quarta-feira, 7 de setembro de 2011

18º Prêmio Multishow esfria ao unir em 'auditório' o lixo e o luxo da MPB

Resenha de premiação de música
Título: 18º Prêmio Multishow
Local: HSBC Arena (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 6 de setembro de 2011
Cotação: *
Foto: Paula Fernandes em foto de Murilo Tinoco (Divulgação / Multishow)

Na tentativa de reverter sua progressiva queda de status, o Prêmio Multishow decidiu dar poder de voto a um júri especializado em sua 18ª edição, mas sem restringir a atuação da audiência, normalmente concentrada em fãs-clubes de adolescentes que idolatram cantores e grupos que dialogam com o público teen e são presenças assíduas no canal de TV que produz o prêmio. Pois a ideia - em tese, salutar - pareceu ter efeito contrário. Na tentativa vã de conciliar dois mundos musicais que não se cruzam e tampouco se reconhecem, o Prêmio Multishow esfriou. Nem a boa sacada de reviver o clima apaixonado dos programas de auditório tornou menos constrangedora a cerimônia de entrega do 18º Prêmio Multishow, realizada na noite de 6 de setembro na HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ). Pode ser que a transmissão ao vivo pelo canal de TV Multishow tenha maquiado a cerimônia e disfarçado os momentos de constrangimento. Ao vivo, no entanto, a cerimônia transcorreu apática com ausências de premiados, números musicais insossos - com exceção da reunião de Cidadão Instigado, Odair José e  Pitty no medley com Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, Pare de Tomar a Pílula e Me Adora - e uma frieza incômoda. O maior erro foi alocar os fãs nas afastadas arquibancadas da arena para reservar os melhores lugares do estilizado auditório para profissionais do meio fonográfico, artistas, jornalistas, amigos de artistas e convidados em geral. Essa plateia gélida parecia petrificada - talvez constrangida com o que presenciava ao vivo - e sequer se deu ao trabalho de aplaudir burocraticamente artistas como a cantora e compositora Monique Kessous, contemplada com o prêmio de Revelação pelo voto popular. Em contrapartida, o baterista João Barone - eleito o melhor instrumentista pela mesma votação popular - chegou a ser vaiado por fãs do NX Zero que faziam barulho nas arquibancadas a cada menção ao grupo. Pela audiência, os grandes vencedores do 18º Prêmio Multishow foram Paula Fernandes (Melhor Cantora e Melhor Artista Sertanejo), Restart (Melhor Álbum por By Day e Melhor Clipe pelo vídeo de Pra Você Lembrar) e o supra-citado NX Zero (Melhor Música por Onde Você Estiver e prêmio de Melhor Cantor para seu vocalista Di Ferrero). Já os prêmios dados pelo júri especializado constrangeram mais pelas ausências. Eleito o Melhor Cantor, Marcelo Camelo foi representado pelo produtor Paul Ralphes. Sensação de 2011, o rapper Criolo não deu as caras para receber o prêmio Experimente, dividido com o cantor MoMo (um ilustre desconhecido para o público do canal) e com o grupo Nevilton. Empatados na votação de Melhor Grupo, Copacabana Club e Holger também não foram receber seus prêmios por estarem fazendo shows na noite, uma véspera de feriado, data erroneamente escolhida para a cerimônia por impossibilitar a presença de artistas como Luan Santana (contemplado pelo voto popular com o prêmio de Melhor Show). Eleita a Melhor Cantora, Tulipa Ruiz não estava na plateia na hora de subir ao palco receber o prêmio. Atrasada, acabou recebendo o troféu dois blocos depois das mãos do apresentador Bruno Mazzeo, que desceu até a plateia para entregar o prêmio de Tulipa. Já Marcelo Jeneci - agraciado com o prêmio de Melhor Música por Felicidade, parceria com Chico César - estava lá, mas parecia um estranho naquele ninho que prioriza a vertente mais populista da música brasileira. Enfim, tudo pareceu fora da ordem no 18º Prêmio Multishow. Inclusive o anticlimático número final, Ogum, feito por Zeca Pagodinho com Jorge Ben Jor, que depois lançou mão da sempre infalível Taj Mahal. A direção do Prêmio Multishow precisa decidir se quer contemplar o lixo ou o luxo da música brasileira. Ficar em cima do muro não basta para elevar o (baixo) status do prêmio.

