Mauro Ferreira no G1

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sábado, 13 de agosto de 2011

Thais Macedo tenta entrar na roda sem originalidade no canto e no repertório

Resenha de CD
Título: O Dengo que a Nega Tem
Artista: Thais Macedo
Gravadora: Edição independente da artista
Cotação: * * 1/2

Nascida em Macaé (RJ), mas atualmente radicada em Rio das Ostras (RJ), cidade onde já se exercitou como cantora da noite, a fluminense Thais Macedo debuta em disco com O Dengo que a Nega Tem. Escalado para produzir o CD, Carlinhos Sete Cordas deu forma adequada aos 12 sambas do disco, aberto com regravação do buliçoso tema de Dorival Caymmi (1914 - 2008) que dá titulo ao álbum. O Dengo que a Nega Tem, o samba de 1941, é evocação afetiva das vivências do compositor baiano em Rio das Ostras, cidade onde Caymmi teve casa de praia a partir dos anos 70. A presença do compositor também parece ter norteado a escolha dos (medianos) sambas inéditos Morena do Mar (Norma Aequarone) e Rio-Bahia (Sérgio Cruz e Celso Lima), que emergem cheios de clichês em águas já navegadas com mais inspiração. A propósito, a ausência de um traço de originalidade no canto e no repertório de Thais Macedo amortiza o impacto que todo disco de cantora estreante deveria ter. O Dengo que a Nega Tem é um disco agradável como a voz afinada de Thais. Mas não se diferencia e tampouco marca a identidade da intérprete neste populoso país de cantoras. Do repertório, os destaques acabam sendo sambas dos bambas já conhecidos nas rodas cariocas. Autor do entusiasmado texto de apresentação do disco, Nei Lopes é autor dos dois melhores sambas do repertório, descontados os clássicos de Caymmi e Noel Rosa (1910 - 1937), de quem Thais rebobina sem personalidade Filosofia (Noel Rosa e André Filho), samba de 1933 que já vem sendo lembrado desde que Mart'nália o regravou com maestria no álbum Pé do meu Samba (2002). Com o saudoso Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), Nei assina o belo samba O Amor Fala em Você, destaque da safra de oito inéditas. Com Zé Luiz, a parceria é em Minha Arte de Amar, a grande sacação de naipe de regravações que inclui o esquecido Mandamento (Gisa Nogueira). De tom lírico, mas com a pegada calorosa de um pagode de nobre estirpe, Minha Arte de Amar foi gravado pelo Fundo de Quintal no segundo álbum do conjunto carioca, Grupo Fundo de Quintal (1981). Também egresso desse frutífero quintal, Sereno fornece com Moacyr Luz o dolente Coração Vazio, outro trunfo da safra inédita. Mas, no fim, a levada baiana de Candeeiro da Saudade (Dunga e Roque Ferreira), embora seja cativante, reitera a sensação de que Thais entra na roda do samba sem se diferenciar de outras cantoras que já frequentam essa mesma roda. Talvez em um segundo disco Thais Macedo venha a fazer diferença no populoso mundo do samba...

4 comentários:

Mauro Ferreira disse...

Nascida em Macaé (RJ), mas atualmente radicada em Rio das Ostras (RJ), cidade onde já se exercitou como cantora da noite, a fluminense Thaís Macedo debuta em disco com O Dengo que a Nega Tem. Escalado para produzir o CD, Carlinhos Sete Cordas deu forma adequada aos 12 sambas do disco, aberto com regravação do buliçoso tema de Dorival Caymmi (1914 - 2008) que dá titulo ao álbum. O Dengo que a Nega Tem, o samba de 1941, é evocação afetiva das vivências do compositor baiano em Rio das Ostras, cidade onde Caymmi teve casa de praia a partir dos anos 70. A presença do compositor também parece ter norteado a escolha dos (medianos) sambas inéditos Morena do Mar (Norma Aequarone) e Rio-Bahia (Sérgio Cruz e Celso Lima), que emergem cheios de clichês em águas já navegadas com mais inspiração. A propósito, a ausência de um traço de originalidade no canto e no repertório de Thaís Macedo amortiza o impacto que todo disco de cantora estreante deveria ter. O Dengo que a Nega Tem é um disco agradável como a voz afinada de Thaís. Mas não se diferencia e tampouco marca a identidade da intérprete neste populoso país de cantoras. Do repertório, os destaques acabam sendo sambas dos bambas já conhecidos nas rodas cariocas. Autor do entusiasmado texto de apresentação do disco, Nei Lopes é autor dos dois melhores sambas do repertório, descontados os clássicos de Caymmi e Noel Rosa (1910 - 1937), de quem Thaís rebobina sem personalidade Filosofia (Noel Rosa e André Filho), samba de 1933 que já vem sendo lembrado desde que Mart'nália o regravou com maestria no álbum Pé do meu Samba (2002). Com o saudoso Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008), Nei assina o belo samba O Amor Fala em Você, destaque da safra de oito inéditas. Com Zé Luiz, a parceria é em Minha Arte de Amar, a grande sacação de naipe de regravações que inclui o esquecido Mandamento (Gisa Nogueira). De tom lírico, mas com a pegada calorosa de um pagode de nobre estirpe, Minha Arte de Amar foi gravado pelo Fundo de Quintal no segundo álbum do conjunto carioca, Grupo Fundo de Quintal (1981). Também egresso desse frutífero quintal, Sereno fornece com Moacyr Luz o dolente Coração Vazio, outro trunfo da safra inédita. Mas, no fim, a levada baiana de Candeeiro da Saudade (Dunga e Roque Ferreira), embora seja cativante, reitera a sensação de que Thaís entra na roda do samba sem se diferenciar de outras cantoras que já frequentam a mesma roda. Talvez em um segundo disco Thaís Macedo venha a fazer diferença.

Pedro Progresso disse...

ela estuda comigo na UFF de Rio das Ostras, rs. vou caçar o disco.

falsobrilhante disse...

- Disco agradável

- Voz afinada

- Bom repertório

- Boa parte faixas inéditas

- Regravações não tão óbvias

- Presença de Roque Ferreira, Nei Lopes, Dorival Caiymmi, Noel Rosa e outros de tão valioso nipe

Taí, quero ouvir esse disco.

Anônimo disse...

Vendo a foto, e sem ouvir o disco, acho que o Mauro foi muito rigoroso com a moça. :>)