliás, integrantes da trupe e o próprio Ricky Martin dão seus testemunhos em favor da aceitação da homossexualidade. "Vou deixar minha alma aqui neste palco esta noite", avisa o cantor em fala artificial ao cantar a tristonha balada Vuelve, acompahada em coro pelo público. Que se deixa seduzir - ou finge se deixar seduzir... - pelo discurso amistoso do astro. Sedução facilitada pela pegada irresistível de hits mundiais como Livin' la Vida Loca e She Bangs, alocados lado a lado no segundo dos quatro blocos do show. Na sequência, queimando quase todos seus cartuchos musicais, o cantor revive María, tema propagado no Brasil em 1996 pela novela Salsa e Merengue. Neste número, o popstar se aventura a tocar percussão. A atmosfera caliente destes números dançantes é o prenúncio do bloco erotizado que culmina com número em que o cantor simula orgia sexual com os bailarinos ao som de I'Am / I Don't Care. São cartadas extra-musicais que fazem com o que o artista saia sempre vitorioso no jogo de cena. Mas, justiça seja feita, o show preserva seu pique naturalmente, sem recorrer explicitamente à sensualidade, quando vem o bloco mais latino com salsa, merengue e ritmos afins, aquecidos com trio de metais em brasa. É quando o popstar encarna o guia turístico e convida o público a conhecer as belezas naturais e sonoras de Porto Rico. No fim, La Copa de la Vida anima a torcida entusiasta e cúmplice que faz com que Ricky Martin pareça estar jogando em casa. "Tira os pés do chão", pede o popstar várias vezes em seu desenvolto português. Acaba o show. Mas, claro, tem o bis, que termina com outro baticum gringo de samba. Festa mais para os olhos do que para os ouvidos, o show da Música+Alma+Sexo World Tour reitera o carisma de Ricky Martin com altas doses de sensualidade. Entretanto, a mise-en-scène cativa mais do que a música em si.

3 comentários:

  1. É preso a correntes que Ricky Martin aparece, em vídeo, para seu público na abertura do show da Música+Alma+Sexo World Tour ao som de baticum gringo que tenta clonar a batida do samba. Ao se libertar das tais correntes, o cantor aparece em cena no alto da estrutura metálica que compõe o cenário do espetáculo. Símbolo da coragem do artista de se assumir homossexual, a libertação das correntes é a senha para o entendimento do show, marcado pela postura mais honesta do cantor perante a vida e o público. Já sem amarras, o astro porto-riquenho começa a dar propriamente seu show em explosão de sensualidade que seduz o público mais pelo jogo de cena do que pela música em si. Longe da originalidade, o som de Ricky alterna baladas melosas com músicas turbinadas com padronizada latinidade. Contudo, o show se revela vibrante. Em cena, Música+Alma+Sexo World Tour expõe um verdadeiro popstar, que canta, dança (muito, em interação sensual com os oito bailarinos do show), representa (dizendo textos ensaiados que criam aura de simpatia que, por mais que seja sincera, é alimentada de acordo com os cânones mercadológicos) e sai vitorioso no jogo de sedução armado no palco. Os figurinos exploram a sensualidade do artista e evocam o universo gay, mote do show. A cada intervalo para troca de figurino, aliás, integrantes da trupe e o próprio Ricky Martin dão seus testemunhos em favor da aceitação da homossexualidade. "Vou deixar minha alma aqui neste palco esta noite", avisa o cantor em fala artificial ao cantar a tristonha balada Vuelve, acompahada em coro pelo público. Que se deixa seduzir - ou finge se deixar seduzir... - pelo discurso amistoso do astro. Sedução facilitada pela pegada irresistível de hits mundiais como Livin' la Vida Loca e She Bangs, alocados lado a lado no segundo dos quatro blocos do show. Na sequência, queimando quase todos seus cartuchos musicais, o cantor revive María, tema propagado no Brasil em 1996 pela novela Salsa e Merengue. Neste número, o popstar se aventura a tocar percussão. A atmosfera caliente destes números dançantes é o prenúncio do bloco erotizado que culmina com número em que o cantor simula orgia sexual com os bailarinos ao som de I'Am / I Don't Care. São cartadas extra-musicais que fazem com o que o artista saia sempre vitorioso no jogo de cena. Mas, justiça seja feita, o show preserva seu pique naturalmente, sem recorrer explicitamente à sensualidade, quando vem o bloco mais latino com salsa, merengue e ritmos afins, aquecidos com trio de metais em brasa. É quando o popstar encarna o guia turístico e convida o público a conhecer as belezas naturais e sonoras de Porto Rico. No fim, La Copa de la Vida anima a torcida entusiasta e cúmplice que faz com que Ricky Martin pareça estar jogando em casa. "Tira os pés do chão", pede o popstar várias vezes em seu desenvolto português. Acaba o show. Mas, claro, tem o bis, que termina com outro baticum gringo de samba. Festa mais para os olhos do que para os ouvidos, o show da Música+Alma+Sexo World Tour reitera o carisma de Ricky Martin com altas doses de sensualidade. Entretanto, a mise-en-scène cativa mais do que a música em si.

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  2. Moral da história: a música é ruim mas o cara é ótimo, né?

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  3. Não faz mal, espetáculo é espetáculo!! Se a música não é o ponto alto do show e se o "mise-en-scène" cativa e valoriza o espetáculo, o objetivo está cumprido!!

    E eu vou estar lá hoje para conferir de perto este show que tenho certeza que será muito bom!!

    Ah, quero conferir o "baticum gringo do samba"!! rsrs Essa foi boa!! rsrs

    Abraços

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