21 comentários:

  1. Na tentativa de reverter sua progressiva queda de status, o Prêmio Multishow decidiu dar poder de voto a um júri especializado em sua 18ª edição, mas sem restringir a atuação da audiência, normalmente concentrada em fãs-clubes de adolescentes que idolatram cantores e grupos que dialogam com o público teen e são presenças assíduas no canal de TV que produz o prêmio. Pois a ideia - em tese, salutar - pareceu ter efeito contrário. Na tentativa vã de conciliar dois mundos musicais que não se cruzam e tampouco se reconhecem, o Prêmio Multishow esfriou. Nem a boa sacada de reviver o clima apaixonado dos programas de auditório tornou menos constrangedora a cerimônia de entrega do 18º Prêmio Multishow, realizada na noite de 6 de setembro na HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ). Pode ser que a transmissão ao vivo pelo canal de TV Multishow tenha maquiado a cerimônia e disfarçado os momentos de constrangimento. Ao vivo, no entanto, a cerimônia transcorreu apática com muitas ausências de premiados, números musicais insossos - com exceção para o encontro de Odair José com Pitty no medley que agregou Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, Pare de Tomar a Pílula e Me Adora - e uma frieza incômoda. O maior erro foi alocar os fãs nas afastadas arquibancadas da arena para reservar os melhores lugares do estilizado auditório para profissionais do meio fonográfico, artistas, jornalistas, amigos de artistas e convidados em geral. Essa plateia gélida parecia petrificada - talvez constrangida com o que presenciava ao vivo - e sequer se deu ao trabalho de aplaudir burocraticamente artistas como a cantora e compositora Monique Kessous, contemplada com o prêmio de Revelação pelo voto popular. Em contrapartida, o baterista João Barone - eleito o melhor instrumentista pela mesma votação popular - chegou a ser vaiado por fãs do NX Zero que faziam barulho nas arquibancadas a cada menção ao grupo. Pela audiência, os grandes vencedores do 18º Prêmio Multishow foram Paula Fernandes (Melhor Cantora e Melhor Artista Sertanejo), Restart (Melhor Álbum por By Day e Melhor Clipe pelo vídeo de Pra Você Lembrar) e o supra-citado NX Zero (Melhor Música por Onde Você Estiver e prêmio de Melhor Cantor para seu vocalista Di Ferrero). Já os prêmios dados pelo júri especializado constrangeram mais pelas ausências. Eleito o Melhor Cantor, Marcelo Camelo foi representado pelo produtor Paul Ralphes. Sensação de 2011, o rapper Criolo não deu as caras para receber o prêmio Experimente, dividido com o cantor MoMo (um ilustre desconhecido para o público do canal) e com o grupo Nevilton. Empatados na votação de Melhor Grupo, Copacabana Club e Holger também não foram receber seus prêmios por estarem fazendo shows na noite, uma véspera de feriado, data erroneamente escolhida para a cerimônia por impossibilitar a presença de artistas como Luan Santana (contemplado pelo voto popular com o prêmio de Melhor Show). Eleita a Melhor Cantora, Tulipa Ruiz não estava na plateia na hora de subir ao palco receber o prêmio. Atrasada, acabou recebendo o troféu dois blocos depois das mãos do apresentador Bruno Mazzeo, que desceu até a plateia para entregar o prêmio de Tulipa. Já Marcelo Jeneci - agraciado com o prêmio de Melhor Música por Felicidade, parceria com Chico César - estava lá, mas parecia um estranho naquele ninho que prioriza a vertente mais populista da música brasileira. Enfim, tudo pareceu fora da ordem no 18º Prêmio Multishow. Inclusive o anticlimático número final, Ogum, feito por Zeca Pagodinho com Jorge Ben Jor, que depois lançou mão da sempre infalível Taj Mahal. A direção do Prêmio Multishow precisa decidir se quer contemplar o lixo ou o luxo da música brasileira. Ficar em cima do muro não basta para elevar o (baixo) status do prêmio.

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  2. Realmente um "prêmio" desses não é para ser levado a sério, a não ser pelos próprios votantes, que utilizam-se de critérios pessoais para escolher os "agraciados". A música brasileira vem descendo a ladeira há tempos, principalmente depois que as mídias graváveis e o preço dos aparelhinhos tocadores de mp3 projetaram o mau-gosto para além de suas habituais assistências. Oxalá haja salvação para a música de qualidade!

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  3. Nem sei porque ainda teimo em assistir a esta premiação. #fail

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  4. Parabéns pela maravilhosa matéria sobre a 18ª edição do Prêmio Multishow. Assisti à premiação pela TV e percebi algumas passagens relatadas no seu texto, principalmente o erro da data, ausencia dos artistas e alguns premiados que não mereciam ganhar, além do "luxo ou lixo".

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  5. Brilhante o início de sua crítica, Mauro, ao destacar que eses artistas teen são presenças assíduas em toda a programação do Multishow. É, no mínimo, contraditória a iniciativa do Multishow de tentar dar mais"credibilidade" (?) ao prêmio através de um júri especializado. Ora bolas, há uns 5 anos a direção do canal (leia-se Wilson Cunha) decidiu dar uma guinada em seu público-alvo. De canal interessantíssimo, cheio de programas de alto nível, e de que eu era um grande fã, tornou-se um canal essencialmente teen e, bem, não dá nem pra comentar sobre no que se transformou. Por esse ponto de vista, acho totalmente lógicos os resultados que elegem sempre Luans, Restartes & Cia. É como no Nickelodeon e na Disney e seus prêmios infanto-juvenis. O público da boa música certamente não pertence mais ao Multishow.

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  6. Luxo???... Onde? Nas raríssimas vezes que eu vejo alguém talentoso incluído entre os indicados eu penso: "isso é um prêmio ou uma ameaça?"... Ninguém c/ um mínimo de talento merece um prêmio desses... Essa premiação consagra apenas o lixo, o que costuma ter de pior nessa falida indústria.
    Eu já adorava o Criolo, cara ultra talentoso e homem inteligentíssimo, agora que soube da ausência dele, então, o admiro mais ainda. Fez muito bem em não comparecer e não misturar-se a esses subprodutos de quinta que o Multishow tem a cara de pau de "premiar".

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  7. Um grande troféu abacaxi que nem o Chacrinha teria coragem de entregar.

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  8. Como diriam os antigos, o Prêmio Multishow é uma GALHOFA.

    Faltou citar o ultra-constrangedor número de abertura com o Jair Rodrigues (grande cantor, mas sem a voz de outrora) e a Ivete Sangalo com cara de "o que é que eu estou fazendo aqui?".

    Mudei logo pra outro canal. A série B do Brasileirão estava mais divertida.

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  9. O Gaudério mandou muito bem. rsrsrs
    Realmente, deve ser bem constrangedor para os mais talentosos.
    Seria cômico se não fosse, pensando na maioria, trágico.

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  10. Lixo total! Esse Prêmio não tem a menor credibilidade há anos! Nem os artistas se importam ou se preocupam em reservar uma terça-feira pra ir a "cerimônia". Por sorte temos o Prêmio da Música Brasileira, que, para mim, tem mais credibilidade que Grammy Latino. Amém!

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  11. Além de tudo que já foi citado, acho que o pior foi a qualidade péssima do audio das apresentaçoes. O microfone da Monique Kessous tava muito baixo e só se ouvia Rogerio Flausino berrar, assim como no grupo da ivete só dava pra ouvir a baiana cantando

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  12. Concordo ! Lixo ! Se é para divertir a galerinha que curte esse lixão, não tem que misturar com nada. Minha avó já dizia. Porcos não gostam de pérolas ! Nem precisa transmitir mais ... libera a entrada pra galera, pelo menos vão aplaudir os seus artistas.

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  13. Gozado: li por aí um monte de críticas elogiando o Prêmio - e não foi só no Globo.com, não.

    Vou me abster de comentários sobre a premiação, porque não a vi. Apenas acho que premiações que visam a popularidade estão, cada vez mais, caindo em descrédito. E não mais se recuperarão.

    Basta ver que o único prêmio relativamente considerado, ainda, é o "Prêmio da Música Brasileira" (e olhe lá).

    Para VMB e Multishow, só resta emular o que diz o bom amigo Zé Henrique, quando fala dos Titãs: "Perderam a dignidade. E dignidade é que nem hímen. Uma vez perdido..."

    Para contrabalançar, cito o que uma conhecida minha disse no Twitter, sobre a eleição de melhor instrumentista: "O João Barone ganhou do Koba. Há esperança."

    Felipe dos Santos Souza

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  14. Olha a crítica que saiu hoje na Folha:

    No Prêmio Multishow, ganha quem tiver o maior fã-clube

    MARCUS PRETO
    DE SÃO PAULO

    Por que tudo tem que ser tão, digamos, engraçadinho?
    Na entrega do Prêmio Multishow, que foi ao ar anteontem no respectivo canal, a música era o de menos.
    O que de fato estava no foco da premiação eram as piadinhas, todas muito chochas, da turma de apresentadores encabeçada pelo mestre de cerimônias Bruno Mazzeo.
    Tudo adornado por uma tentativa de reproduzir o visual do "Casino do Chacrinha" e "Show de Calouros".
    Talvez fossem truques para desviar a atenção do espectador, que não aguenta mais ver, em qualquer prêmio "votado pelo público", o sobe e desce de NXZeros e Restarts pescando troféus no palco.
    O "público", nesse caso, são fãs alucinados de duas ou três bandas que passam o dia inteiro na internet votando. Ganha quem tiver a maior tietagem, não a melhor música.
    E, graças a essa "falha do sistema", conseguem emplacar a semianônima cantora carioca Monique Kessous como revelação popular.
    Tudo bem que, agora, o prêmio tem seu lado B: um "júri especializado", que possibilitou que o cerco das tietes fosse quebrado por gente de fato relevante, como Marcelo Camelo, Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci e Criolo.
    Mas isso ainda é muito tímido. Não dá conta de aliviar a presença maçante dos artistas que botam seus fãs para trabalhar na boca de urna. Quem sai perdendo não é só a música. Perde o programa de TV. E quem o vê.
    E a premiação só não foi péssima pelo encontro musical entre Odair José, Pitty e a banda Cidadão Instigado. Ali, sim, havia quebra de paradigmas estéticos e artísticos.
    Mas, em meio a tanto lixo visual e sonoro, quem conseguiu prestar atenção neles?

    PRÊMIO MULTISHOW
    AVALIAÇÃO ruim

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  15. Graças a Deus eu não perco mais tempo assistindo as premiações daqui. O Prêmio de Música Popular Brasileira só me seduz por causa das homenagens (números musicais) quase sempre justas, pois até na premiação nota-se que o critério é o de favorecimento da patota do seu criador. O que difere do Multishow e pelo menos nos conforta é que lá os premiados têm MUITA qualidade.
    E me incluo no time dos saudosistas do canal que era bastante criterioso nos seus primórdios e nos oferecia boa música, hoje em dia só nos oferece porcarias.
    Abs,

    Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

    PS: Em se tratando de premiações prefiro o Grammy Latino, apesar da barreira da língua.

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  16. Concordo com Marcelo Barbosa, panelas e panelas, sendo que no prêmio da multishow o mau gosto é visível e risível.
    Concordo com Vítor tb, o som das apresentações foi vergonhoso! Não se conseguia ouvir os cantores, somente a Ivetão e o Flausino.
    Agora, ninguém vai falar do chato chato chato apresentador, o Bruno? apático como a premiação...
    e o que o Zeca tava fazendo ali? Cantou Ogum com o Ben e não rolou...
    uma perda de tempo assisti-lo
    nunca mais
    Abraço!

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  17. A única coisa luxuosa e boa desse Multishow é essa outra moça da foto aí (ao lado da Paula). Não deve ser da Música, mas bem que merece prêmio... Quem é, Mauro?! rsrs

    Multishow = credibilidade zero! Apático, ridículo e de mau gosto

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  18. Heheheheh
    Felipe, nem me lembrava dessa.
    Entre agradar a crítica e os patrocinadores/público alvo os caras ficam com o segundo sem pestanejar.
    Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Discordo.
    A credibilidade é que é.

    PS: Realmente, André, essa "chacrete" merece o prêmio de perna do ano!

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  19. Um grande troféu abacaxi que nem o Chacrinha teria coragem de entregar (2).

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